Capítulo Doze:

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Música: Lara Fabian - Meu Grande Amor.

***

Theo e Jade chegaram em frente à loja e ele estacionou em frente, antes porém de descerem do carro, Theo pediu a ela o recibo.
–Amor, eu preciso do recibo.
–Ah, sim, claro! — ela respondeu remexendo na bolsa, entregou a ele o pedaço de papel.
Theo sorriu ao perceber que era um xérox, analisou-o e constatou que estava tudo em ordem.
–Eu trouxe o original também. — ela informou.
–Ah, sim, muito bem amor, você fez bem em ter tirado a cópia.
–Nunca se sabe não é mesmo? — ela respondeu piscando.
–Vamos?
–Sim, vamos lá! — O casal entrou na loja e Jade se aproximou do balcão, o senhor que era o dono da loja, estava virado de costas, com uma prancheta na mão.
–Bom dia! — ela cumprimentou.
O senhor virou-se lentamente, Theo percebeu que ele surpreendeu-se ao vê-la ali.
–Lembra-se de mim? — ela indagou.
–Ah, bom dia senhora, lembro sim! A senhora veio acompanhada com uma outra senhorita.
–Sim, isso mesmo, vim com minha cunhada para penhorar meu colar, hoje eu vim com meu esposo para recupera-lo, aqui está o recibo, eu tomei a liberdade de tirar uma cópia.
–Bom dia senhor, sou Theodoro Escobar Vásquez, estou com o dinheiro para levar o colar da minha esposa.
–Ah, sim, claro, o colar, olha só senhora, eu não estou com o colar aqui na loja, ele estava com um pequeno defeito no fecho e mandei para um amigo consertá-lo. É que uma velha freguesa ficou muito interessada nele. — Theo e Jade se entreolharam.
–Olha senhor, me desculpe, mas eu quero o colar da minha esposa agora, eu dei a ela de presente e sei muito bem que ele não tinha defeito nenhum no fecho.
–Realmente, meu colar estava intacto, eu revisei antes de entrega-lo ao senhor.
–Eu, sei senhora, mas se puder pegá-lo amanhã.
–Não, queremos agora, não saio daqui sem o colar, ou então, irei na polícia. — respondeu Theo, duro, seu tom de voz não deixava margens a dúvidas de que realmente ele faria isso.
–Senhor, mas... — o senhor tentou os dissuadir.
–Agora! Eu o quero agora! — Theo repetiu.

Na verdade o que ele temia era que mandassem fazer uma réplica do colar, já que era uma peça única, que ele havia mandado fazer especialmente para ela.

–Olha senhor, esse colar é uma peça única, original, que mandei fazer para minha esposa na Itália, na própria loja da Tiffany's, portanto se aparecer uma cópia, ou réplica dele, eu saberei de onde surgiu, ele é uma peça exclusiva, eu tenho os recibos e a documentação da joia, guardados comigo, poderei sem sombra de dúvida processá-lo. Eu sei que o colar está guardado aqui mesmo na loja, portanto se me trouxer agora, eu esquecerei tudo e fica por isso mesmo, do contrário pegarei a documentação que prova que o colar pertence a mim, que é uma peça exclusiva e que temos o recibo da penhora, até porque, minha esposa tinha um prazo de três meses para recuperá-lo e não se passaram nem uma semana.

–Olha senhor, eu só o penhorei, porque minha amiga precisava de dinheiro vivo, era caso de vida ou morte, de uma quantia alta que como o senhor bem sabe, os bancos têm uma certa burocracia para liberar assim de uma hora para outra, por isso penhorei meu colar, agora, como meu esposo disse, ou esse colar aparece, ou então tomaremos outras medidas, simples assim. 

Sabendo que ele pertenciam a uma das famílias mais influentes de Madri, o dono da loja já havia imaginado que daria nisso quando viu a jovem senhora voltar antes do prazo, mas, sua filha gostara tanto do colar que o deixara guardado no cofre para mandar fazer uma réplica, claro que ele sabia que era uma peça exclusiva, afinal trabalhava há muitos anos com isso para reconhecer uma bela peça. Mas, o que faria agora? Como fazer para pegar o colar no cofre, se ele havia mentido anteriormente.

