Capítulo 38

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O som da viola de Victor tomou conta do salão me fazendo sorrir. Mesmo com a correria de ensaios, organização do evento corporativo e o lido com os projetos da produtora, aquela semana estava sendo um sonho. Victor, quando não estava fora, se concentrava em sua viola e era maravilhoso trabalhar com aquele som de fundo, mas maravilhoso ainda era saber que a qualquer momento eu só precisaria subir um lance de escadas e estaria com ele.

A casa era toda nossa nas noites e nas manhãs. Gi havia "se mudado" para a casa de Pedro, pra nos deixar à vontade. Eu dormia e acordava nos braços dele, ele sempre levantava primeiro e preparava nosso café, até isso com ele era diferente, eu tinha por costume só tomar uma xícara de café puro, mas era tão gostoso partilhar com ele o café da manhã que ele fazia com tanto carinho, que eu comia feliz. A hora do almoço era a correria de sempre, era sempre a hora mais louca, todo mundo resolvia ligar naquele horário, então quanto a isso nada mudara. Bem, talvez só a questão de eu não ficar quase desmaiada de fome, como sempre acontecia, uma vez que eu passara a tomar café da manhã.

Quando o expediente acabava eu subia correndo e escolhíamos junto o cardápio do jantar. Essa refeição era por minha conta e era maravilhoso cozinhar pra Victor, ele comia com tanta vontade que parecia estar degustando os melhores pratos da culinária mundial. Depois do jantar arrumávamos a bagunça e nos sentávamos no sofá, abraçados, aproveitando a presença do outro.

Saímos pra jantar fora no dia que ele chegou, fomos a um restaurante na Urca mesmo, pertinho de casa. Ernst, Pedro e Gi nos acompanharam. Mas ao voltarmos pra casa demos de cara com o site do Rei das Fofocas anunciando a presença de Victor no Rio de Janeiro. Achamos melhor então evitarmos sair até que Zé Otávio e Digão chegassem, quer dizer, eu achei melhor e Victor concordou sem qualquer argumentação contra, eu ainda não estava pronta pra toda aquela exposição e ele sabia disso.

A verdade é que era tudo tão natural entre nós que eu já começava a sentir falta da presença dele. Mesmo que ainda tivéssemos um fim de semana inteiro pela frente.

Alias, "O" fim de semana! Suspirei ao lembrar-me do encontro que aconteceria em dois dias. Mesmo depois que Victor me explicara à conversa que tivera com os filhos, conversa essa que o trouxera mais cedo pra perto de mim, eu ainda estava nervosa com aquele encontro.

- Os meninos me sentaram na poltrona da sala e falaram em tom formal "Pai, nós precisamos conversar sobre seu namoro." - A careta dele demonstrava o tamanho do susto que tomara naquele momento. - "Não aguentamos mais você com essa cara de - vou morrer de saudade a qualquer momento." - Victor agora ria ao contar. - Vinícius ligou para os irmãos pedindo socorro! Vê se pode! E eles se organizaram para Otávio ficar com ele essa semana.

- "Você parecia um morto vivo pela casa, pai!" - Vinicius havia argumentado com Victor. - "Tava todo felizinho porque a Alana vinha passar uma semana conosco, mas quando ela disse que não poderia mais ficou se arrastando pela casa, pobre viola, foi quem mais sofreu essa semana."

- Vinicius não parou por aí, acredita? - Vitor resmungara.

- "Já tem dois anos que a mamãe faleceu, eu sei que você está tentando compensar a falta dela, e pai, de verdade, você tem sido maravilhoso, mas também precisa ser feliz." - Vinicius dissera para Victor deixando-o boquiaberto. - "Eu sei que você tá apaixonado e a gente acha que você deveria ir pra lá ficar com ela na semana que antecede o show." - Victor contou que tentara argumentar sobre as provas de Vinicius e ele rira do pai. - "Como se fosse fácil estudar com alguém resmungando pelos cantos e com essa viola chorando o dia inteiro."

No final da conversa, os quatro haviam concordado que o melhor a fazer era Victor vir ficar comigo e, junto com Gi, Pedro e Ernst, haviam preparado a surpresa da chegada dele.

Amanhecer em CançãoOnde histórias criam vida. Descubra agora