Capítulo Trinta e Seis:

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Música: Westlife - Written In The Stars.

***

Natalie acordou de madrugada sentindo-se estranha, uma dor irritante nas costas, a barriga aparentava estar mais pesada. Pelo que ouvira das primas, sogra, tias e da abuela, poderia estar entrando em trabalho de parto, Carmen havia dito que o trabalho de parto em si, até o nascimento do bebê poderia levar horas, ela já se sentia desconfortável agora, imagine esperar horas?! Até lá ela surtaria e Murilo também, com toda certeza, mesmo tentando esconder, ela percebia que ele estava nervoso, preocupado, quanto mais se aproximava da data estimada, mais ela percebia que ele quase não dormia direito, velando seu sono.

Na verdade Murilo tinha medo de que ela passasse mal durante a noite e ele demorasse para acordar. Porque mesmo inventaram de ter filho? Tantas coisas poderia dar errado, ele tentava não pensar em coisas ruins e manter-se o mais otimista possível, mas ter ajudado durante o parto de Jade o deixara meio traumatizado.

Percebendo o desconforto da esposa, Murilo a abraçou.
-Você está bem, meu amor? — ele questionou, quando ela se virou pela terceira vez procurando uma boa posição.
-Não muito, estou sentindo um desconforto nas costas, a barriga parece que está mais pesada.
-Acha que está chegando a hora?
-Sim, mas ainda temos tempo, até o parto em si, vai demorar horas.
— ele levou a mão até a barriga da esposa, fazia uma leve massagem, o bebê mexia-se preguiçosamente, ajeitando-se dentro do ventre. Ela sentiu vontade de ir ao banheiro.
-Me ajude a levantar, amor! Preciso ir ao banheiro. — levantando-se primeiro, ele a ajudou a levantar-se.
Natalie sentou no vaso sanitário e uma dor lancinante tomou seu corpo, sua barriga pesou, ela se esticou toda, mas não conseguiu levantar. Parecia que suas pernas estavam com cãibras.
-Amor, o que está sentindo? — Indagou Murilo, preocupado.
-Dor! Estou com muita dor. Mas não quero sair daqui por enquanto. Deixa passar, aí você me ajuda.
-Acho melhor irmos para o hospital. Não quero que você fique sofrendo em casa, muito menos que corra algum risco. — ele argumentou.
-Tudo bem, as dores estão mais próximas mesmo. Me diz uma coisa, porque foi que resolvemos ter filhos, mesmo?

Murilo estava com pena da esposa, queria ajudá-la de algum jeito, mas sabia que não existia nenhuma maneira. Ao aliviar a dor, ela pediu a ajuda dele novamente e voltaram para o quarto. Não tinha uma posição confortável para ela ficar, enquanto ele se vestia, Natalie tentava se manter calma, tranquila, mas a verdade é que estava ficando enlouquecida pela dor que parecia rasgá-la de cima abaixo.

Já vestido, Murilo a ajudou a se vestir. Colocou um vestido confortável, largo, que não a apertava, pegou as bolsas dela e do bebê e deixou ao seu lado na cama.
-Amor, vou avisar minha mama e meu papa, qualquer coisa grite!
-Vai, rápido! Não estou mais aguentando a dor.

Murilo saiu corredor afora e bateu na porta do quarto dos pais.
-Filho! Já sei! Vou chamar sua mama. — disse Lorenzo já adivinhando que a nora estava em trabalho de parto.

Logo eles saiam em direção do hospital, resolveram não avisar os outros, por hora, apenas Enrique e Lilian os acompanhava. Lorenzo telefonou para Joseph, já do hospital, pediu para que o rapaz passasse na mansão para buscar Luna.

Deixariam para avisar Theo e Jade quando o bebê nascesse, pois sabiam que Theo tentava ao máximo evitar qualquer tipo de preocupação para a esposa. Afinal, logo seria ela a trazer ao mundo mais dois bebês.

Carmen a conduziu para a sala de parto e Murilo foi encaminhado para se paramentar. As dores eram insuportáveis para a jovem. A enfermeira puncionou um acesso venoso, colocou um soro fisiológico para manter o acesso e a monitorizou.
Depois de pronto, Murilo foi levado para onde ela estava. Natalie se controlava para não gritar de dor, o lábio inferior já estava todo mordido.
-Amor, estou aqui, ao seu lado. Vai dar tudo certo, logo estaremos com nosso bebê nos braços.
-Murilo, será apenas um. Não passarei por isso de novo, não.
-Será como você quiser, minha querida, se preferir, até faço uma vasectomia.
-Natalie, sua dilatação está completa, mas a sua bolsa está intacta, vamos ter que estourar. — Carmen informou.
-Como é feito isso, doutora? — perguntou Murilo.
-Irei introduzir um pequeno instrumento esterilizado, que tem o formato de gancho para pressionar a membrana, e isso romperá o saco amniótico e fará com que as contrações se intensifiquem. — a médica explicou.
-Não tem riscos? — ele quis saber.
-Não, o processo será acelerado.
-Faça o que for preciso, Carmen, não suporto mais. — ela pediu.
-Ótimo, então vamos lá.

A médica realizou o procedimento e imediatamente uma grande quantidade de água saiu de dentro dela, realmente, após isso, as dores aumentaram de intensidade. Natalie não se segurou mais e gemeu alto.
-Quando a dor vier, empurre, faça força com a barriga.
-Quando a dor vier? Ela nunca foi embora.
-Segure minha mão, meu amor!

Ela apertou forte a mão de seu esposo. Fazia força da maneira que a médica ensinava. O suor escorria por seu rosto, seus cabelos estavam grudados na nuca. Sua respiração tornava-se ofegante, os intervalos das contrações não davam tempo para que ela respirasse direito.

Sentindo-se fraca, ela caiu na cama cirúrgica, tentando puxar a respiração.
-Natalie, não puxe a respiração porque o bebê volta para dentro novamente, só empurre, puxe respirações curtas, lembra, da maneira que você treinou.

Ela tentou novamente e dessa vez conseguiu.
-Isso, minha querida, mais um pouco, estou vendo a cabecinha dele. — as palavras da médica foram um incentivo para a jovem que empurrou novamente.
-Assim, isso, mais um pouco, para passar os ombros.

Quase sem forças, ela empurrou novamente e dessa vez conseguiu, Carmen ergueu-se com seu bebê nas mãos.
-É um menino enorme! — exclamou a médica. -Murilo, quer cortar o
cordão umbilical? — o rapaz chorava emocionado. Era realmente um milagre, o milagre da vida que ele e a mulher que amava haviam concebido.
Carmen colocou o bebê em cima de Natalie, que chorava copiosamente, enquanto depositava um beijo na cabecinha de seu filho, que ainda estava suja.

Murilo cortou o cordão no local onde a médica marcava e voltou para o lado da esposa e do filho.
-Valentin, ele irá se chamar Valentin. — ela anunciou.
-Obrigado, meu amor, obrigado por esse lindo presente! Amo muito vocês! — ele exclamou!
-Desista da vasectomia, meu amor, eu vou querer mais filhos, quero viver novamente essa emoção de ter um pedacinho nosso, assim, em meus braços.

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