1: sangue e fogo

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Entenda, que nesse mundo não existem lados, só jogadores. -The Blacklist.

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Jason Martinelli.

Washington, 2014.

O local estava silencioso. O único som era o da minha respiração acelerada, impaciente. Lá fora, o céu escuro, com nuvens carregadas, denunciava a tempestade que logo mais cairá. As ruas estavam completamente desertas. Essa parte da cidade é praticamente desconhecida. Somente pessoas como eu costumam se aventurar por esses prédios abandonados, na escuridão da noite.

Dou um sorriso contido ao perceber que minha diversão da noite está começando a acordar, soltando baixos gemidos de dor, abafados pelo gorro preto cobrindo seu rosto. Me aproximo a passos calmos, e tiro o gorro de sua cabeça de uma vez.

-Olá, Matt. -Digo com minha habitual voz ameaçadora.

Matthew está completamente irreconhecível. Cheio de hematomas verdes, roxos, e cortes que sangram. Seu olho direito está inchado demais, por conta do sangue preso ali.

Assim que ele me reconhece, sua expressão raivosa se transforma em assustada e confusa.

-O-o que...o que...v-você fez...? -Sua voz sai baixa e trêmula. Franzo o cenho, fingindo indiferença.

-O que eu fiz? -Repito suas palavras. -Bem... Vejamos.

Me abaixo, podendo encará-lo melhor, considerando o fato dele estar sentado em uma cadeira de madeira velha, com as mãos amarradas.

Cravo minhas mãos em seu joelho ferido. Ele grita desesperadamente, implorando que eu pare.

-Um tiro no joelho. -Faço cara de espanto. -Você vai mancar pelo resto da vida.

-Ja-Jason... P-por favor... -Seus olhos cor de mel se enchem de lágrimas. Não acredito que esse covarde vai começar a chorar.

Respiro fundo e reviro os olhos. Isso poderia ter sido mais divertido.

-Aquelas garotas também pediram por favor, Matt? -Olho no fundo dos seus olhos. -Elas também imploraram por suas vidas?

Ele engole em seco e desvia o olhar, começando a chorar de verdade. Suas lágrimas caem como sal, fazendo todos os seus cortes arderem, e isso me satisfaz.

Sinto náuseas ao lembrar do porque ele está aqui. Eu poderia torturá-lo, e depois deixá-lo ir. Mas, conheço esse tipo de monstro. Ele voltaria a estuprar covardemente aquelas garotas inocentes, e depois deixá-las pra morrer.

Sei que eu não sou melhor que ele, mas jamais toquei em uma garota contra a vontade dela. Isso vai contra todos os meus valores.

Matt não será mais um problema pra todas aquelas garotas. Em poucos minutos, ele não passará de um cadáver qualquer.

-E-eu n-não quero...m-morrer.... -Ele balbuciava com dificuldade.

-Aquelas garotas também não queriam.

Dou curtos passos e pego uma lata grande escura, despejando o líquido sobre o corpo de Matt, que grita ainda mais ao sentir a gasolina entrar em contato com seus ferimentos - que não eram poucos. Pego um cigarro do meu bolso e acendo com meu isqueiro. Coloco o objeto em na boca de Matt, que o segura com todas as suas forças entre seus dentes, sabendo o que acontece se o cigarro cair.

-Vamos ver quanto tempo você aguenta.

O tédio era grande. Ele estava lutando com todas as suas forças, me olhando com desespero, enquanto tentava equilibrar o cigarro sem deixá-lo cair. Reviro os olhos e acendo meu isqueiro, impaciente.

-Sinceramente, esse suspense está me matando... -Antes de finalizar meu objetivo, eu vejo. Vejo o pavor estampado em seu olhar. O pavor que eu sempre causo nas pessoas. Isso é o suficiente pra eu sorrir vitorioso.

Com um enorme sorriso, jogo o isqueiro nele, que em questão de segundos, se transforma num corpo em chamas. Satisfeito, deixo o prédio, que agora é preenchido pelos gritos horripilantes de Matt, capazes de atormentar qualquer um.

Menos eu.

Eu não sinto nada. Nenhum tipo de remorso pelo que acabei de fazer. Nenhum pingo de arrependimento.

Simplesmente nada.

Exatamente como o meu pai. Um monstro sem sentimentos.

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Primeiro capítulo, pessoal!

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