–Olha senhor, eu vou lhe dar uma pequena chance, eu e minha esposa vamos até a lanchonete aqui em frente tomar um suco e daqui exatamente vinte minutos estaremos de volta, aí, esse colar vai ter que estar nas minhas mãos, combinado?
–Combinado senhor, eu, vou pedir ao boy para busca-lo.
–Ok, obrigado! — agradeceu Theo.
Saíram da loja e encaminharam-se para a lanchonete.
–Theo, o que acha?
–Acho que o colar está na loja, tudo o que ele quer é poder mandar fazer uma réplica, sei lá de repente para vende-lo, afinal, mesmo cópia o colar vale um bom dinheiro.
–Ai, amor, perdão, perdão por eu ter feito essa bobeira, deveria ter falado com o gerente do banco e retirado o dinheiro da nossa conta, deveria ter falado contigo desde o começo, só fiz cagada.
–Calma amor, não é para tanto, vamos recuperá-lo, eu garanto. Realmente vocês fizeram cagada, mas, tudo vai dar certo, na verdade, como abuela disse, o erro foi ter tentado esconder de nós o que estava acontecendo. Jade, sou seu esposo, é minha obrigação protege-la, assim como é obrigação do Murilo proteger a Natalie, do Enrique proteger a Lilian, assim vai. Sei que nunca mais irá me esconder nada, assim, como eu nunca mais esconderei nada de você também.
–Obrigada amor, não sei o que faria se não tivesse vindo comigo.
–Você é uma mulher inteligente, teria dado um jeito, teria se tocado que o senhorzinho estava blefando.
–Muito safado ele, onde já se viu?
–Pois é, mas isso que você tem que aprender meu amor, isso acontece sempre.
–Como que você percebeu que ele mentia?
–Porque eu sou um homem de negócios, vice-presidente de uma organização enorme, uma multinacional agora, aprendi a ler nas entrelinhas, lidamos com todo o tipo de empresário.
–Fico tão orgulhosa de você, meu amor! — Theo sorriu com a palavras dela, dando-lhe um selinho de leve nos lábios.
–Bom, já deu os vinte minutos, vamos voltar lá?
–Com certeza! — Eles voltaram para a loja e viram que o senhor já os esperava, com a caixinha contendo o colar, nas mãos.
–Aqui está senhor, o colar, inteiro!
–Ótimo! — respondeu Theo, pegando a caixa das mãos do homem. — Ele abriu a caixa e retirou de dentro o colar, verificou pedacinho por pedacinho, cada pedrinha dos pequenos diamantes, ele os examinou atentamente.
–Está tudo certo! Amor, entregue o recibo! — Jade pegou o recibo e entregou ao dono da loja, fechando a caixa, Theo entregou-a a ela, pegou a carteira no bolso e retirou se cartão, olhando o valor do penhor.
–O senhor sabe que esse colar vale muito mais do que pediu por ele, não? — ele perguntou com um meio sorriso irônico nos lábios.
–É, senhor, eu... eu sei disso!
–Então, é isso, o colar, está novamente com sua dona, tenha um ótimo dia senhor e obrigado!
–Obrigado senhor Vásquez, senhora!
–Adeus senhor, obrigada! — Jade saiu da loja e não pode segurar o riso.
–Do que está rindo minha pequena? — ele indagou curioso.
–Foi hilária a cara dele quando você disse que o colar valia muito mais do que ele havia pedido. — ela respondeu ainda rindo.
–Agora você ri não é? Mas aposto que estava morrendo de medo de ficar sem o colar e realmente, ele vale muito mais! — ele respondeu também rindo.
–Eu sabia sim que havia custado muito caro, mas, não imaginava que havia sido tanto, só que você havia mandado fazer especialmente para mim.
–Sim, mas foi isso mesmo, eu imaginei a peça e pedi para o designer desenha-la, mostrei a ele uma foto sua e ele desenhou a peça, aí, foi fácil projetá-la.
–É maravilhoso, lembro que eu o usei em nosso casamento.
–Sim, eu sei. Amor, que tal ir comigo para a empresa? Tenho que ver algumas coisas com o Murilo, depois, podemos almoçar juntos e voltar para a casa, não voltarei para o escritório hoje.
–Hum, sabe que é uma boa ideia? Aceito, principalmente se for para passarmos a tarde inteira juntos, brincando com as crianças.
–Sim, por isso mesmo tive a ideia, tive-a quando fui trocar a calça que Alejandro sujou de mingau. Acho tão engraçadinho ver aquele pedacinho de gente andando, não vejo a hora que eles comecem a falar, qual de nós dois eles irão chamar primeiro? Papai ou mamãe?
