Cap 58. Por favor, fica.

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*Lica.*

  Eu cheguei em casa por volta das 20h30min e o apartamento parecia completamente vazio, as luzes estavam apagadas, a única mudança aparente, era o fato de ter algumas caixas esquecidas no canto da sala... Hoje pela manhã aquelas caixas não estavam ali... Eu segui pelo corredor buscando algum sinal de que Samantha estava em casa e nada, nada até eu observar que havia uma iluminação fraca por de baixo da porta do quarto de minha meia irmã.

  - Sam?- Eu chamei abrindo lentamente a porta do quarto.

  - Oi. – Ela me respondeu com uma voz fraca.

  - Tá tudo bem? – Eu perguntei me aproximando da cama.

  - Tá.

  - Não me parece tudo bem... O que aconteceu? – Eu perguntei preocupada ao perceber os olhos brilhantes de Samantha que parecia ter chorado.

 - Não é nada... – Ela me respondeu com uma voz fraca.

  - Sammy o que é que tá pegando?

  - Bobagem.

  - Não me parece bobagem, você andou chorando.

  - Hoje eu resolvi arrumar algumas coisas da minha mãe para doação, fiquei frágil... Nada fora do comum.

  - Tudo bem você se sentir sensível.

  - Sabe, já se passaram seis meses, quase sete e eu não consigo me acostumar... Olhando as coisas dela, algo dentro de mim ainda espera que seja mentira, algo ainda me faz acreditar que ela vai voltar... Eu me sinto tão sozinha e tão perdida... Minha vida tá tão vazia e tão confusa. – Sam falava enquanto começava a chorar.

  Sem me conter, eu a abracei apertado, algo dentro de mim não gostava de vê-la sofrer.

  - Shh, tá tudo bem, você não está sozinha. – Eu tentava acalmar minha irmã postiça.

  - Eu tô, eu tô sim... Primeiro meu pai, depois a minha mãe e o meu padrasto, depois o fim do meu noivado... Minha família acabou... Sem pais, sem avós, sem tios, tias ou primos... Eu tô sozinha e eu não posso fazer nada... Minha vida está saindo do controle... – Samantha chorava ainda mais intensamente.

  - Calma, eu tô aqui, você não tá sozinha, você não está...

  - Você nem gosta de mim, a gente está se dando bem, mas você nem gosta de mim... Eu sei que quando eu vim parar na sua família, você não gostou da situação, quando nossos pais escolheram nos prender nesse apartamento, você me odiou... Você me suporta, só isso...

  - Eu não transaria com você se eu só te suportasse, Samantha.

  - Mentira, você mesma sempre disse que precisava de sexo para viver, fazia tempo que você não dormia com ninguém, e eu estava ali, bêbada, disponível para você que também estava bêbada. Você deixou bem claro para mim que foi um erro... Somos adultas, tudo bem. Você não precisa fingir que se importa... Eu sei que eu não sou a pessoa mais fácil do mundo, eu sei que se você pudesse, você estaria em outro lugar... E no fim do dia, eu termino sozinha... Eu sempre termino sozinha.

  Minha meia irmã vomitava aquelas palavras para cima de mim e eu só queria conseguir rebatê-las, mas parte daquilo tudo era verdade... Eu tinha odiado quando descobri que meu pai havia se casado com a mãe dela, odiado a ideia de ficar presa a esse apartamento com ela, no começo, eu de fato preferia estar longe daqui e sim, transar com ela tinha sido um erro, mas era um erro que desde aquele dia não saia da minha cabeça, nós estávamos bêbadas, mas eu queria tanto quanto ela... E agora ela estava ali, frágil à minha frente, chorando e eu só queria fazê-la parar, porque eu me importava, ela não estava sozinha, eu estava com ela e eu queria estar.

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