A saída do caramanchão ou da "pista" de dança, foi completamente diferente da forma com que nós chegamos ali. Agora tínhamos as mãos dadas e caminhávamos nos olhando, sem prestar muita atenção no caminho que fazíamos. Eu não sabia pra onde ele me levava e nem o que exatamente ele tinha em mente, eu só o acompanhava, ansiosa. Nos aproximamos do quiosque e Victor parou, virou-se de frente pra mim e segurou minha outra mão.
- Eu não quero me separar de você e correr o risco de você se distanciar de novo. - Ele me olhava de forma doce e sua voz era baixa. Eu apenas balancei minha cabeça negativamente em resposta. - Eu vou falar com o DIgão. - Eu assenti, meus olhos fixos no dele. - Você não quer falar com a Gi?
Eu olhei em volta e não a encontrei, mas avistei o Ernst próximo da mesa de serviço.
- Vou falar com o Ernst. - Falei num fio de voz.
Victor fez uma cara meio debochada e eu reagi automaticamente.
- Eu não tenho nada.... - Ele não me deixou terminar. Soltou uma das minhas mãos e se aproximando, segurou meu rosto e depositou um beijo suave e demorado na minha testa.
- Eu sei. - Victor falou ao se afastar e me olhar nos olhos. - Dois minutos? - Perguntou sorrindo.
- Dois minutos. - Eu concordei.
Não soltamos nossas mãos de imediato, ficamos ali nos olhando e nos afastamos devagar, procurando manter o contato com as mãos até não ser mais possível. Victor tocou a aba do chapéu e piscou antes de se virar na direção de Digão. Eu o observei por alguns segundos, ele tinha um andar altivo, calmo, ele transbordava segurança e aquilo me encantava. Eu sorri e me virei indo de encontro a Ernst que conversava com alguns locais.
- Com licença. - Falei com suavidade e Ernst se virou pra mim com um sorriso feliz no rosto. - Preciso falar com você um segundo. - Anunciei de forma gentil.
Ernst falou alguma coisa e arrancou risos das pessoas, depois se aproximou com um olhar sério.
- Tudo bem, Bebê? - Perguntou com real preocupação.
- Tá sim. - Respondi tranquila. - Eu vou dar uma volta e não queria que vocês ficassem preocupados. Avisa a Gi pra mim, por favor. - Ernst olhou por cima dos meus ombros e sorriu. Eu não me contive e virei na direção que ele olhava.
Victor caminhava em nossa direção em passos lentos, um sorriso tomou meu rosto ao vê-lo. Ernst apoiou as mãos em meus ombros e me empurrou de levinho na direção de Victor.
- Vai dar sua "voltinha"! - Disse rindo e me deu um beijo na bochecha me lançando um olhar sem-vergonha.
Caminhei de encontro a Victor ainda sorrindo.
- Aonde vamos? – Perguntei curiosa.
- Onde possamos ver para onde essa noite nos leva. – Victor piscou charmoso e segurou minha mão com firmeza.
Eu assenti e o segui quando ele começou a caminhar. Victor mantinha seu olhar no meu pelo percurso que nos levou até o estacionamento. Parou em frente a uma caminhonete azul, abriu a porta do lado do carona e fez uma mesura exagerada.
- Pedi a Digão a caminhonete emprestada, eu não vim de carro. – Victor explicou sorrindo.
Eu olhei pra ele, pra caminhonete e pra ele de novo sem conseguir controlar a decepção em meu rosto. Entrei na caminhonete e me acomodei, aguardando ele dar a volta e fazer o mesmo.
- Senta mais perto. - Victor me chamou batendo a mão no banco ao seu lado. Era um modelo daqueles antigos que o banco é inteiro e a marcha fica atrás do volante e eu estava sentada bem colada a porta do carona.
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Amanhecer em Canção
RomanceAlana é uma mulher independente e completamente dona do próprio nariz. Aos 38 anos, separada e com dois filhos já encaminhados, nada lhe escapa ao controle. Mantém sua vida sob total vigilância para que nada aconteça de forma diferente do que ela pl...