Capítulo 21

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Eu estava num canto do teatro observando o movimento, já havia avistado Ernst, Pedro e Gi na primeira fileira de mesas, as mais próximas do palco. Revirei os olhos sorrindo. O que eu esperava? Que estivessem sentados no fundo do teatro? Eu não daria essa sorte.

Eu havia chegado logo assim que o teatro abrira, evitei r ao encontro dos meus amigos no hotel, decidira que só me aproximaria quando o show começasse, assim evitaria o interrogatório que certamente aconteceria.

Mas minha presença não passara despercebida por Gi, não sei se ela havia me visto ou se confirmara na bilheteria a retirada do meu convite, sei que minutos depois deles se acomodarem meu telefone vibrou com uma mensagem de dela.

"Que bom que você veio"

As luzes se apagaram e o terceiro sinal soou. Caminhei lentamente em direção à mesa, mas somente quando a cortina começou a abrir é que me aproximei e sentei no local reservado para mim.

Gi me olhou sorrindo, claramente satisfeita por eu ter cedido aos apelos dela, já Pedro e Ernst me olhavam embasbacados e suas bocas estavam em forma de "O".

- Lan...

- Bebê..

Ambos ameaçaram falar, mas eu fiz um gesto de silêncio e apontei para o palco.

- Vai começar! – Eu disse baixinho, me ajeitando na cadeira, não dando espaço para comentários e especulações.

Gi pegou minha mão e a apertou em um gesto de apoio para logo depois se esticar toda na minha direção  e depositar um beijo em minha bochecha.

- Você não vai se arrepender. - Disse baixinho só para os meus ouvidos.

Eu a olhei de rabo de olho com uma sobrancelha erguida demonstrando toda a minha dúvida quanto aquela afirmação, depois dei de ombros por não saber o que responder e foquei novamente no palco.

As luzes do fundo do palco se acenderam iluminando a banda já presente. Uma introdução instrumental que passeava rapidamente por músicas famosas caipiras começou a ser executada e três focos de luz surgiram em três bancos vazios, como que convidando os três amigos ao palco.  Quando a banda encerrou a introdução as luzes do fundo se apagaram e somente os três focos permaneceram acesos. O público começou a aplaudir e assobiar na expectativa da chegada das estrelas daquela noite.

E eles logo vieram. Do fundo do palco surgiram três sombras que conforme se aproximavam do foco mais fácil ficava definir quem era quem.

Eu sorri, mesmo que fosse um leve vulto, mesmo que eles jamais entrassem nos focos de luz, eu sabia exatamente quem era quem e olhava fixamente em só uma posição, ansiosa. Meu coração já estava disparado desde que eu chegara ali, mas a presença de Victor tão perto o acelerou mais, me tirando completamente o fôlego.

Quando eles finalmente se encaixaram no foco de luz, Victor surgiu com aquele sorriso sedutor meio lateralizado e tocou a aba do chapéu pra cumprimentar a plateia que agora ovacionava a entrada deles. Um sentimento dolorido tomou meu corpo com força e eu precisei fechar os olhos pra controlar a emoção que me tomava. É claro que eu havia pensado nele várias e várias vezes naquelas duas semanas, mas só ao vê-lo ali na minha frente é que percebi o tamanho da saudade que havia sentido.

Nenhuma daquelas sensações fazia muito sentido pra mim, eu jamais me sentira assim em relação a ninguém. Sim, eu já tinha me apaixonado, eu já tinha casado com o homem que pensei ser o meu grande amor e depois de me separar dele eu havia conhecido outras pessoas, mas aquela intensidade de sentimentos, e em de forma tão rápida, só Victor conseguira causar.

Amanhecer em CançãoOnde histórias criam vida. Descubra agora