Capítulo Cinco:

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Jade sabia que não era justo deixar Theo sozinho com a filha doente, mas não estava suportando ver sua pequena sofrer tanto, uma terrível ideia começava tomar forma em sua mente, Esmeralda tivera bastante contato com Alejandro, afinal, os dois eram irmãos, precisava perguntar a médica se não corria o risco de seu outro filho se contaminar, não aguentaria se isso acontecesse.
Por ter estudado sabia o que era Meningite Meningocócica, ou Bacteriana, como era conhecida, só pedia a Deus que fosse comprovada a Viral que era fácil de tratar, mesmo assim, sem ter o resultado comprovado, a doença era tratada como a Meningocócica, por esse motivo Esmeralda estava isolada, para o próprio bem dela.
Parecia até um castigo, pois achara que seus filhos já não precisavam tanto dela, afinal, só Alejandro se recusava a pegar na mamadeira, Theo até costumava brincar dizendo que o filho desde pequeno sabia o que era bom.

Por achar que os pequenos não necessitavam mais tanto de sua presença cogitara a possibilidade de ir trabalhar, o que resultara em uma briga com o esposo, ele até que acabara concordando, pobre Theo, sempre fazendo suas vontades, tinha consciência que havia sido até um pouco intransigente com ele nessa parte, mas agora estava terrivelmente arrependida, seus filhos precisavam dela sim e muito por sinal.

Andando a esmo pelo hospital, com os braços em volta do corpo viu os sogros junto com Yago conversando com Murilo e Natalie que chegavam, devagar se aproximou da família, lembrou que precisava avisar seus próprios pais, pediria para que Lorenzo avisasse Richard.
–Jade, minha querida, como ela está? — Perguntou Lorenzo.
Ela deixou-se abraçar pelo sogro, estava precisando desse contato, desse carinho que a família lhe dava.
–Ela está aparentemente bem, o pior, que foi a realização do exame já passou, Theo está com ela, agora só precisamos esperar para ver se é Viral ou Bacteriana.
–Vai ficar tudo bem minha filha, temos que confiar em Deus. — Ele aconselhou.
–Eu confio, mas as vezes é tão difícil, porque foi acontecer com minha pequena? Ela nem de casa sai, imagina se eu estivesse trabalhando, se ela fosse para a escolinha ou coisa parecida, eu que achei que eles nem precisavam tanto mais de minha presença.
–Não fique colocando coisas na cabeça minha querida, criança é assim mesmo, ao mesmo tempo que estão bem, logo ficam doentes. — Explicou Olívia.
–Ainda bem que eu tenho o Theo e vocês, que são um suporte para mim sempre que preciso, estão sempre ao meu lado.
–Você sabe que a amamos como se fosse nossa filha, sempre estaremos apoiando-a. — Disse o sogro, confortando-a.

Para Jade foi o conforto que ela precisava, sabia que tinha duas famílias amorosas, além de um esposo que estava sempre fazendo suas vontades, seus caprichos, porque começava a pensar que o desejo de trabalhar se dera mais por um simples capricho, algo que não iria lhe fazer falta, tudo bem, estudou para isso, foi seu sonho por um bom tempo, mas encontrara um outro sonho quando conheceu Theodoro.
–Lorenzo, será que você poderia ligar para o meu pai, não estou muito com cabeça para dar explicações agora.
–Claro minha filha, eu ligo sim, não se preocupe.
–Eu também estava pensando, acho que temos que perguntar para os médicos se Alejandro não corre o risco de também ter sido contaminado.
–Você acha que há essa possibilidade? — Quis saber Natalie.
–Não sei, mas eles são gêmeos e por estarem tão pertos um do outro, tenho medo.
–Tem razão, é bom se informar. —Opinou Murilo.
–Bom, eu vou voltar para junto dela e do Theo.
–Tudo bem filha, vai lá. Qualquer coisa estaremos aqui. —Concordou Olívia.

