17.1: Tempos difíceis

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Estou falando de criminosos que importam. Esses que vocês não encontram porque nem sabem que existem. -Raymond Reddington.

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Jason Martinelli.

Enquanto pego Megan em meus braços, e caminho com ela adormecida, não consigo evitar o sentimento de dúvida que se aloja em meus pensamentos. Coloco ela com cuidado na cama pra não acordá-la. Ela resmunga, mas não acorda. Verifico sua temperatura, ainda está normal. Ela parece tão serena dormindo. E eu queria tanto passar a noite aqui, apenas admirando-a.

Desde que ela dormiu, há algumas horas, comecei a pensar sobre nós dois.

Em como nossas vidas são completamente diferentes. Em como é loucura continuar insistindo em ficar perto dela, quando eu sei que isso não vai acabar bem. Em como eu não devia me importar com ela do jeito que me importo. Em como ela não devia despertar esse sentimento em mim de que posso ser feliz, sem ter sangue nas mãos. Em como eu eu fico louco pra beijá-la toda vez que ela chega perto de mim. Em como ela é a mais perfeita paz, enquanto eu sou a mais perfeita guerra. Em como nossos mundos colidem de uma forma tão devastadora e bonita.

Saio do apartamento dela ao mesmo tempo que Izabelly destranca a porta do seu. Nos encaramos assustados, ambos surpresos, e o rosto dela empalidece.

-J-Jason... -Ela diz ainda surpresa. Seu batom vermelho está destacando o rosto branco como papel. Ela está maquiada, e arrumada demais. Os saltos altos estão em suas mãos.

-Onde você estava? -Fecho a porta de Megan, e me aproximo de Iza.

-Me divertindo como a mulher livre que eu sou. -Ela sorri cinicamente, mas logo fica séria. -Porque você tá saindo da casa da Megan às 4h da manhã?

-Eu... -Começo, mas ela me interrompe.

-Jason, vocês estão transando? -O rosto dela fica em choque. -Ah, meu deus!

-Não, Iza, nós não estamos transando. -Faço uma careta. -Apesar de que eu queria muito. -Completo, baixo.

-Não minta pra mim. -Ela parece irritada. -Você não pode simplesmente entrar na vida dela dessa forma, sabendo que tudo não passa de uma grande farsa. Ela nem sabe quem você é de verdade! -Iza está visivelmente nervosa, gesticulando com as mãos freneticamente.

-Ela matou um homem pra me salvar, Izabelly. Ela se importa comigo. De verdade. Não acho que minha verdadeira natureza vai fazê-la se afastar de mim. -Rebato, mas consigo sentir  o gosto amargo da mentira em minhas palavras.

Megan jamais me perdoaria se descobrisse a verdade sobre mim.

-Acho que está na hora de termos uma conversa. -Ela me puxa pelo braço pra dentro de seu apartamento.

-Eu aceito uma bebida. -Digo ironicamente, e ela revira os olhos.

Me sento na bancada da cozinha, ela, ao meu lado, já com uma garrafa de vinho e dois copos na mão. Pego a bebida, e tomo um gole, me preparando pra uma longa conversa.

-O que tá rolando entre vocês dois? -Ela é direta. -De verdade.

Solto um longo suspiro.

-Sinceramente? Nada demais.

-O que você estava fazendo na casa dela às 4h da manhã? Não parece ser nada demais.

-Ela está doente, eu tava cuidando dela. -Digo baixo.

-Viu? É disso que eu tô falando. Você está entrando na vida dela. Está deixando ela se apaixonar por você. E porque? Pra partir o coração dela quando se cansar? Isso não passa de uma diversão pra você, não é? -Iza diz duramente.

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