–Só o que falta, eu fico com eles o dia inteiro, carreguei-os em minha barriga por sete meses e meio, sofri horrores para trazê-los ao mundo e eles aprenderem a falar papai antes de mamãe.
–Pois é meu anjo, a vida nem sempre é justa, sabe! — Chegaram na empresa e Theo estacionou na vaga reservada para ele, ajudou-a descer do carro e os dois subiram até o vigésimo andar, que é onde ficavam os escritórios do presidente, vice e diretores.
Chegando em frente a mesa de Natalie, constataram que ela já havia vindo da delegacia.
–Bom dia cunhada! — Theo a cumprimentou.
–Bom dia Theo, Jade! Que bom vê-la.
–Bom dia Nati, me conta, como foi lá na delegacia? — respondeu Jade, beijando o rosto da cunhada.
–Bom, fizemos a queixa, provavelmente será aberto um inquérito, agora eu tenho que entrar em contato com o senhor Wilson, vai ser expedido um mandato de prisão para o Patrick, afinal, coesão e chantagem são crimes.
–Ah, bom, espero que a polícia consiga prendê-lo logo.
–Eu também espero amiga, eu também.
–Amor, se quiser me esperar em minha sala, eu só vou ver com o Murilo o que temos que resolver e aí já volto.
–Sim, amor, Nati, nem te conto que o senhorzinho da loja de penhor quis nos dar um golpe.
–Capaz! Como assim? — Jade explicou tudo o que aconteceu a amiga, que riu muito com a história.
–Não, só comigo isso acontece, ainda bem que o Theo estava junto, do contrário não sei se teria percebido que era um blefe do homem.
–Ai Jade, é engraçado, me desculpe.
–Eu sei disso, já ri muito, pode acreditar. — ela respondeu rindo junto. –Mas agora, acho que vou me aproveitar daquele confortável sofá que tem na sala do meu marido.
–Vai lá, eu preciso descer até o andar abaixo, no jurídico para pegar uns documentos que Theo e Lorenzo precisam assinar.
–E a estagiária? Porque ela não vai? — indagou Jade, pois sabia que na verdade, seria encargo dela pegar e levar documentos.
–Nem sei se ela veio hoje, ainda não a vi. Acho que finalmente ela se deu conta de que não tem a mínima chance com Theo, sossegou!
–Que bom, sabe que foi eu quem pediu para que ela não fosse dispensada, não? Fiquei com pena do que você me contou.
–Jade, você tem o coração mole, é boa demais, as pessoas tendem a se aproveitar dessa sua qualidade.
–Theo já me falou isso.
–Bom, mas é sua maneira de ser também, esse é um dos fatores que fizeram com que ele te amasse.
–Isso é verdade, mas acho que tenho que aprender a ser mais rígida um pouco, ao menos, com quem merece.
–Isso mesmo! Agora, deixe-me ir lá antes que vocês saiam novamente.
–Sim, Theo quer passar a tarde em casa com as crianças.
–Imaginei!  — Rindo, as duas levantaram-se, cada uma indo para uma direção diferente. Natalie para os elevadores e Jade entrou quieta na sala do marido, porém, algo a fez ficar praticamente petrificada.
Não acreditou no que ouviu e viu.
Bianca, a estagiária estava virada de costas para a porta, nem se dera conta de que alguém mais entrara na sala do chefe, ela estava simplesmente segurando junto ao rosto um paletó do terno de Theo que ele havia esquecido no escritório na tarde em que Jade e Natalie haviam ido ao shopping, a própria Jade o havia retirado antes de terem feito amor e ele não voltara a vestir. Porém, o que mais irritou Jade foi o que ela falou olhando para a foto de seu marido.
–É patrãozinho, eu ainda irei seduzi-lo, Natalie eu já consegui enganar, ela pensa que eu desisti, é muito boba mesmo se pensa que vou desisti da mina de ouro que é você, além é claro, de lindo, atraente e sexy, é milionário, na verdade pode até ser qualquer uma dos homesn dessa família. Bianca, você não pode deixar passar essa chance e esse cheiro? O que é esse perfume? Másculo, sedutor, cheiro de homem. Claro que tem a mulherzinha dele, mas, infelizmente terei que passar por cima, da toda boazinha Jade. Mas, tudo vale a pena para ter Theodoro, ou o Enrique, ou Murilo.
–Como é que é? Por cima de quem você terá que passar? — Jade indagou fechando a porta com força.

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