Epílogo

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O Teatro estava lotado. Lua olhava pela fresta da cortina e dava saltinhos de felicidade.

- Você não está nervosa? - Victor perguntou puxando Lua para o colo.

- Não papai, eu to calma. E você? - Lua respondeu sorrindo do alto dos seus sete anos de idade.

- Eu to nervoso. - Victor falou rindo do jeito despojado de Lua.

- E você mamãe? - Lua quis saber se jogando no meu colo.

- Eu também to nervosa. - Respondi também sorrindo.

- Hum. - Lua tamborilou os dedos no queixo pensando, ela era uma misturinha perfeita de jeito e aparência de Victor e eu. - Será que todos estão nervosos menos eu?

- Certamente que sim. - Victor beijou o rosto de Lua.

- Por quê? - Lua franziu a testa. - Vocês fazem isso sempre.

- Porque hoje não é um show qualquer, é o seu show, o seu presente. - Eu falei apertando Lua nos braços enquanto voltávamos para os bastidores.

- E é importante ficar nervoso, isso nos deixa atento para não cometer nenhum erro durante o show. - Victor complementou sua fala tocando a ponta do nariz de Lua. - Segurança demais nos deixa distraídos.

- Hum... - Mais uma vez Lua tamborilava os dedos, da mesma forma que Victor costumava fazer.

Assim que avistou Digão pulou do meu colo e correu em direção a ele.

- Vô, eu to nervosa! - Ela disse numa calma que não combinava com a fala.

- Ah é, menininha! Por quê? - Digão abaixou para beijar-lhe o rosto.

- Porque papai disse que é importante, pra gente não ficar distraído. - A risada de Digão tomou o hall dos camarins.

- Certamente ela puxou a você nessa transparência exacerbada. - Falei abraçando Victor pela cintura.

- Certamente ela puxou a você nessa rapidez de pensamento. - Ele respondeu sorrindo.

Lua era decidida, independente, criativa e quando cismava com alguma coisa era quase impossível fazê-la mudar de ideia.

Há um ano decidira qual seria seu presente de aniversário, cantar num show com todos da família. Ou seja com Victor, Digão, Zé Otávio, Otávio, Vinicuis, Gi, Pedro, Ernst. Lucas, Antonio, Laura e eu.

"- Mãe, pai, acordem! Eu tive uma ideia incrível e já sei o que quero de presente de aniversário. - Lua pulava na cama e balançava Victor e eu.

- Que horas são? - Victor perguntou sonolento.

- Três horas da manhã. - Eu respondi olhando verificando o celular na cabeceira.

- Mocinha, sua festa de aniversário acabou a cerca de cinco horas, agora só ano que vem. - Victor resmungou.

- Mas é para o ano que vem mesmo. - Lua falou firme. - Eu já sei o que quero de presente para o ano que vem.

- Lua, a gente tá morto. – Victor resmungou entre bocejos, mas sentando-se na cama para dar atenção a ela.

- Vai dormir meu amor, amanhã de manhã conversamos sobre isso. - Eu pedi com carinho me levantando e pegando ela no colo. - Vou te levar pra cama. – Victor sorriu agradecido e eu fiz uma careta. Se deixasse por conta dele escutaríamos a ideia de Lua naquele momento mesmo.

- Mas eu já pensei em tudo e se eu dormir agora vou esquecer. - Lua argumentou emburrando.

- Amanhã, Lua! - Falei decidida.

Amanhecer em CançãoOnde histórias criam vida. Descubra agora