- Bom dia, dorminhoca! – Victor falava baixinho no meu ouvido, seu corpo abraçado ao meu. – Como você está?
Eu tentei me mexer, mas uma pontada aguda na cabeça me impediu.
- Com dor de cabeça! – Respondi num sussurro. – Daquelas!
- Eu imaginei! – Victor manteve a voz baixa. – Eu trouxe café pra você e um remédio pra dor de cabeça!
Eu ameacei um sorriso, mas desisti quando o movimento brusco causou mais uma pontada aguda de dor.
- Vem, devagar, senta aqui! – Victor me apoiava evitando que eu fizesse esforço. Colocou dois travesseiros nas minhas costas e me deu um beijo na bochecha. – Café e remédio pra dor de cabeça. – Colocou a caneca em uma das minhas mãos e o comprido na outra. – Depois você dorme mais um pouquinho.
- Que horas são? – Perguntei zonza por conta da dor.
- Tá cedo ainda. – Victor andava pelo quarto catando minhas roupas espalhadas na noite anterior e a toalha jogada no chão. – Eu só te acordei porque você estava resmungando e levando a mão a cabeça. Achei melhor interferir antes que piorasse.
- Obrigada! – Agradeci quase adormecendo.
Victor se aproximou e tirou a caneca de café da minha mão antes que eu virasse o conteúdo.
- Dorme, chamego! – O beijo dele em minha testa foi a última coisa que senti antes de adormecer de novo.
Não sei quanto tempo eu dormi, mas o café e o comprimido pelo visto tinham feito um efeito milagroso. Abri os olhos devagar, só por segurança. Nada, nenhuma dor. Respirei fundo e me virei imaginando encontrar Victor ao meu lado.
Antes que qualquer sentimento insano tomasse conta de mim, o som da Viola entrou pela porta me arrancando um sorriso.
- Victor? – Falei o mais alto que pude.
O som da viola parou imediatamente e dois segundos depois ele estava apoiado no umbral da porta sorrindo pra mim.
- Bom dia! – Eu falei ao vê-lo.
- Bom dia, tá melhor? – Aquela ruga de preocupação se formou quando ele perguntou.
- To sim. Pronta pra outra! – Falei brincando, mas o sorriso do rosto dele se desfez imediatamente.
- Não fala isso nem brincando! – Victor respondeu sério.
- Desculpa, foi uma brincadeira de mau gosto. – Respondi sem graça.
- Foi sim! – Ele respondeu se aproximando e sentando-se na beira da cama.
- A gente precisa conversar sobre ontem, né? – Falei desanimada.
- Só se você realmente estiver bem. – Ele respondeu gentil.
- Eu to bem, poderia até falar que não estou, mas estaria mentindo. – Victor sorriu fraco enquanto eu falava. – E é melhor falarmos logo, antes que eu desista e saia correndo.
- Vou buscar seu café da manhã. Daí quando você estiver alimentada e fortinha, conversamos. – Victor se debruçou na cama e me deu um beijo suave nos lábios. – E nem adianta desistir ou fugir, eu te encontro. – A última parte foi dita num tom sério.
Assim que ele saiu do quarto eu me levantei e fui até o banheiro. A imagem que eu vi no espelho me assustou. Meus olhos ainda estavam vermelhos, assim como meu nariz, e eu tinha quase dois dedos de olheiras.
Corri pro chuveiro, um banho era o que eu precisava. Um banho normal, nada daquilo que acontecera na noite anterior. Falando em noite anterior, olhei em volta, o banheiro estava seco e arrumado, nada parecido com o ambiente que eu deixara.
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Amanhecer em Canção
RomanceAlana é uma mulher independente e completamente dona do próprio nariz. Aos 38 anos, separada e com dois filhos já encaminhados, nada lhe escapa ao controle. Mantém sua vida sob total vigilância para que nada aconteça de forma diferente do que ela pl...