Diana me abraçava com força como se isso pudesse me fazer parar de sangrar até a morte.
Abri os olhos, e consegui enxergar Diana pelo que parecia ser a última vez. As lágrimas dela se misturaram com as gotas de chuva presentes em seu rosto.— Permissão negada, General. Está me ouvindo?! Você não pode ir, por favor... preciso que alguém diga que eu cante mal pela manhã, eu preciso... preciso de você. Lucas não... – ela havia voltado a chorar – não morra agora...
Diana sorriu ao me ver acordado, mas nós dois sabíamos que eu não resistiria.
Ela olhou para cima, para o céu através da chuva procurando um conforto.— Essa missão foi ideia de vocês. – Gritou. – E agora ele está morrendo porque um de vocês não aguentou receber um não! Façam alguma coisa, vocês não podem deixar ele morrer. Não por isso, vocês não tem esse direito. – Diana abaixou o tom novamente e olhou para mim. – Por favor...
Por um momento só se ouvia o barulho da chuva que começava a diminuir, mas então um trovão mais alto ribumbou perto do parque iluminando tudo a nossa volta e um feixe de luz azul surgiu no céu. Gabriel se materializou em tamanho natural humano com sua armadura de ouro celestial, espada na cintura e um par de asas brancas bem a mostra.
Diana me apertou com força contra ela com medo que alguém mais me ferisse.— Tenha calma, Diana. Eu vim ajudar. Me chamo Gabriel. – Ele se aproximou e se ajoelhou ao meu lado. – Não tenha medo, não farei mal a ele. Você pediu para que tomássemos providências e é isso que estou fazendo, atendendo seu pedido.
— Não o deixe morrer...
— Lucas não morrerá hoje. Não posso deixar meu irmão caçula morrer.
Gabriel abriu uma das mãos e um frasquinho transparênte com uma espécie de névoa azul brilhante surgiu. Ele abriu o frasco e o despejou na minha boca. Senti meu ferimento na barriga se fechar rapidamente. Meus cortes, contusões, machucados e até meu braço quebrado, serem curados rapidamente. Meus olhos brilharam em azul e eu finalmente respirei, trazendo o ar que se esvaía a segundos antes, para os meus pulmões.
— Essa é a parte difícil. Ele pode não aguentar.
— Aguentar o que? O que você deu a ele?
— A graça de um Arcanjo. Se ele aguentar, Lucas será o 7° Arcanjo de Deus.
Meus olhos pararam de brilhar e se fecharam. Ninguém respirou ou falou pelo que pareceu uma eternidade.
— Que horas sai o jantar? – Sorri.
— Ai meu Deus, Lucas! – Diana me abraçou com tanta força que achei ela fosse me quebrar.
— Diana...
— Eu nem acredito! Ai meu Deus!
— Diana, está me sufocando...
— Desculpa, desculpa. – Ela me soltou e eu me sentei na grama.
— Gabriel.
— Arcanjo.
— O que vo... espera, Arcanjo?
— Você suportou o poder e fez por merecer. Deus está muito satisfeito com o seu trabalho.
— Espera então...
— Sim. – Gabriel se levantou me estendendo a mão.
— Cacete... – Segurei a mão de meu irmão e me coloquei de pé.
— Não posso ficar, caçula. É bom te ver de pé.
— É bom te ver também, irmão. – Ajudei Diana a levantar do chão. – Obrigado.
— O mérito é seu. Cuide bem dela.
— Faço isso desde que a vi.
— Obrigada Gabriel. – Diana assentiu sorrindo graciosamente.
Gabriel acenou com a cabeça e ergueu a espada para o céu. Um feixe de luz azul apareceu e meu irmão sumiu.
— Termine o que começou, Lucas.
A voz de Gabriel ecoou pela minha cabeça. Ele não precisava falar mais nada, eu havia entendido o que ele queria dizer.
Peguei a lança de Uriel no chão. Diana segurou meu pulso, e nós nos olhamos. Uma discussão silenciosa começou e após alguns segundos ela soltou meu braço.
Andei até Uriel que estava agonizando com Mortalha atravessando seu abdômen.— Prometi que teria sua cabeça cravada na sua própria lança esta noite. E você sabe como são promessas para mim.
Estendi a mão para Mortalha e ela veio até a minha mim, desprendendo Uriel da terra e arrancando um grito de dor.
— Diana, não olhe! – Gritei com os olhos fixos em Uriel.
Desferi um único golpe com Mortalha separando a cabeça e o corpo de Uriel. Peguei a cabeça do meu irmão pelo cabelo e cravei na lança, prendendo a mesma no chão. Minha promessa estava cumprida.
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Anjo Meu
Fantasi🔹TRILOGIA ANJO MEU - LIVRO I🔹 "[...] ela estava concentradíssima em limpar meu ferimento. Seus olhos castanhos escuros estavam focados e sua expressão mesmo séria, não conseguia esconder a garota alegre e divertida que ela era; seus lábios, os qua...