- Lan!
- Vitão!
Digão e Gi nos chamaram ao mesmo tempo quando nos aproximamos do caramanchão. Victor tinha a mão sobre os meus ombros e eu mantinha as minhas paralelas ao corpo. Nos olhamos sorrindo.
- Guarda a próxima dança pra mim! – Ele disse e começou a se afastar. Como não me mexi ele se aproximou de novo. – O que?
Todas às vezes anteriores que ele havia se afastado, antes de fazê-lo, ele fazia aquele gesto charmoso de tocar a ponta do chapéu e inclinar levemente a cabeça, só que dessa vez não fizera e, ridiculamente, senti falta daquilo.
Ele me olhava nos olhos e eu toquei a minha testa com a ponta do dedo, imitando o gesto que eu sentira falta. Um sorriso amplo sorriu no rosto dele.
- A moça é observadora! – Tocou a ponta do chapéu e me arrancou um sorriso tão largo quanto o dele. – Eu gosto!
Ele voltou a se afastar e comecei a andar na direção onde estava Gi, indo ao seu encontro.
- Moça! – Ele me chamou e eu me virei pra ele. – Não esquece minha dança!
- Não esqueço. – Respondi sem jeito. Ele tocou o chapéu agora de forma exagerada e se virou, seguindo o caminho em direção a DIgão e Zé Otávio.
Quando eu me aproximei de Gi ela começou um interrogatório ensandecido, não me dando tempo de responder.
- Lan, o que rolou? Que capa é essa? Eu acho que vi um beijo. Vocês se beijaram? Ele estava te abraçando, né? Me conta tudo.... Eu sabia que esse vestido era imbatível... Eu e o Pedro estávamos loucos de curiosidade. Pera que eu vou chama-lo...
- Gi... – Eu chamei rindo quando ela ameaçou chamar o Pedro.
- Que? – Ela respondeu toda agitada.
- Eu converso com o Pedro depois, agora preciso conversar com você. – GI assentiu e abriu um sorriso ansioso.
- To aqui, pode contar. - A ansiedade escapava pelos poros dela fazendo seu corpo balançar um pouco de uma forma engraçada.
- A capa eu acho que é dele, ele foi pegar pra mim, achou que eu estava com frio...
- E estava? - Gi me interrompeu.
- Na verdade não...
Eu expliquei pra ela toda a conversa, o que eu falei, o que ele falou, contei dos dois beijinhos quase castos e finalmente da proposta final.
- Eu to chocada, Lan! - Gi fez uma careta acompanhada de um gesto teatral. - Como assim ele "armou" pra te pegar? Ai, eu acho que estou meio decepcionada, eu estava tão empolgada. Eu e o Pedro já tínhamos até dado nome pro shipper. Ai, meu Lanitor, que triste. - Um bico desgostoso se formou na boca de Gi.
- Gi, você escutou tudo que eu disse? - A decepção dela era tão latente que eu fiquei tocada.
- Eu ouvi, claro que eu ouvi. Mas é que... - Ela torceu a boca antes de continuar, - Achei meio uó ele olhar e pensar - "Quero comer e vou armar pra conseguir", porque, de grosso modo, foi isso, né?
- É. – Respondi meio confusa. O pior é que Gi tinha razão e eu não tinha pensado por esse lado. Estava tão encantada que talvez não tivesse visto a realidade escancarada em minha cara. Eu estava me sentindo aquelas fãs que o ídolo pode fazer um monte de besteiras e elas acham tudo lindo. Meu sorriso murchou e Gi me abraçou carinhosa.
- Mas de qualquer forma ele repensou, né? E foi sincero em te contar. E foi muito legal a proposta dele. E isso é positivo. - O tom dela agora era conciliador.
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Amanhecer em Canção
RomanceAlana é uma mulher independente e completamente dona do próprio nariz. Aos 38 anos, separada e com dois filhos já encaminhados, nada lhe escapa ao controle. Mantém sua vida sob total vigilância para que nada aconteça de forma diferente do que ela pl...