O final do fim de semana transcorreu tranquilo. No sábado logo depois do almoço a família de Victor voltou pra São Paulo e fomos todos em carreata leva-los. De noite Victor foi para o teatro e dessa vez eu não o acompanhei, aproveitei para sair com meus filhos, já que era raro tê-los juntos. E, é claro, passamos a noite juntos.
No domingo ficamos de preguiça, curtindo um ao outro até a hora do almoço, quando Digão, Zé Otávio, Lucas, Laura, Pedro, Ernst e Gi vieram almoçar. No fim do almoço Victor chamou Ernst para uma conversa e pela cara de poucos amigos de ambos, não foi das melhores. Eu acompanhei Victor ao teatro, assisti o show do bastidor e, só quando já estávamos em casa, que perguntei o teor da conversa dele com Ernst.
Victor disse que explicou a Ernst que se sentira incomodado com o recado dele, que entendia nossa amizade, mas que se ele pudesse se controlar um pouco ele se sentiria mais à vontade. A questão foi que Ernst não o levou a sério e ainda fez piada do assunto, o que deixara Victor bastante chateado. Eu tentei por panos quentes, queria que eles fossem amigos, prometi que conversaria mais uma vez com Ernst e que com o tempo a relação entre eles melhoraria. Victor assentiu, mas claramente não acreditara naquela opção.
Agora estávamos no meio da sala aguardando o carro que levaria Victor para o aeroporto e para longe de mim por um longo período.
- Não faz esse bico, chamego! - Victor segurava meus lábios entre os dedos. - Já é difícil ir embora, com você fazendo essa cara se torna quase impossível.
- Então não vá. - Me abracei a ele com força.
E assim ficamos até que Gi gritou do salão:
- Victor, seu carro chegou!
- Eu te amo! – Victor declarou e me beijou em seguida.
- Eu te amo! - Eu respondi quando nos afastamos.
- Não esquece sua promessa. – Victor pediu enquanto segurava meu rosto entre suas mãos.
- Que promessa? - Perguntei de implicância.
- Alana! - Victor me olhou sério.
- Pode deixar, não vou esquecer. Qualquer dúvida, qualquer caraminhola eu pergunto pra você antes de enlouquecer. - Levantei a mão direita e sorri. - Tá prometido.
- Se cuida. Não se esquece de comer e vê se toma café da manhã direito. - Victor beijou a ponta do meu nariz e se abaixou para pegar a mochila e a caixa da viola.
- Como eu vou fazer sem você aqui pra cuidar de mim? - Fiz mais um bico, agora pra enfatizar meu drama.
- Você até que se saiu bem antes d'eu chegar. – Victor falou em tom brincalhão e eu mostrei a língua pra ele. - Além disso, já pedi socorro a Gi pra me ajudar nesse assunto.
Eu bufei fingindo irritação.
- Nem adianta bufar. - Victor sorria. - Roubei a Gi para o meu lado, agora somos os dois contra você.
A última frase foi dita ao chegarmos ao último degrau.
- Não é justo. - Reclamei.
- E quem disse que a vida o é! - Victor se virou e me deu um beijo.
Gi se aproximou e se despediu dele com um abraço, confirmando que ficaria de olho em mim. Pedro logo fez o mesmo e também se bandeou para o lado de Victor.
- Assim não é possível, não vou ter ninguém do meu lado? - Perguntei rindo.
Ernst se levantou e apoiou o braço em meu ombro.
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Amanhecer em Canção
RomansAlana é uma mulher independente e completamente dona do próprio nariz. Aos 38 anos, separada e com dois filhos já encaminhados, nada lhe escapa ao controle. Mantém sua vida sob total vigilância para que nada aconteça de forma diferente do que ela pl...