Cap 108. Por uma última vez.

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*Lica.*

  Eu cheguei em casa tarde da noite e assim que entrei no apartamento, eu pude ver que Samantha dormia serena no sofá com um livro repousando em sua barriga...Tão linda...

  Os últimos cinco dias tinham sido difíceis, Sam não me deixava chegar perto demais, quase não me olhava nos olhos e quando o fazia logo os desviava e criava alguma desculpa para sair de perto de mim... Raros se tornaram os momentos em que compartilhávamos o mesmo cômodo, mesmo que eu estivesse levando-a para a faculdade, ela parecia se incomodar ao ter de me abraçar quando estava na garupa da moto.

  Eu queria acreditar que tudo ficaria bem, mas na verdade, aos poucos eu estava perdendo as minhas esperanças de que um dia Sammy e eu voltaríamos a ser um casal... Então eu resolvi pegar o meu caderno de desenhos para poder registrar aquela imagem tão bela da menina que dorme tranquila, fazendo-me lembrar da mulher que meses atrás costumava descansar em meus braços.

  A cada traço do grafite no papel, eu me lembrava dos tempos onde havíamos sido felizes e me culpava por não ter aproveitado melhor o nosso último beijo, o nosso último abraço... Então é isso, às vezes, as coisas acabam assim, pela metade e nos resta somente reviver a imagem compartilhada antes do adeus e mesmo assim, com o tempo a memória se faz borrada, nos fazendo esquecer daquilo que mais desejamos nos lembrar...

  Eu queria poder beijar aqueles lábios uma última vez para guardar comigo o sabor daquela boca rosada, eu queria poder tocar uma última vez aquela pele macia, tentando tatuá-la em minha própria pele, eu queria poder sentir uma última vez aquele perfume sendo carimbado em minha cama... Eu sinto tanta falta dela e o desespero de tê-la perdido me cerca assoprando um arrepio frio que me toma a espinha e que vai subindo por minha nuca.

  Ali olhando para Samantha dormir e fazendo um rabisco qualquer que imita de maneira patética sua beleza, percebo que estou chorando, sentindo doer à indiferença que ela demonstra ao me dirigir a palavra quando normalmente está acordada... Como dói estar perto e não poder tocá-la, como dói não poder dizer que eu a amo e nem fazê-la sentir esse amor... Me machuca o fato dela não acreditar em mim e o que mais me maltrata, é a culpa por saber que ela tem todas as razões do mundo para não confiar em mim, porque eu mesma, às vezes, não confio.

  Eu poderia ficar ali por horas observando a mulher que eu amo dormir, mas se eu o fizesse, quando ela despertasse, ela me evitaria novamente e hoje eu não aguentaria aquele olhar triste em minha direção, porque hoje eu estava com medo demais e quebrada demais para lutar, sendo assim, quando eu terminei o desenho que estava fazendo, eu fui para o meu quarto, me deitei na cama e lá eu fiquei até adormecer.

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