Capítulo 26

8 1 0
                                    

Victor adormecera, eu não precisava ver seu rosto pra concluir isso, a respiração pesada, a mão que escorregara da minha cintura pra cama e o leve ressonar que escapava por seus lábios já eram provas mais que concretas. Me ajeitei melhor junto ao seu peito, com cuidado pra não acordá-lo, eu estava segura de novo, eu estava feliz. Eu estava em casa.

Fechei os olhos repassando todo aquele dia na minha cabeça, do momento em que Gi ligou até a conversa que fora interrompida a pouco pelo adormecer de Victor. Movimentei a cabeça com cuidado até encontrar seu rosto, ele dormia com um meio sorriso nos lábios e os cachos dos cabelos bagunçados pelo travesseiro lhe davam um ar juvenil. Meu coração errou de batida ao lembrar da frase dele ao chegarmos no quarto - "Moça, não sei se dou conta de ter você perto não, viu! Mas certamente, não to dando conta de ficar longe!". Essa declaração, feita de forma tão doce e carinhosa, levou consigo os meus últimos medos e, mesmo que a conversa entre nós tenha tido seus momentos difíceis e eu tenha ameaçado recuar em vários momentos, a lembrança da declaração dele me trazia de volta a um lugar seguro.

"Moça, não sei se dou conta de ter você perto não, viu! Mas certamente, não to dando conta de ficar longe!"

Assim que ele falou, eu não me contive, o abracei pela cintura e me ergui em pontas, devolvendo o beijo, mas não de forma casta como ele fizera comigo segundos antes. Eu o beijei com toda a saudade que sentia, com todos os sentimentos que me enlouqueceram por duas semanas, com toda a emoção que sentira ao ouvir suas palavras antes de cantar nossa música e também com toda a dor que me causara ouvi-lo cantar sobre nós.

- Se eu soubesse que seria recebido assim eu teria ido buscá-la depois de sua fuga! - Victor disse terminando o beijo e ainda segurando meu rosto entre suas mãos.

- Provavelmente eu não teria o recebido dessa forma. - Respondi me afastando dele e dando-lhe as costas, eu ainda me sentia envergonhada pela cena no show.

As mãos de Victor se apoiaram em meus ombros e me viraram de frente pra ele.

- Provavelmente não, mas eu gostaria de ter assumido o risco! - Victor pegou minha mão e me puxou até a cama, nos fazendo sentar lado a lado, e me beijou daquela forma intensa que só ele era capaz.

Eu já não queria mais conversar, não queria mais entender nada, naquele momento tudo que eu queria era o contato do corpo dele com o meu. Segurei a gola da jaqueta que ele vestia e deixei meu corpo cair contra o colchão, o puxando sobre mim. Mas ele não veio.

- Ah, moça, eu te quero demais, viu, mas ainda temos umas coisinhas pra resolver e eu prefiro deixar essa parte pra depois. - Eu fiz um bico de decepção, mas não tinha como discordar dele.

Me sentei novamente, o corpo virado na direção dele. Ficamos nos encarando por alguns minutos, esperando quem tomaria a iniciativa da conversa.

- O que mudou? - Victor perguntou de repente.

- O que mudou? - Eu não consegui acompanhar o pensamento dele.

- Entre a sua saída do show e agora. Você disse que se eu tivesse ido buscá-la... - Ele não precisou terminar a frase, eu já tinha entendido.

- Digão. - Respondi meio sem jeito.

- Digão. - Victor ergueu as sobrancelhas, mas não com surpresa, com compreensão.

- Ele tem um jeito especial de explicar as coisas e as pessoas. Ele gosta muito de você. - Eu respondi sem entrar muito em detalhes.

- Humm. - Victor claramente esperava mais da minha explicação.

Amanhecer em CançãoOnde histórias criam vida. Descubra agora