- Lan, eu sei que você tá chateada e talz, mas já é a quinta garrafinha de Whisky. - Gi tinha começado a reclamar na segunda, mas eu não estava dando muita atenção as reclamações dela. Afinal trancafiada dentro de um hotel, com minha cabeça a mil e o coração destroçado, que outras opções eu tinha.
- Tá tudo bem, Gi, de verdade, ainda não cheguei ao meu limite e quando chegar eu paro, deito e durmo. - Me recostei na poltrona e estendi as pernas sobre a cama. - Me conta de novo o que ele disse pra você depois do show. - Gi fez uma cara de impaciência e eu sorri meio torto pelo efeito do álcool. Ela já havia contado duas vezes. - Por favor, Gi!!! - Juntei as mãos implorando.
- Tá, mas só se você prometer que não vai chorar dessa vez. - Eu assenti e me ajeitei na poltrona. - Quando o show acabou, cerca de meia hora depois que você saiu, eu já estava muito preocupada e já tinha enviado várias mensagens. Então saí correndo para o hall, nem fiquei para o bis. - Eu sacudia a mão pra Gi acelerar essa parte, mas ela nem se abalou. - Tentei te ligar diversas vezes e só não fiquei louca por que sei que você desliga o telefone sempre que vai a shows, peças e filmes. - Mais meia dúzia de sacudidas de mãos de minha parte e o máximo que consegui foi um sorrisinho de lado. - Ernst e Pedro, assim que o bis acabou, vieram ao meu encontro, e foi aí que eu realmente me preocupei, já que na mão de Pedro estava sua bolsa e seu casaco...
- Pula logo pra parte dele! - Eu reclamei em agonia.
- Você não quer ouvir a história pela terceira vez? - Eu assenti ansiosa. - Então vai ouvir todinha. - Gi usou um tom sério.
Eu murchei na poltrona e tomei um gole grande de whisky direto da garrafinha.
- Pedro e Ernst acharam melhor irmos de encontro a Digão, Zé e Victor, para ao menos cumprimentá-los, enquanto isso eu procurava o telefone do hotel pra verificar se você não teria vindo pra cá. - O telefone de Gi apitou o toque de mensagem e ela parou para verificar. - Pedro e Ernst estão vindo. - Eu fiz um sinal positivo com o dedo, precisava mesmo me desculpar com eles. - Digão tá trazendo eles e quer te ver.
- Ai, o que eu faço Gi? Eu não estou em condições de conversar com ninguém. - Um segundo depois meu corpo tremeu. - É só o Digão? O Victor não está vindo também? Eu não tenho condições, não tenho, não tenho mesmo...
- Calma. - Gi se concentrou no telefone, trocando mensagens com aquela agilidade louca, deve ter levado três ou quatro segundos, mas pra mim pareciam horas. - Não, só o Digão mesmo.
Um alívio tomou meu peito e falar com Digão deixou de me preocupar. Mesmo eu estando quase bêbada, provavelmente toda borrada e com os olhos inchados de tanto chorar, a única coisa que me importava era ele não estar vindo. O alívio rapidamente se transformou em dor, já que meu cérebro alterado concluiu que se ele não estava vindo as perspectivas eram muito piores do que eu imaginava.
- Lan, você disse que não ia chorar de novo. - Gi me chamou atenção no momento em que uma lágrima correu no meu rosto. Ela se aproximou se encaixou do meu lado na poltrona, me abraçando.
- Eu... falei... que... não... iria... chorar... por... causa... da... história... - Cruzei os braços no peito como uma criança mimada e contrariada.
- Mas se não é por causa da história... - Gi tentou entender a razão das minhas lágrimas.
- Ele... não... quer... me... ver... - Eu falava entre soluços.
- Alana, para com isso!!! - Gi me sacudiu de leve pelos ombros. - Você acabou de falar que não queria que ele viesse. - Um risinho escapou dos lábios de Gi e eu a olhei com cara feia.
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Amanhecer em Canção
RomanceAlana é uma mulher independente e completamente dona do próprio nariz. Aos 38 anos, separada e com dois filhos já encaminhados, nada lhe escapa ao controle. Mantém sua vida sob total vigilância para que nada aconteça de forma diferente do que ela pl...