O Apartamento-Limantha.

Cap 98. O bar.

*Lica.*

  Eu estava cansada, minha cabeça doía e eu não conseguia parar de pensar nas coisas que eu tinha lido no caderno de pensamentos de Samantha. Ela me amava, ela realmente me amava e eu simplesmente tinha fodido com tudo! Eu fui a pessoa mais idiota do mundo, eu abandonei a mulher que me amava e que eu amava de volta quando ela mais havia precisado de mim, quando ela finalmente havia se sentido confortável para expor o que sentia, passando por seu terrível medo de rejeição... Eu concretizei o seu maior pesadelo, eu a deixei sozinha quando ela mais precisou, quando ela estava mais vulnerável ao declarar o seu amor.

  Talvez Samantha estivesse melhor sem mim, uma pessoa extremamente egoísta e cheia de complexos, mas ainda sim, eu a queria de volta. Eu queria que ela soubesse que eu a amava, que eu realmente a amava... Eu precisava que ela soubesse que o problema da nossa relação era eu e não ela, que eu era a parte quebrada da equação... Eu queria que ela escolhesse voltar para mim, no entanto, se ela não voltasse, eu não a culparia... Eu não a julgaria...

  Eu precisava de ar, eu precisava sair daquele maldito apartamento que tanto me sufocava, então eu simplesmente peguei meu maço de cigarros, minha careira, as chaves de casa e saí dali sem um rumo definido.

  Eu não sei ao certo quanto tempo eu vaguei pelo bairro, mas quando eu já estava cansada demais para andar, resolvi parar em um bar qualquer, pedi para que o garçom deixasse a garrafa de whisky em minha mesa e fiz o que eu sabia fazer de melhor, comecei a beber descontroladamente para afogar minhas mágoas e ri da ironia... As palavras ditas por Frida Kahlo me cabiam agora e faziam total e completo sentido... Ela uma vez havia dito algo como: "Bebo para afogar minhas mágoas, mas não é que as malditas aprenderam a nadar!" Era isso, mesmo bebendo, eu não conseguia parar de pensar nem por um segundo em como eu queria que Samantha estivesse em casa me esperando voltar.

  - Vai com calma, se você continuar assim o seu fígado não vai aguentar. – Uma voz rouca que eu conhecia muito bem começou a falar.

  - Felipe se você veio debochar de mim, pegue a fila, porque a vida já está fazendo isso no memento.

  - Não foi a vida e você sabe disso. Eu posso me sentar?

  - Senta, eu já estou na merda mesmo.

  - Porque você quer.

  - Sério, se você vai me dar um sermão pode ir embora. Eu já estou fazendo isso comigo mesma faz algumas horas.

  - Cara para de ser grossa.

  - Você vem até aqui para jogar na minha cara várias coisas e eu é que estou sendo grossa?

  - Eu não vim jogar nada na sua cara. Eu não preciso mais disso... Te ver com a Samantha me fez pensar.

  - O quê?

  - É, me fez pensar.

  - Não isso! Volta.

  - O quê?

  - Você disse que me viu com a Samantha?

  - Na loja de eletrodomésticos, um dia desses.

  - Ah.

  - Vocês estavam juntas e vocês pareciam felizes, mas agora as duas estão tristes.

  - É, eu caguei com as coisas.

  - Novidade. Quando você não caga?

  - Ei!

  - Mas é verdade!