Knockdown #1

Prólogo

8 anos atrás.

Sinto outro soco me atingir, dessa vez na mandíbula, e a dor que sinto faz minha cabeça girar enlouquecidamente. Não consigo raciocinar direito, tudo dói.

-Que decepção. -O homem me encara com desprezo e cerra os olhos em minha direção. Sua voz grave e raivosa atinge meus típanos como choque. -Eu realmente esperava mais de você, Jason.

Outro chute forte em minha costela.Sinto o sangue escorrer por minha face, deixando minha visão turva. Estou enxergando tudo vermelho, por conta do corte na minha cabeça que sangra a ponto de manchar todo o meu rosto.

-E-eu...eu sinto...muito... -Sussurro com a voz trêmula e fraca. Meus pulmões queimavam, implorando por ar, tornando cada respiração uma tortura.

-Você só tinha um dever. -Ele anda de um lado pro outro, gesticulando com as mãos. -E não foi capaz de cumpri-lo. Não foi capaz de matar aquele inútil!

-E-eu não estava...pronto... -Contraio o rosto ao sentir todas as dores das pancadas me atingirem ao mesmo tempo, causando choques dolorosos por todo o meu corpo.

-Claro que não. -Ele meneia a cabeça, em negação. -Você é um covarde. É fraco. Você se importa demais com os outros. É defeituoso. -Sua voz sai carregada de nojo. Porque ele simplesmente não me mata e acaba logo com isso? -Mas, isso vai mudar a partir de agora. Eu não vou mais tolerar nenhum erro seu. Vou te consertar, garoto. Chega de envergonhar o meu nome. Está na hora de mostrar que o sangue dos Martinelli corre por suas veias.

-Sim, pai. -O medo rasga minha garganta. Eu não quero ser esse monstro como meu pai. Mas não sou forte o suficiente pra fugir de tudo isso. Eu sou um fracasso ambulante.

-Que bom que você entendeu. -Sua voz se suaviza. -Héctor te levará até o hospital. Como das outras vezes, você dirá que foi assaltado, entendeu?

-Sim, senhor. -Digo em um sussurro.

Como Thomas Martinelli pode ser tão cruel? Ele acabou de me espancar, seu próprio filho, e agora está agindo como um pai preocupado.

O medo volta a me invadir. Querendo ou não, eu vou me transformar no mesmo ser desprezível que ele.

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