- Me conta tudo. O que ele disse? O que você disse? O que você sentiu.... – A cada pergunta Gi abocanhava um quitute novo. – Esses doces estão maravilhosos. – Mais uma prova. – Mas fala, para de me enrolar.
- Ele me cumprimentou pelo espetáculo de ontem. Disse que eu estava com as mãos frias e deu um beijo nelas que me arrepiou inteira Se desculpou pela possibilidade de ter me assustado no balanço. Riu de mim quando disse que pensei na possibilidade dele não ser real. Se desculpou de novo e.... – eu fiz uma pausa dramática propositalmente e Gi arregalou os olhos verdes. – E aí o Ernst chegou e nos viemos tomar café. Fim.
A cara que Gi fez foi impagável e eu não contive a risada.
- Se eu pudesse eu matava o Ernst, ele tem um timming muito ruim. – Gi reclamava balançando a cabeça.
- É você que tá dizendo. – Eu ri novamente.
- É, sou eu que estou dizendo, eu bem que sei desse.... – Gi interrompeu a fala e ficou me olhando. – Pera! Para tudo! Como eu deixei essa informação escapar! – Gi me olhava com os olhos apertados. – Você fez de propósito, usou esse tom sem graça para que eu não notasse, mas eu notei.
Eu não disse nada, só a olhei e revirei os olhos.
- Pelo amor de Deus, Lan! Me explica direito a parte do beijo e do arrepio! – Gi pegou a minha mão e me puxou para sentar num dos troncos do quiosque.
- Não tenho muito que explicar. Ele me fez um elogio...
- Sei! – Gi revirava os olhos de impaciência.
- E você sabe como eu fico. – Eu disse com um sorriso amarelo.
- Sei. – As caretas de Gi me impediam de ficar séria.
- Ele ainda não havia soltado a minha mão após o cumprimento, então disse que tinha ficado muito emocionado com a interpretação, foi super gentil e beijou minha mão de forma super delicada e respeitosa...
- Respeitosa. Aham... – Gi mexia as mãos freneticamente.
- E aí juntou tudo, o elogio, o beijo, estar frente a frente com ele, e minhas mãos ficaram geladas. – Eu abri as mãos como quem diz "nada demais". – Foi só.
- Foi só um caramba! – Gi segurou minhas mãos e as colocou em seu colo. – Bora começar tudo de novo, desde o comecinho, e agora sem pular nadica de nada e sem essa cara de paisagem como você não tivesse acabado de estar frente a frente com seu maior ídolo e ele não tivesse lhe beijado a mão e, anteriormente, lhe balançado.
Eu comecei de novo e a cada detalhe que eu arriscava pular, Gi, astutamente, me fazia esmiuçar o momento, ela quis saber cada gesto, cada olhar, cada respiração, e a verdade era que eu estava louca pra compartilhar com ela. Quando finalmente ela se deu por satisfeita, me olhou sorrindo e com uma cara boba decretou.
- Vou shippar, vou shippar muito!
- Vai shipaar sim, vai shippar sua imaginação com sua futura internação. – Eu disse rindo.
- Hummm... pode até ser que você tenha razão, mas quem esta sentada de frente pra ele sou eu. – A vontade de virar naquele instante foi muito forte, mas controlei a ansiedade. – E também sou eu que sei o número de vezes que ele já virou e mudou de lugar nas conversas só pra você ficar na área de visão dele.
- Gi, amiga, eu te amo tanto, mas você precisa parar de ver romance em tudo, se deixar você shippa o papel do caderno com a caneta. –Gi fez um bico engraçado e levantou o olhar por cima do meu ombro.
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Amanhecer em Canção
RomanceAlana é uma mulher independente e completamente dona do próprio nariz. Aos 38 anos, separada e com dois filhos já encaminhados, nada lhe escapa ao controle. Mantém sua vida sob total vigilância para que nada aconteça de forma diferente do que ela pl...