Capítulo 51

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9 meses depois

Lua dormia tranquila no sling amarrado em meu corpo. O movimento natural causado pelo caminhar do cavalo que montávamos a embalara e ela dormira quase instantaneamente. Os braços de Victor me envolviam a cintura, um apertadamente me puxando contra seu corpo e o outro um pouco mais frouxo, conduzia o manga-larga que montávamos.

- Viu, foi uma excelente ideia, eu falei que ela dormiria logo nos primeiros passos. - Vitor falou roçando o queixo agora barbudo no meu rosto.

- Meu amor, você é um gênio! - Eu me apoiei mais contra ele forçando o quadril para trás.

- Chamego, assim esse passeio não dura mais dois minutos! - A mão que circundava minha cintura procurou uma brecha de pele entre a camiseta que eu usava e o cós da calça.

Eu apenas sorri e mantive a posição, o balançar do cavalo faria o resto do serviço por mim.

Lua completara um mês e meio no dia anterior, tecnicamente meu período de resguardo já havia terminado há cinco dias e eu estava desesperada para senti-lo por completo novamente. Há cerca de três meses que não o tinha todo dentro de mim. Sim, eu estava contando e a cada dia minha necessidade por ele só aumentava.

No último mês de gravidez não houve santo, nem médico, que o convencesse que poderíamos nos amar sem risco algum. Que não havia perigo nenhum e que não afetaria em nada o bebê, muito pelo contrário, era bastante saudável. O ápice da discussão aconteceu depois de Victor ter me levado ao céu por duas vezes com seu toque e eu exigira que o próximo fosse com ele me tomando por inteira. Victor parara imediatamente as carícias que fazia e batera pé firme.

"- Não vai acontecer, Chamego, pode vir quem for dizer que tudo bem, não vai acontecer. - Victor declara de forma definitiva."

Claro que eu não aceitei, argumentei de várias formas e ele não cedeu. Fiquei tão brava com ele que o mandei dormir no sofá.

"- Se não vai me amar direito também não vai dormir comigo! - Declarei pegando o travesseiro e o empurrando contra o peito dele. - Onde já se viu, parece uma mula empacada!"

Victor não argumentou, apenas abraçou o travesseiro e saiu do quarto com uma carinha tão triste que eu quase o chamei de volta, só não o fiz por pura birra. Se eu não teria o que queria ele também não teria.

O problema é que eu me acostumara a dormir com ele abraçado em mim, me ninando. Victor ajeitava o travesseiro da forma mais confortável pra minha barriga, depois a acariciava e cantava baixinho no meu ouvido até eu adormecer. Durante os nove meses de gravidez poucas foram as vezes que dormimos separados e, sempre que ele não estava, minhas noites eram insones. Então minha decisão durou não mais que uma hora.

Depois de tentar me ajeitar de todas as formas e não conseguir fui buscá-lo na sala.

"- Eu não consigo dormir. - Falei ao encontrá-lo sentado no sofá com cara de poucos amigos. - E pelo visto nem você."

Victor não disse uma palavra, apenas levantou, pegou minha mão, nos encaminhou de volta ao quarto, ajeitou o travesseiro apoiando minha barriga da forma que só ele sábia fazer, me abraçou e disse baixinho antes de começar a cantar.

"- Dorme, chamego! Já to aqui."

Não, a "expulsão" dele não passou em branco. Ele passou o dia seguinte inteiro sério e meio distante. Quando fomos deitar e eu ameacei começar de novo a discussão sobre sexo, Victor me olhou sério e cruzou os braços no peito.

"- Eu entendo você. Será que não dá pra você se esforçar um pouquinho e me entender também? - A cara de poucos amigos estava lá, agora mais intensa que na noite anterior. - Eu te quero demais e é um martírio pra mim não te ter por completo...

Amanhecer em CançãoOnde histórias criam vida. Descubra agora