6. Coração das trevas

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Os mais doces sorrisos guardam os mais obscuros segredos. -Guilherme Esteves.

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Jason Martinelli.

Alguns minutos atrás...

-Não adianta correr, Josh! -Digo com a voz calma, enquanto caminho pelo beco deserto, com um bastão de baseball na mão.

-Por favor, Jason... -Escutava seus sussurros desesperados.

Dei mais alguns passos, seguindo a trilha de sangue que Josh havia deixado enquanto se rastejava.

-Encontrei você. -Dei um leve sorriso ao encontrá-lo atrás de um grande container de lixo.

Suas mãos tentavam inutilmente estancar o sangramento de seu abdômen. Quando seus olhos encontraram os meus, vi o terror estampado ali. Sorri forçado, e saquei a arma da minha cintura, apontando pra ele.

-P-por favor....

-Ah, Josh... -Me abaixei, apoiando as mãos em meus joelhos. -Você só tem 17 anos. Porque se meter onde não deve?

-Você acha que eu queria fazer parte disso? -Ele se alterou. -Eu não tive escolha! Eu precisava do dinheiro!

-Você devia saber que quando pega uma coisa que não é sua... Se paga um preço por isso. -Digo sério. -Ainda mais quando essa coisa pertence á um Martinelli.

-Eu devolvo as drogas, ok? -Ele voltou a se apavorar. -Eu devolvo tudo, só... Só não me mata.

-Se eu não fizer isso, o seu chefe vai. -Digo em um falso lamento. -E se ele fizer isso, vai ser bem mais doloroso. Então... Deixa eu facilitar pra você.

Antes que ele possa reagir, puxo o gatilho, dando fim de vez á sua vida.

Saio dali sem a menor pressa, e vou em direção á cafeteria. Bem á minha frente, com sua habitual beleza irritante, estava Megan. Com um grande sorriso, pago meu café, e vou em direção á sua mesa.

♦♦♦♦♦♦

Agora.

-Megan. -Finjo surpresa. -É um belo nome.

-Obrigada. -Ela sorri.

-Então, Megan... Está gostando daqui? -Inicio um assunto.

-É... É bem melhor do que eu imaginava. -Ela dá de ombros.

-Você é russa... Deve ser bem assustador se mudar para um país desconhecido, não?

De repente, o sorriso dela some.

-Como você sabe que eu sou russa? -Seus olhos se semicerram.

Eu e minha língua grande.

-É... O seu sobrenome! -Penso rápido. -Rostova é um sobrenome russo.

-Ah... -Ela não pareceu acreditar. -Sim, é russo mesmo. Eu vou ser agente do FBI, por isso me mudei pra cá.

-Uma policial. -Arqueei as sobrancelhas. -Você leva jeito pra bater nos outros.

-Só com quem merece. -Ela diz baixo e ri.

-Você devia ficar longe daquele lugar. É perigoso.

-Eu não tenho medo de caras valentões como você. Sei me defender. -Sua expressão muda, ela está irritada.

-É apenas um aviso. -Dou de ombros.

-Qual é a sua, Jason? -Megan se aproxima.

-Não entendi.

-Você vem aqui, cheio de desculpas, fingindo que quer ser meu amigo... Eu conheço mentirosos. Você não me engana.

-É tão difícil acreditar que eu não quero viver em pé de guerra com você? -Digo indignado.

-Não gosto de você. Você é o tipo de cara que eu quero bem longe de mim. -Sua voz soava ameaçadora.

-Essa é a questão. -Me aproximo ainda mais. -Você diz isso porque não quer admitir que se sente atraída por mim.

Ela me olha incrédula, e começa a rir, jogando seus longos cabelos ondulados pra trás.

-É sério? -Ela me encara debochada. -Você acha mesmo que me sinto atraída por um idiota?

-Pode negar o quanto quiser. -Sorrio. -Mas, eu vejo a faísca de desejo no seu olhar.

-Vai sonhando, meu anjo. -Sua mandíbula fica rígida. -Lembra aquela trégua que você me ofereceu? Eu não quero.

Megan se levanta tão rápido, que eu quase não vejo. Antes que ela possa se afastar por completo, seguro seu pulso, fazendo-a parar bruscamente.

-Boa sorte tentando resistir á mim. Vai ser bem difícil, querida. -Desço meu olhar pra sua boca, fazendo-a engolir em seco.

-Espero que você não fique muito triste quando perceber que eu não vou cair nessas suas cantadas ridículas. -Seu sorriso debochado volta.

-É o que veremos, garota.

Sustento meu olhar no seu por mais alguns segundos, e enfim, solto seu pulso.

-Isso é sangue na sua camisa? -O sorriso dela morre de repente.

Sigo seu olhar, e encontro alguns pontos de sangue de Josh no colarinho da minha camisa. Que merda.

-Claro que não. -Respondo de imediato. -É... É tinta. Eu tô pintando meu apartamento, devo ter me sujado.

-Além de tudo, ainda é um péssimo pintor.

Ela me analisa por mais um tempo, até que sem dizer uma palavra, se vira, e vai embora.

É guerra que você quer, Megan? É guerra que você terá.

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