19. Repouso

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Meus olhos estão pesados e eu faço um esforço enorme para conseguir abri-los. A luz cegante do lugar, faz com que meu esforço em manter os olhos abertos, seja ainda pior.

Demora um tempo até que minha visão se foque e assim que vejo o quarto branco a minha frente, começo a chorar compulsivamente, me lembrando do que aconteceu.

_ Não.... - Minha voz está embargada pelo choro, enquanto minha mão alisa meu ventre continuamente. - Eu não posso ter perdido meus bebês.... Eu não posso... Eu não posso.... - Repito para mim mesma, tentando encontrar um pequeno ponto de luz no fim da escuridão que se tornou a minha mente.

Sinto braços forte me envolverem e meu choro se torna ainda mais alto.

_ Está tudo bem. - A voz me diz, me tirando de meus devaneios. - Eles estão bem. - Sinto sua mão sobre a minha e aos poucos, minha mente volta a realidade, compreendendo o que ele me diz.

_Eles estão bem.... Meu filhos estão bem. - Respiro aliviada enquanto tento me convencer de que ele está falando a verdade.

_ Por que não me contou? - Philip me  pergunta enquanto se levanta da cama e se senta em um poltrona próximo a mim. Não existe repreensão em sua voz.

_ Por que eu contaria? - Falo sem conseguir conter a mágoa em minha voz. - Você estava do outro lado do mundo, pronto para formar uma família com outra pessoa.

_ Eles também são meus filhos. - Philip fala, revoltado com minha resposta.

_ Sim, e se um dias eles decidissem te conhecer, eu não me oporia. Mas pode ter certeza que não seria eu a tomar a  inciativa.

_ Você me odeia tanto assim Amy? - Ele pergunta visivelmente abatido.

_ Eu não odeio você Philip. - Falo com sinceridade. - Eu tentei, tentei muito, mas não consigo te odiar. Você me quebrou em mil pedaços, deixou que eu fosse embora pensando que eu tinha amado um cretino, aproveitador e mentiroso. Você não me ligou nem uma vez para desejar os pêsames pela morte da minha mãe e depois de dois meses você voltou, e eu quase perdi os meu filhos por sua causa. - Posso ver nitidamente que minhas palavras o ferem e bem no fundo, sei que é exatamente isso que quero, feri-lo como ele me ferio. - Ainda assim eu não consigo odiar você.

_ Senhorita Bancks. - Olho para a porta e o dr.Miguel está parado, me observando nada feliz. - Pensei ter sido claro quando disse que você não deveria se estressar, ou sofrer emoções fortes.

_ Cristalino dr.Miguel, mas existem situações que estão além do meu controle. - Olho de relance para Philip e ele parece envergonhado.

_ Fui informado do ocorrido. - Ele olha feio para Philip. - E já conversei com o senhor Grimald sobre o seu estado e o papel dele nessa gravidez. - Miguel fala, e eu olho para os dois sem entender.

_ Papel dele? - Pergunto confusa e indignada ao mesmo tempo. - Tudo que eu quero é que ele me deixe me paz. Só assim eu terei uma gravidez tranquila. - Falo me alterando.

_ Nesse caso você terá que conseguir uma enfermeira particular, ou alguém que esteja disponível vinte quatro horas por dia para você. - O doutor fala e eu o olho aturdida.

_ Como assim 24h? - Pergunto.

_ Seu estado é grave Ametista, houve um descolamento considerável da sua placenta e isso te coloca em uma posição de gravidez de risco. - Meu coração se acelera tanto, que parece que vou morrer a qualquer momento. - Por enquanto é um caso reversível, mas pelas próximas quatorze semanas, você estará em repouso absoluto.

_ Mas isso são quase quatro meses. - Falo chocada.

_ E nesse período você estará estritamente proibida de fazer qualquer tipo de esforço e isso inclui andar longas distâncias, subir escadas ou ficar muito tempo em pé.

A cada palavra dita pelo dr.Miguel, eu sinto como se uma tonelada de aço fosse jogada sobre o meu peito. Isso não pode estar acontecendo....

_ O senhor Grimald se propôs a cuidar de você nesse período, mas como pelo visto isso não é consensual, a senhorita tem duas opções. Ou consegue alguém para ficar com você, ou permanece no hospital até o fim desse período. - Ele fala de maneira profissional.

_ Eu preciso pensar. - Falo tentando me acalmar e falhando miseravelmente. - Será que eu posso ficar sozinha? - Pergunto para ninguém em especial.

_ Claro. - Fala o doutor. - Vou deixa-la descansar e mais tarde venho saber o que decidiu. - Eu apenas balanço a cabeça positivamente e o vejo sair e fechar a porta atrás de si.

_ Eu posso cuidar de vocês. - Escuto a voz de Philip ao meu lado e só então me lembro da sua presença novamente.

_ Não, você não pode. - Sou fria. - Tudo isso é culpa sua e a última coisa de que preciso, é passar as próximas quatorze semanas ao seu lado. - Sei que isso fui cruel, mas eu não me importo. Eu sou uma mulher ativa, grávida de trigêmeos e que acabou de descobrir que terá que ficar presa em uma cama pelos próximos três meses. Tenho o direito de ser egoísta o quanto quiser. - Vá embora Philip.

_ Eu vou te deixar descansar. - Ele fala, visivelmente triste. - Mas não vou a lugar algum. - Ele me olha nos olhos e fala decidido. - Eu estarei sentado ali fora e vou estar aqui quando precisar de mim.

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Philip

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Philip

Ando em direção a porta, tentando me controlar para não fazer ou falar nenhuma besteira, mas paro quando escuto sua voz atrás de mim.

_ Eu prefiro passar os próximos meses presa a essa cama a ter que precisar de você. - Sua voz emana rancor, mas estou decido a não deixar que as palavras dela me atinjam.

Agora, mais do que nunca, eu a terei de volta e nós seremos uma grande família, tudo que preciso fazer é conseguir convence-la disso.

_ Não conte com isso. - Sorrio e saio do quarto antes que ela diga ou faça mais alguma coisa e mesmo com a porta fechada eu ainda posso ouvir suas reclamações.

Ah meu amor, nós ainda seremos muito felizes juntos.

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