A paisagem do Pantanal, mesmo a noite e sob a luz fria da lua, era algo divino, quase mágico, e a todo o momento eu me via sem fôlego, impressionada com tanta beleza. Victor desceu da cerca, mas não se afastou, abraçou minhas pernas, apoiou a cabeça na minha cintura e ficou ali comigo, me deixando viver aquele encantamento sem pressa.
Eu finalmente deixei o ar escapar dos meus pulmões e respirei fundo, como que se ao respirar aquele ar encantado minha memória registraria toda a beleza daquele local. Afastei meu corpo da cerca e Victor me segurou pela cintura me descendo sem esforço e me virando de frente pra ele quando meus pés tocaram o chão.
Ele levantou a aba do chapéu sem tirar os olhos dos meus, a mão que ainda me segurava pela cintura correu pelas minhas costas me puxando contra o corpo dele. A mão que segurava o chapéu desceu pelo meu rosto até se encaixar no meu queixo.
Quando a boca de Victor tocou a minha mais uma vez daquela forma casta, com um breve roçar de lábios, eu achei que ele se afastaria como fizera das outras vezes, mas ele não o fez. Ele repetiu o movimento e a cada repetição seus lábios demoravam mais tempo para se afastar. Era como uma tortura, a cada aproximação eu ansiava mais e mais pela próxima, meu corpo se colava mais ao dele e eu erguia os pés para ficar mais perto daquela boca sedutora.
Quando ele finalmente tocou meus lábios com a ponta da língua eu deixei escapar um suspiro de antecipação e subi minhas mãos pelo peito largo até envolver seu pescoço, não deixando espaço entre nós.
- Eu quero você demais. - Victor falou contra meus lábios, num sussurro rouco e finalmente procurou minha língua com a sua. Aprofundado finalmente o beijo.
Eu me perdi naquele beijo e o puxei pelo pescoço contra minha boca, querendo mais, querendo sugar dele todo o desejo que ele me provocara durante aquele dia. Sem afastar a boca da minha e sem diminuir a intensidade do beijo, Victor desceu a mão que segurava meu rosto e me abraçou com força, me tirando os pés do chão e apoiando meu corpo contra a cerca. Eu abracei o corpo dele com minhas pernas, trazendo seu prazer para junto do meu, eu precisava senti-lo e queria que ele me sentisse também.
Quando movimentei meu quadril de encontro ao dele um gemido rouco de prazer escapou dos seus lábios, eu podia senti-lo latejando contra mim e era deliciosa aquela sensação.
Victor desceu as mãos até a minha bunda me erguendo um pouco mais.
- Se segura em mim, eu preciso das minhas mãos livres. - Ele disse com a respiração entrecortada.
Me abracei mais ao pescoço dele e apertei minhas pernas em sua cintura. Eu podia sentir seu peito subindo e descendo com força devido a sua respiração excitada. Uma sensação de poder me tomou o corpo e a mente. Aquele era VIctor Aster, violeiro famoso, desejado pelas mais lindas mulheres, mas era eu que estava ali lhe tirando o fôlego, era eu que o estava fazendo fazia gemer de prazer em meio a um descampado no pantanal.
As mãos de Victor correram pelas minhas coxas até achar a barra do vestido, então traçaram o caminho inverso até que seus dedos quentes encontrassem a base dos meus seios. A sensação das mãos dele na minha pele apagou qualquer pensamento de minha mente e quase me fizeram explodir de prazer.
Mas ele afastou as mãos subitamente, as apoiou na cerca e separou nosso beijo erguendo o queixo e mantendo o olhar no céu. Meu corpo reagiu àquela separação inesperada e uma sensação de perda me tomou. Eu soltei minhas pernas da cintura dele e fui escorregando por seu corpo até tocar no chão.
- Tá tudo bem? - Eu o olhava, mas ele não baixou a cabeça pra responder.
- Eu não tenho idade pra isso, sinceramente, não tenho. - Victor disse sem me olhar e dando um passo pra trás, afastando o corpo que ainda me pressionava contra a cerca. Sua voz continha um pouco de angústia e, talvez, um pouco de medo.
