38: eu vou te amar como se eu fosse te perder

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Eu me encontro sonhando acordada
Como na cena de um filme que todo coração partido conhece
Estávamos andando sob a luz da lua e você me puxou para perto
De repente você desapareceu e então eu estava completamente sozinha
Acordei em lágrimas, com você ao meu lado
Um suspiro de alívio e eu percebi
Não, o amanhã não nos é prometido
Então eu vou te amar como se eu fosse te perder
Eu vou te abraçar como se eu estivesse dizendo adeus
Onde quer que estejamos, eu vou te valorizar
Pois nunca sabemos quando
Quando o nosso tempo irá acabar ".

like i'm gonna lose you, meghan trainor.

⚡⚡⚡⚡⚡⚡⚡⚡⚡⚡⚡

MEGAN ROSTOVA.

Eu mexo minhas pernas descontroladamente. Tento me concentrar no que está acontecendo ao meu redor, mas parece que fui transferida para algum tipo de universo paralelo, onde apenas observo tudo acontecer sem poder participar.

Alguém toca meu ombro. Saio do meu transe em um súbito, encontrando os olhos cansados de Jason. Ele me fita por longos segundos e sorri fraco. Não tenho forças pra retribuir o gesto.

— Foi um dia difícil. Eu fiz um chá de camomila pra você. — Ele me entrega a xícara com o líquido fumegante. — Vai te ajudar a dormir.

Fico encarando a xícara, minhas mãos tremendo descontroladas. O antídoto pro veneno já fez efeito e as alucinações pararam, mas eu ainda estou presa naquele pesadelo. Revivendo cada segundo apavorante.

— Tudo bem. Vamos esquecer o chá. — Ele pega a xícara quando percebe que eu não vou tomar. — Vamos pra cama.

Ele me leva pro meu quarto e me põe pra dormir como um bebê. Seus braços fortes me seguram protetoramente, seu cheiro me acalma. Ele pega em um sono pesado em poucos minutos, mas eu me recuso a fechar os olhos e voltar pra escuridão. Quando me dou conta, já estou chorando outra vez, as lágrimas escorrendo por meu rosto.

Com cuidado pra não acordar Jason e pra não machucar meu pulso torcido, me desvencilho dele e saio de lá antes que meus soluços fiquem mais altos e ele acorde. Ele está tão cansado.

Vou até a cozinha e pego uma garrafa fechada de whisky no armário. A agonia em meu peito me sufoca de uma forma esmagadora, como se lâminas afiadas estivessem sendo cravadas nas minhas costas, de novo e de novo. A bebida sai rasgando minha garganta. Aprecio a queimação momentânea.

Em poucas horas, eu vou precisar ir ao funeral do meu melhor amigo. Eu vou precisar ver seu corpo morto dentro de um caixão. Eu vou precisar me despedir dele. Liam está morto.

Morto.

Mais lágrimas. Mais dor. Mais culpa.

Ouço um soluço abafado. Seguido de outro. Não posso suportar isso. Saio do meu apartamento e não hesito em abrir a porta do de Iza. Ela nunca tranca mesmo.

O choro é mais alto agora. Ando pela sala até a encontrar na cozinha, sentada no chão, encostada no balcão, com os braços cruzados em cima do joelho. Izabelly está agarrada a uma camisa dele que eu imediatamente reconheço. Ele adorava essa camisa.

Quando ela ergue o olhar, eu vejo todo o meu sofrimento refletido em seus olhos. Seu rosto está vermelho. Ela chora descontroladamente, partindo meu coração. Ficamos em silêncio por breves segundos. Me encosto na escada, sentindo meu próprio choro me sufocar.

Knockdown #1 Onde histórias criam vida. Descubra agora