3. Quem brinca com fogo

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Alguns mistérios não devem ser desvendados. -Castle.

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Megan Rostova.

Desde que me entendo por gente, eu sempre fui apaixonada por séries policiais.

Passava horas na frente da TV, tentando descobrir quem era o assassino antes dos investigadores. Na maioria das vezes, eu conseguia, e isso me deixava feliz pelo resto do dia.

Meus pais se preocupavam, porque as cenas fortes de assassinato, corpos sem vida e ensanguentados, nunca me assustaram. Eu sempre tive certeza de qual profissão queria ter. Uma agente federal.

Quando eu completasse 18 anos, voltaria pros EUA, e trabalharia no FBI, com aquele distintivo dos sonhos, protegendo e garantindo a segurança nacional.

Mas, a vida não é perfeita.

Eu descobri isso da pior maneira.

-Megan! -Me assusto quando ouço a voz de Iza me chamar.

-O que? -Apoio minhas mãos no balcão e a encaro.

-Eu perguntei o que você vai querer beber. -Ela responde impaciente.

Só então me dei conta de que estava no bar onde ela trabalha, sentada em um dos típicos bancos altos, e que novamente me perdi em meus próprios pensamentos.

-Me dá uma cerveja. -Dou de ombros.

-Você tá muito quieta. Porque não vai dançar um pouco, se divertir....? -Ela arqueia as sobrancelhas e aponta pra pista de dança.

-Não tô afim, Iza. -Respondo secamente. -Na verdade, eu só tô aqui porque você me obrigou. Desde que aquele babaca tentou roubar meu carro, eu não sinto mais a mínima vontade de ficar aqui. Não sei como você aguenta. Aqui só tem gente barra pesada.

-E você acha que eu não sei? -Ela ri sem humor. -Eu só continuo trabalhando aqui porque gosto desse lugar. E essas pessoas são sim perigosas, mas... eu conheço todas elas. Então, nem me preocupo.

-Porque não foi o seu carro que tentaram roubar. -Rebati.

-Quanto a isso, relaxa. -Ela sorriu. -Se você enfrentou ele, garanto que nunca mais vai vê-lo. Ninguém quer ser espancado duas vezes pela mesma garota.

-Espero que você esteja certa. -Tomei um gole da minha cerveja. -Não quero continuar vindo aqui sempre com medo de alguém tentar me matar.

-Garanto que vou manter sua segurança. Ninguém encosta na minha amiga. -Iza piscou, e eu ri. -Agora, você precisa se divertir. Desde que chegou da Rússia, só fica trancada naquele apartamento, estudando que nem uma condenada.

-Se eu quiser ser agente federal, preciso estudar, né? -Ironizo. -Logo, meu treinamento vai começar, e eu preciso estar preparada.

-Mas, isso não significa que você precisa abandonar sua vida...

-Eu vim pra Washington com um único propósito. -Encaro ela, que revira os olhos, e respira fundo.

-Recomeçar do zero. Eu sei.

-Então, para de tentar me levar pro mau caminho, senhora Perigo. -Brinco e ela ri.

-Eu só quero que você seja feliz, Megan. Feliz de verdade.

-Foi por isso que eu abandonei tudo em Moscou. Pra conseguir essa verdadeira "felicidade". -Faço aspas com as mãos.

-Me dá o de sempre, Bessa. -Ouço uma voz masculina atrás de mim se aproximar.

Essa voz.

Ele se senta ao meu lado, encarando fixamente minha amiga.

-Que veneno você vai querer dessa vez? Se o de rato não te matou, vou ter que apelar pra um mais forte. -Iza diz ironicamente, fazendo ele rir. -Não me chame pelo meu sobrenome, você sabe que eu odeio.

-Vá em frente, amor. Coloque o veneno que você quiser. Mas, seu sobrenome não vai ser apagado da minha memória, Bessa.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI???

Iza conhece esse babaca? E pior. Ela ainda fica de gracinhas com ele, o mesmo babaca que tentou roubar meu carro, e ainda me ameaçou de morte? Argh.

-Tomara que você se engasgue, e morra. -Digo com raiva.

O babaca se vira no mesmo instante. Qualquer sombra de sorriso que ele tinha, morreu no momento em que nossos olhares se cruzaram. Seu rosto ficou vermelho de raiva, e a tensão se instalou no local.

-Você... -Ele rangeu os dentes, cheio de ódio.

-Eu. -Sorri cinicamente. -Em carne, osso, e beleza pura mesmo.

Ele me fuzilou com o olhar.

-Vocês se conhecem? -Iza perguntou confusa.

-Foi esse merda que tentou roubar o meu carro. -Respondi sem desviar o olhar do dele.

-O que? -Ela praticamente gritou e seus olhos se arregalaram. -Você tentou roubar o carro dela, Jason?

Jason. Esse é o nome do babaca.

-Peraí, quem é essa? -Jason apontou pra mim e encarou Iza.

-Minha amiga. -Iza deu de ombros. -Somos vizinhas.

-Cala a boca, Bessa! -Praticamente grito. Vai que ele saiba onde ela mora, e vá atrás de mim, me matar enquanto eu durmo. Nunca se sabe.

-Ei! Não me chama assim!

-Então, vocês são amigas... -Ele pareceu ficar mais calmo. -Voltar aqui depois de me agredir daquela forma... Você é mais burra do que eu pensei.

-Você vai fazer o que? Me matar? -Sorrio sarcasticamente. -Tô morrendo de medo.

Encaro ele desafiadoramente. E pela primeira vez, noto o quanto ele é bonito. Com seus olhos raivosos e fulminantes me fuzilando, seus lábios carnudos e rosados, e seu corpo atlético.

Pena que ele é um idiota. Foi tão fácil seduzi-lo.

-Não, é claro que ele não vai te matar. -Iza quebrou o clima tenso. Ela parecia nervosa. -Jason jamais faria isso.

Jason a encarou com o cenho franzido, e ela manteve o contato visual com ele, em uma conversa silenciosa.

-É. -Jason responde por fim. -Eu nunca machucaria ninguém, muito menos você.Desculpa se passei essa impressão.

Ele falou a última parte com sarcasmo, e minha confusão aumentou. Há menos de um minuto, ele estava tão furioso, que eu realmente temi por minha vida. E agora, se acalmou, e até pediu desculpas. Isso é no mínimo estranho.

Resolvi não ligar muito pra isso. Esse tal de Jason não parecia ser perigoso.

♣♣♣♣♣♣♣♣

Esses dois ainda vão brigar demais...

O que vocês estão achando?

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