Ela dirigiu um olhar agradecido a eles e voltou para junto de Theo e da filha.
Entrou no quarto isolado onde estavam e a cena que viu a emocionou, se enganara quando deduziu que o marido seria um bom pai, na verdade, ele era maravilhoso, não só pelo tempo que cuidou dos filhos enquanto ela estava em coma, mas pela enorme paciência, amor e carinho que ele os dedicava, agora, nesse momento de dor, de preocupação, ele dava mais uma mostra do pai excepcional que era.
Theo estava com a mão acima da cabeça da filha, distraindo-a, pois ainda faltava um tempo para que ela pudesse erguer a cabeça, Esmeralda tentava com as mãozinhas gorduchas pegar a mão do pai, ela ria e balbuciava sons engraçados, fazendo com que o pai sorrisse.
Jade se aproximou devagar abraçando o marido pela cintura.
–Está mais calma minha pequena? — Ele perguntou preocupado.
–Não, mas, sei que preciso me controlar, que preciso me fortalecer. — Ela respondeu, beijando-lhe o ombro.
–Sabe que estarei ao seu lado sempre, não?
–Sei disso meu amor, você é adorável, um pai maravilhoso.
–Mas tem mais coisas nessa sua cabecinha não é? — Ele realmente a conhecia muito bem.
–Como você sabe?
–Porque a conheço perfeitamente bem.
–Ah, amor, eu estava pensando sabe?
–Não, se você não me disser!
–Amor, é sério. Eu acho que você tinha razão, não é hora par eu ir trabalhar sabe, nossos filhos ainda precisam muito de mim, eu achei que por eles estarem desmamando, não precisariam mais me ter tão por perto, doce engano.
–Amor, eu imagino o que você está pensando, mas não é culpa sua, por favor, não vá por esse caminho.
–Será? Será que eu não fui displicente?
–Jade, você é uma mãe maravilhosa, uma esposa adorável, eu não poderia desejar ninguém melhor, o fato de você querer ir trabalhar não quer dizer que foi de alguma forma relapsa, essas coisas podem acontecer com qualquer criança, infelizmente foi com nossa filha, eu não gostaria que nenhum pai passasse pelo que estamos passando, mas, infelizmente não há meios de impedir que nenhuma criança mais fique doente. Não se culpe minha pequena, por favor! — Jade sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas mais uma vez, tocou na testa da filha para ver se a febre estava menos intensa, mas a pele dela ainda queimava.
–Eu achava que seria bom perguntarmos para a doutora se Alejandro não corre o risco de ter se contaminado também.
–Bem pensado, eu já havia cogitado a possibilidade. Você acha que ele pode correr o risco?
–Não sei, não sei mesmo, eles são gêmeos estão juntos, não sei realmente.
–Bom, então vamos nos informar, vou ligar para casa e ver como ele está, pedir para Lelê ficar de olho em qualquer alteração.
–Eu vou ficar com ela aqui no hospital.
–Iremos nos revezar, você não pode ficar direto aqui com ela, até porque, Alejandro não aceita muito bem a mamadeira, você sabe.
–É verdade, não é justo força-lo a aceitar. Theo, eu decidi que não vou aceitar o emprego.
–Mas você estava tão decidida!
–Sim, eu estava, mas acho que minha família vem em primeiro lugar, eu sempre quis uma família, a minha família! Deus me presenteou com um marido lindo, amoroso, carinhoso, dois filhos saudáveis e lindos, para que eu quero mais? Sem contar que pensei em tudo o que você me disse, realmente não é justo deixá-los em momentos importantes, em datas especiais, eu estarei cuidando da família dos outros, mas e da minha, quem estará cuidando? E se eu já estivesse trabalhando agora, com Esmeralda doente? De repente Deus esteja tentando abrir meus olhos, para que eu não peça mais do que tenho.
–Amor, eu acho que não deve tomar essa decisão no calor da emoção... — Ele começou, no que foi interrompido por ela.
–Eu já tomei a minha decisão amor!
–Ok, tudo bem, eu estarei do seu lado, como sempre aliás, mas não quero que pense que é sua culpa, porque não é, o que estou querendo dizer que não quero que tome essa decisão no calor do momento e depois se arrependa, como você disse, esse é o seu sonho.
–Eu sei o que disse, mas, estive pensando, esse era um sonho antigo, de quando eu era uma órfã sem eira nem beira, desde que te conheci, meu sonho se transformou em outro, tudo o que quis foi você, depois foram nossos filhos e agora, o que desejo com loucura é que Esmeralda fique bem, se recupere logo e possamos voltar para casa.
— Theo entendeu a dimensão do que a esposa revelou, seus olhos encheram-se de lágrimas, por Deus, como podia amá-la cada dia mais? Como era possível um sentimento adquirir proporções gigantescas a esse nível? Puxou-a de encontro a seu corpo abraçando-a com amor.
–Eu amo você minha pequena, amei desde que a conheci e a amarei até o meu último suspiro!
–Eu também o amo Theo, da mesma maneira! — Juntos e abraçados, os dois distraiam a filha, afinal, criança nessa fase não costuma ficar muito tempo quieta e a pequena tentava se virar sozinha, o que ela ainda não podia, pois não tinham passado as duas horas recomendadas.
Ouviram uma batida na porta e a mesma se abriu revelando doutora Jane.
–Olá papais, como está a princesinha?
–Ainda ardendo de febre doutora. — Respondeu Theo.
–Ela vai ser medicada e a febre logo vai ceder. Então, como suspeitávamos, é realmente Meningite, mas ainda não sabemos se é a Viral ou Bacteriana, bom, a meningite meningocócica é uma infecção que resulta em inchaço e irritação (inflamação) das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. é causada pela bactéria Neisseria meningitidis (também conhecida como meningococo). A maioria dos casos de meningite meningocócica ocorre em crianças e adolescentes. O meningococo é a causa mais comum de meningite bacteriana em crianças e a segunda causa mais comum de meningite bacteriana em adultos. A infecção ocorre com mais frequência no inverno ou na primavera. Ela pode causar epidemias locais em internatos, dormitórios estudantis ou bases militares. Os fatores de risco incluem exposição recente ao meningococo e uma infecção recente do trato respiratório superior.
–O que é estranho porque ela não sai, não vai para escolinha ainda, não fica em lugares fechados. Mas, então doutora, o que queríamos saber é se o irmão dela, que é seu gêmeo, teria algum risco de ser contaminado também. — Questionou Theo.
–Eles ficaram bem próximos? — A médica perguntou.
–Sim, eles ficam juntos. — Jade respondeu.
–Bom, eu vou fazer uma carta e pedir uma vacina, essa vacina vai imuniza-lo. Ele terá que ser levado a um laboratório que vou indicar, ok? Mas vocês da família também irão receber o antibiótico, apenas pra prevenir a infecção.
–Sim doutora, obrigado! — Agradeceu Theo.
–Quanto ao tratamento da pequena Esmeralda, precisamos iniciar com antibióticos iremos começar com Ceftriaxona e iremos ver como ela irá reagir, algumas vezes também utilizamos a Penicilina que em altas doses tem dado ótimos resultados.
–Agradecemos mais uma vez doutora.
–Imagine, não há necessidade, a enfermeira virá para colocar o medicamento, que será por via endovenosa. — A doutora examinou Esmeralda mais uma vez e aconselhou antes de sair do quarto.
–Senhora Vásquez, quando ela chorar de fome, pode amamenta-la, ela já pode levantar a cabeça normalmente.
–Ah, que bom, ela já está ansiosa, não sabíamos mais o que fazer para distraí-la. — A médica sorriu e fez um carinho na pequena.
–Qualquer coisa podem pedir para me chamar.
–Agora podemos ter fé que ela vai ficar bem minha pequena.
–Graças a Deus, agora é só torcer para que seja a viral não é?
–Sim meu anjo, é verdade. Eu vou pedir ao Sam que traga o Alejandro aqui, assim que a doutora entregar a tal carta, aí você aproveita e o amamenta que ele deve estar muito irritado por ter que mamar na mamadeira. — Informou Theo sorrindo, pois era motivo de piada o fato do filho não gostar da mamadeira.

