Capítulo Quarenta e Cinco:

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Música: Backstreet Boys - Drowning.

***

Lorenzo não sabia como ajudar o filho, o sofrimento de Enrique o estava devastando, queria poder dizer ao filho que as coisas ficariam bem, mas não podia mentir, como afirmar algo que não sabia? Enrique não saia do lado de Lilian, era madrugada e desde que ela havia sido levada para a UTI ele estava com ela.

No meio da noite, um dos médicos veio lhe perguntar:

-Senhor, precisamos saber, a senhora Vásquez está estável no momento, mas ela pode não continuar assim, o que queremos saber é se será investido, se é para tentarmos ressuscitá-la se necessário?

-É claro que sim, que pergunta é essa? Espero que façam todo o possível para que minha esposa continue viva.

-E faremos, mas precisamos saber, o fato é que ela está grávida e mesmo que o feto esteja se desenvolvendo bem, não podemos garantir que irá continuar assim, sem contar que sua esposa corre o risco de ter morte encefálica, o senhor quer mesmo preservar o feto?

-Que pergunta é essa? Está sugerindo que eu concorde que tirem meu filho? É isso? Nunca, nunca autorizarei algo assim, minha esposa está grávida e irá continuar grávida, sei que ela irá acordar, mesmo que passe nove meses dormindo, ela continuará com nosso filho dentro dela.

-Eu entendo, senhor, mas é protocolo, precisamos saber.

-Agora já sabem!

-Doutor, por favor, meu filho está nervoso com tudo o que está acontecendo, mas ele tem razão, minha nora continuará grávida e amanhã a levaremos para Madri. – ponderou Lorenzo.

-Sim, senhor! Eu vou agilizar tudo quando amanhecer. Ela só não poderá voar, não recomendamos por conta da pressão do cérebro. Mas na ambulância irá um médico, um fisioterapeuta e duas enfermeiras.

-Nós entendemos, eu só preciso saber o horário.

-A partir das sete da manhã.

-Obrigado doutor!

O médico afastou-se com pesar, achava difícil a situação da jovem paciente, no entanto, durante todos os anos trabalhando na UTI já havia visto de tudo um pouco.

-Filho, não quer ir descansar no hotel? – Lorenzo perguntou, no entanto, já sabia a resposta.

-Não consigo sair daqui papa, minha mulher precisa de mim e irei ficar com ela.

-Você não pode permanecer todo o tempo em um quarto de hospital, meu filho.

-É onde Lilian está, é onde ficarei, por favor, papa, como vou deixa-la? Não consigo, sinto que se eu sair do seu lado ela irá me deixar. Meu filho, papa, meu bebê está dentro dela, não sei o que fazer, estou perdido, tenho medo de que esses médicos estejam certos, não quero nem pensar na possibilidade dela me abandonar.

Diante disso, o que dizer? Como argumentar? Porque seus filhos precisavam passar por esse tipo de provação? Porque Sam e Rubi precisaram perder seu anjinho? O que fizeram de errado para passar por tudo isso? Sendo que tudo o que fizeram foi amar! Pedia a Deus a todo o momento para que Lilian acordasse bem, para que ela reagisse, desse um pequeno sinal de que ela estava bem.

~*~

Fernanda estava em seu quarto esperando que Jean lhe telefonasse, sua tia havia contado para a família o que estava acontecendo com Lilian, o motivo de tio Lorenzo ter viajado e de seu noivo ter ido junto, não havia ficado chateada por ele ter escondido dela o real motivo da viagem. Estava deitada, olhando o teto, seus pensamentos iam para o primo e para sua esposa, havia perdido os pais, a pior dor era saber que nunca mais veria as pessoas que mais amava no mundo, a saudade era doída, enganava-se quem falava que um dia a dor ia embora e que as lembranças não seriam tão ruins, doce engano, sempre que se recordava dos pais, a saudade era tanta que não conseguia segurar o choro. Seu celular tocou ao seu lado, pegou e atendeu automaticamente.

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