35: nós ainda podemos ser amigos?

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"Correndo em círculos agora, olha o que você fez
Eu te dou minha palavra e você a pega e corre
Queria que você me deixasse ficar pronto agora
O que porra nós éramos?
Não me diga éramos só amigos
Isso não faz muito sentido
Mas eu não estou machucado, estou tenso
Pois eu vou ficar bem sem você, garota"

— friends, chase atlantic.

🎄🎄🎄🎄🎄🎄🎄🎄🎄

JASON MARTINELLI.

Observo a fumaça cinzenta do meu cigarro se esvair toda vez que dou uma tragada. A cidade está barulhenta, brilhante e movimentada. As luzes parecem se mover. O frio extremo faz meus ossos tremerem.

Alguns flocos de neve caem sobre mim e eu aprecio a sensação da nicotina entrando em meu sistema. Não quero pensar em nada. Em ninguém. Por pelo menos um breve momento, eu só quero o silêncio absoluto. Quero relaxar de verdade e aproveitar a vista.

Meu plano parece bom, mas poucos minutos se passam antes de eu escutar um barulho alto de algo caindo no chão atrás de mim. Me levanto rapidamente e fico chocado ao ver Megan praguejando baixo enquanto tenta inutilmente limpar a sujeira do vaso quebrado.

— Megan? — Eu chamo por ela enquanto me aproximo.

Ela desiste de arrumar a bagunça do vaso quebrado e ajeita a postura, me encarando desconfortável.

— Eu ia embora, mas... acabei esbarrando nele. — Ela encara os destroços.

— Você pode ficar. O único intruso aqui sou eu.

— É mesmo. Você não mora nesse prédio. — Ela abre um sorrisinho. — Por que está invadindo o terraço?

— Eu gosto da vista. E não estou invadindo. O porteiro já até sabe quem eu sou.

— Claro que sabe. — Ela revira os olhos.

— O que te traz aqui essa noite? Está frio pra caralho.

— Hum... eu...

— Você só vem aqui quando está no meio de uma crise. — Me dou conta e a encaro preocupado. — Eu posso ajudar? Me fala.

— Eu só estava me sentindo um pouco sufocada, nada demais. — Megan respira fundo. — Já até estou me sentindo melhor.

De repente, um silêncio desconfortável se instala no local. Nossa última conversa não foi muito boa, e acabei falando coisas que não queria por que estava magoado. Ela parece pensar o mesmo.

— Eu... eu posso ir embora, se você quiser.

— O que é isso aí? — Ela aponta pro meu cigarro.

— Nicotina. Eu não acho que seja bom pra sua asma, mas...

Antes que eu possa terminar de falar, ela já tirou o cigarro da minha mão e deu uma boa tragada.

— Nicotina me deixa relaxada. — Ela ocupa o lugar que eu estava sentado, dobra as pernas e abre espaço pra mim, me convidando.

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