~*~

Yago estava com o resto da família na sala de espera do hospital, ao erguer os olhos, sentiu seu coração se agitar dentro do peito, viu que Amanda chegava acompanhada de Luna, Pamela e Lola.
–Boa noite! — Elas cumprimentaram.
–Boa noite meninas! — Responderam.
–Como Esmeralda está? — Quis saber Luna.
–Ela está doente, filha, muito doente, Theo e Jade estão no isolamento com ela, ainda não vieram nos informar nada, mas é mesmo Meningite o que ela tem. — Informou Lorenzo.
–Ah, papai, coitadinha da minha sobrinha. — Reclamou Luna começando a chorar.
–Mas é a Bacteriana? — Perguntou Lola.
–Ainda não se sabe. — Respondeu Murilo.
–Como estão Jade e Theo — Perguntou Pamela com lágrimas escorrendo também.
–Mal, Jade está devastada, Theo está muito preocupado também, mas está sendo mais forte, essa situação toda mexeu muito com ela. — Foi a vez de Yago responder.
–Sinto muito! — Disse Amanda sentando-se ao lado dele e pegando em sua mão.
Ele olhou para a mão dela na sua e ergueu os olhos para o rosto lindo da mulher que mexia com sua libido.
–Obrigado por estar aqui!
–Era o mínimo que eu podia fazer por você, por vocês. — Ela respondeu olhando-o diretamente nos olhos. –Você deve estar cansado, com fome, quer sair um pouco, comer alguma coisa?
–Pode ser, tem um restaurante aqui mesmo, no piso acima, me acompanha?
–Sim, claro. — Yago levantou-se e ajudou-a a se levantar, encaminharam-se para o piso superior onde ficava o restaurante.
–Você deve estar devastado com tudo isso não? — Ela inqueriu, pois sabia o quanto Yago gostava de Jade e das crianças.
–Sim, eu adoro as crianças, não só eu como todos da família e Jade é uma irmã para mim.
–Eu imagino, mas eu estou aqui também por sua causa. — Yago parou de andar e a segurou pelo braço.
–Está falando sério?
–Sim, eu... olha Yago, eu sei que sou mais velha que você e tal, mas você mexe de um jeito diferente comigo, não sei ainda definir o que é, só sei que algo me empurra para você. Sei que esse não é momento, mas.... — Sem esperar mais, Yago pegou o rosto dela entre as mãos e abaixando a cabeça devagar tomou-lhe os lábios em um beijo carinhoso, no que ela correspondeu, abraçando-o pelo pescoço.

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