- Tudo bem! – Eu disse em tom firme, sem ser grosseira e sai do meio dos braços dele me dirigindo a caminhonete, me acomodando no banco e batendo com força a porta. Todo aquele poder que eu sentira minutos antes agora haviam se transformado em uma enorme sensação de rejeição.
O barulho da porta batendo tirou Victor do estado de inércia que ele se encontrava. Ele se virou e caminhou até o lado do motorista respirou fundo e de forma vigorosa antes de entrar e se acomodar com o corpo virado na minha direção.
- Eu não quis ofender você. - Sua voz agora era quase um sussurro.
- Não me ofendeu. - Respondi sem olhar pra ele. - Talvez tenha me decepcionado, mas não ofendeu. - Eu tentei usar um tom neutro, mas minha voz tremeu ao completar meu pensamento.
- Decepcionado? - O tom dele era desanimado. - Não gostou do meu beijo? - Ele fez um esforço pra voz sair firme. - Ou do meu toque?
- Eu poderia fazer a mesma pergunta. – Falei em tom de desafio me virando pra ele e erguendo a sobrancelha. Só que encontrei os olhos dele nublados, quase tristes e eu me senti mais confusa do que já estava.
- Eu adorei seu toque, seu beijo, seu cheiro, a sensação do seu corpo roçando o meu... - Ele se aproximou e me abraçou.
- Então porque me afastou daquela forma? – Pergunte de forma delicada, ainda tocada pelo olhar dele. Me afastei do abraço e procurei novamente seus olhos.
- Eu já tenho cinquenta, moça! E por mais que você me faça sentir como se eu ainda tivesse 20 anos, a verdade é que não dou conta de te amar de pé, apoiado numa cerca no meio de uma estrada. - Um sorriso triste surgiu nos lábios dele. - Por mais que eu quisesse fazê-lo.
Ele não havia me rejeitado, ele realmente não havia me rejeitado. Uma sensação de alívio me tomou o corpo e deixei escapar um suspiro de compreensão quando dei conta de que eu também não aguentaria ficar pendurada nele por muito mais tempo, eu também não tinham mais vinte anos, mesmo que ele me fizesse sentir assim.
- Eu pensei que... - Victor interrompeu minha fala com um beijo.
- Jamais. - Um olhar sério e sincero encontrou com o meu quando ele afastou o rosto. – Não pense nisso nem de brincadeira. – Eu assenti com um movimento de cabeça e ele sorriu.
Victor deu novamente a partida na caminhonete e me puxou pra perto dele.
- Fica aqui pertinho de mim, mas fica quietinha, não faça nada provocante e não me deixe parar esse ferro velho novamente. – Eu dei uma gargalhada e ele me encarou com uma cara brava. – Eu estou falando sério!
- Tá bom. – Eu respondi entre risos. – Mas o que é algo provocante pra você?
- Sorrir, respirar, suspirar, falar... – Victor baixou a cabeça e me beijou delicado. – Eu quero te amar, quero agora, aqui... – A voz dele enrouqueceu e me encheu de desejo. – Mas preciso, e prefiro, te ter numa cama macia, onde eu possa me espalhar pelo seu corpo e fazer tudo que pretendo... – ele respirou fundo e completou sorrindo. - Sem pressa.
- Tá bom! – Respondi me ajeitando em seu ombro. - Só não demora muito a chegar lá, porque não sei quanto tempo consigo me comportar. – Apoiei minha mão em sua coxa e brinquei com meus dedos no tecido da calça.
- Deus me proteja! – Victor fechou as pernas prendendo minhas mãos entre as coxas me impedindo de movimentá-la e finalmente nos colocou em movimento.
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Amanhecer em Canção
RomansaAlana é uma mulher independente e completamente dona do próprio nariz. Aos 38 anos, separada e com dois filhos já encaminhados, nada lhe escapa ao controle. Mantém sua vida sob total vigilância para que nada aconteça de forma diferente do que ela pl...