39. O culpado

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O grande dia finalmente chegou, e se eu estava nervoso antes, agora eu poderia demitir até mesmo o primeiro que me deseje bom dia.

Entro em minha sala e minha secretaria me segue, colocando o tablet com minha agenda em cima da mesa e saíndo sem dizer uma palavra. Até ela já percebeu que não estou de bom humor.

Passo a maior parte do dia assinando documentos de liberação e usando todo meu alto controle para não demitir ninguém antes que o desfile acontece, mas a incompetência é tanta, que está se tornando uma tarefa bem difícil.

Saio do salão onde as modelos estão fazendo o último ensaio e talvez pelo fato de me conhecerem, ou pela ameaça de Luige e Amber, hoje elas me pareciam bem mais profissionais e menos "distraídas".

Vou para minha sala, e talvez tenha sido o fato de que os corredores me pareciam suspeitosamente vazios, ou a máquina de café ter sido abandonada ainda em funcionamento, enquanto vejo um dos meus funcionários correr em direção ao banheiro mais próximo apavorado, mas algo me diz que estou sendo evitado.

Passo pela mesa da minha secretaria e ela não está, então vou direto para minha sala e quando entro, dou de cara com Taylor que sorri sedutor para minha secretaria, que mais parece uma pimenta de tão vermelha. Pigarreio chamando a atenção deles e apenas sigo para minha mesa sem dizer nada, enquanto vejo Taylor tomar sua postura profissional costumeira, enquanto a senhorita Pires quase bate com tudo na porta, tentando sair sem ser notada, mas falhando miseravelmente.

_ O que faz aqui? - Pergunto sem muitos rodeios, quando me certifico de que minha secretaria não possa mais nos ouvir.

_ Conseguimos encontrar o homem que levou a cobra até sua casa. - Ele é tão direto quanto eu.

_ E onde ele está? - Pergunto, fechando minha mão em punho e pensando em varias maneiras de como acabar com ele lentamente.

_ Morto.

Olho para Taylor, perguntando sem palavras, se ele tem alguma coisa a ver com isso e ele apenas acena com a cabeça negativamente, o que me faz respirar aliviado. Devo admitir que saber que o homem que tentou ferir minha mulher está morto, me trás um contentamento inimaginável, mas isso não quer dizer que sou adepto a esse tipo de justiça.

_ Conversando com os amigos e pessoas do convívio da senhorita Bancks, descobri que ela não havia sido a única a receber uma caixa misteriosa. A senhorita Luna Turner também recebeu uma encomenda estranha, mas ao contrário de sua noiva, a dela tinha significado e clareza o suficiente para ser começado uma investigação policial. Não demorou muito para que eu ligasse os casos e descobri que o alvo não era a senhorita Bancks e sim a senhorita Turner. A polícia estava atrás do meio irmão dela a alguns meses, mas com a ajuda de alguns "amigos"  eu descobri onde ele se escondia. Fiquei dias vigiando o esconderijo, até que um furgão passou pela porta e abandonou o corpo morto do homem ali.

_ Descobriram quem o matou? - Pergunto ainda absorvendo todas as informações.

_ Não, mas seja quem for, é alguém com muita raiva e mesmo assim, extremamente cuidadoso.

_ De qualquer forma, isso não é mais uma preocupação nossa. Deixe que a polícia se vire sozinha a partir de agora. - Ele apenas confirma com a cabeça e levanta-se para ir embora.

_ Até mais Grimald. - eEe se despede do seu jeito habitual.

_ Você virá ao desfile?

_ Minha irmã me mataria se não viesse. - Responde sorrindo discretamente e eu faço o mesmo.

_ Então até a noite Roms.

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Chego em casa exausto, mas ainda não acabou, tenho que correr se quiser chegar a tempo.

Ando a passos largos até o quarto para pegar meu smoking, mas assim que passo pela porta, eu congelo no lugar e tudo que consigo fazer é admira-la.

Amy está sentada em frente a sua penteadeira, terminando de se maquiar. A luz do fim do dia entra pela porta da sacada, que está aberta, e lhe ilumina de maneira única, ressaltando cada ponte de sua beleza, assim como seu vestido longo azul, que combina perfeitamente com a cor dos seus olhos. Ela me vê através do espelho e sorri amplamente para mim, o que faz com que meu coração de um salto em meu peito.

_ Você chegou. - Ele se levanta e vem até onde estou, me dando um selinho que eu transformo em um beijo apaixonado, antes que ela se afaste.

_ Você está magnífica. - Falo assim que o beijo termina e ela cora, sorrindo envergonhada. É sempre assim toda vez que a elogio e isso só me faz querer elogia-la ainda mais.

_ Obrigada. - Fala sorrindo. - Acho melhor você ir se arrumar, a Amber acabou de me ligar e ela não parecia nem um pouco tranquila.

_ Eu já deveria estar lá. - Falo, me lembrando do motivo de estar correndo. - Eu vou me arrumar e não demoro. - Corro para o banheiro, mas não antes de dar mais um selinho nela que sorri.

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Ametista

Vou para sala para esperar que Philip termine de se arrumar e os pequenos pingos de chuva lá fora me fazem pensar, em como o inverno pode ser difícil para quem não tem onde morar.

Me lembro da época em que para fugir da chuvas, me escondia em becos escuros, onde minha única proteção contra o tempo, eram os patamares de restaurantes e lojas. Quantas vezes já fui enxotada como um cachorro, ou quantas vezes tive que sair do meu abrigo, com medo de que os outros "moradores" me fizessem algum mal. Penso em Samuel e em como ele deve está agora, será que tem onde ficar, será que conseguiu algo para comer, e mais uma vez me culpo por não ter feito mais por ele.

_ Amor. - Escuro a voz de Philip e me viro em sua direção. - Por que você está chorando? - Ele seca uma lágrima que insiste em cair e eu nem mesmo havia percebido.

_ Só estava me lembrando do passado. - Falo sem entrar em detalhes.

Eu não contei a Philip o que aconteceu, ele jamais entenderia o que eu fiz e provavelmente me repreenderia por dar dinheiro a um trombadinha, como eu já o vi se referir varias vezes a crianças de rua. Ele jamais saberá o que é passar fome e fazer o necessário pela sobrevivência e é melhor que seja assim.

_ Lembranças tristes. - Ele afirma.

_ Já passou. - Falo respirando fundo e sorrindo para ele, que está lindo em seu smoking preto. - Agora vamos, porque a Amber já me ligou umas cinco vezes desde a hora que você entrou no banho.

Ele ri, unindo nosso braços e nos guiando até aporta, mas para antes que possamos sair.

_ O que foi, esqueceu alguma coisa? - Pergunto para ele, que tem aquele sorriso safado no rosto.

_ Nada, só me lembrando de ser cavalheiro. As damas primeiro. - Ele dá espaço para que eu passe na frente e eu começo a rir, me lembrando de nossa piada interna.

_ Algumas coisas nunca mudam.

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