Cap 50. Rabiscar.

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*Lica.*

  - Então é aqui que você se esconde? – Uma voz feminina me tirou de meus próprios pensamentos ao me surpreender invadindo o ateliê.

  - Oi! Parece que você descobriu o meu esconderijo.

  - Eu trouxe cervejas geladas. – Kiara falou sorrindo para mim.

  - Gosto.

  - Hum... Soube que você ficou doente... Foi mal, devíamos ter parado em algum lugar quando a chuva começou. – Ela disse abrindo uma cerveja e me entregando-a.

  - Relaxa, nós não podíamos parar... Eu precisava voltar.

  - Por causa do contrato?

  - É, por causa do contrato... Mas sério, eu tô bem agora... Samantha cuidou de mim.

  - Falando em Samantha... Como ela está?

  - Ela está bem.

  - Sua irmã não gosta muito de mim. Agora que eu te deixei doente, ela deve me odiar. – Kiara falou e logo depois deu um gole em sua própria cerveja.

  - Ela não é minha irmã de fato, você sabe... E... Não, ela não te odeia, na verdade, acho que Sam não é capaz de odiar ninguém.

  - Sei... Ela tem ciúmes de você.

  - Nossa, não! Eu sou a última pessoa do mundo por quem ela sentiria ciúme. Kia, você sabe, eu já te expliquei, minha relação com a Sammy nunca foi das melhores...

  - Ela gosta de você.

  - Que besteira! Tipo, nós só aprendemos a conviver.

  - Por causa do contrato?

  - Exatamente, por causa do contrato.

  - Então... Você vai me mostrar o seu ateliê sim ou não?

  - Sim, vem cá que eu te mostro.

  Kiara se aproximou de mim e me beijou... Nós ficávamos às vezes, mas não era nada sério, ela era bonita e talz, mas sei lá... A verdade era que depois de ter ficado com Samantha, essa vida de garota que sai por aí dormindo com geral não tinha lá muita graça, porque nenhuma delas era ela e sinceramente, eu acho que me conhecendo bem, o que me fazia querê-la era justamente o fato de saber que eu nunca mais poderia tê-la.

***

  - Uau, suas telas são lindas... Os graffitis são incríveis, até seus esboços são bonitinhos... Falando nisso, quando eu cheguei você estava desenhando algo.

  - Nada, eu tava só rabiscando.

  - Duvido! Me mostra?

  - Besteira.

  - Por favor, eu quero ver.

  - São só rabiscos.

  - Quero ver seus rabiscos.

  Antes que eu pudesse impedi-la, a garota de dreads cor de mel e olhos azuis seguiu até uma de minhas mesas e pegou o papel no qual eu estava desenhando horas atrás.

  - Isso é lindo. – Kiara falou parecendo encantada.

  - Nem é, como eu disse é só um rabisco.

  - Não, não é e você sabe disso.

  - Será que podemos ver outras coisas?

  - É ela, não é?

  - Ela? Quem?

  - Você sabe quem.

  - Você tá viajando, só tem um contorno aí, eu nem cheguei a criar nada.

  - Lica, você não precisa mentir para mim, nós não temos nada.

  - Não tô mentindo, não tava desenhando ninguém em especial. Quando você chegou, eu tava dando uma pausa e peguei esse papel só para rabiscar um pouco.

  - Pois parece que você rabiscou muito mais do que só um pouco... Você gosta dela.

  - Não viaja, talvez você tenha razão. Talvez eu estivesse desenhando sem me dar conta de quem era, mas essa coisa de gostar, não, nisso você tá errada.

  - Bom, ódio é o que não é.

  - Óbvio que não. O que eu sinto pela Samantha é gratidão.

  - Sei.

  - É sério, ela cuidou de mim como há muito tempo ninguém cuidava... Nós tivemos as nossas diferenças, mas agora estamos bem, posso até me arriscar em dizer que nos tornamos quase amigas.

  - Lica, para cima de mim? Vocês não são só quase amigas, tem alguma coisa de diferente aí... Quando você fala dela, você muda, o seu olhar muda.

  - Sério, não viaja Kia.

  - Eu não tenho ciúmes, não acredito nesse negócio de posse. Nós não pertencemos a ninguém. Nós somos feitos de nossos desejos e o maior objetivo da vida é ser feliz. Ciúmes é um sentimento muito pequeno e mesquinho.

  - Esse papo tá ficando estranho, eu preciso de outra cerveja e um cigarro.

  - Ok. – Ela disse abrindo outra cerveja e entregando-a para mim.

  - Então... Podemos mudar de assunto?

  - Claro, mas quero um cigarro também.

  - Aqui. – Eu estendi o maço de cigarros para ela.

  - Obrigada. – Kiara agradeceu e acendeu o cigarro.

  - De nada.

  - Posa para mim? – A garota de olhos azuis disse sorrindo para mim.

  - O quê?

  - Posa para mim? – Ela repetiu a pergunta me seduzindo com seus olhos de gato que pareciam escurecer de desejo.

  - Não... Sou eu quem costuma desenhar.

  - Esquece o controle... Me deixa te desenhar... Eu prometo que você vai gostar...

  Kiara dizia cada palavra pausadamente enquanto vinha em minha direção... Ela me provocava lentamente ao sussurrar ao pé do meu ouvido, ao beijar meu pescoço, ao desabotoar minha blusa devagar.

  - Kia...

  - Deixa... E eu te faço gozar.

  Porra, ela estava me provocando demais e naquele momento eu estava começando a gostar... Eu não era apaixonada por ela, mas quando ela me atiçava assim, às vezes, eu pensava que eu poderia ficar... Kiara era gostosa e gostava de brincar, de jogar comigo até que eu estivesse perdida demais em seus olhos azuis para recusar qualquer proposta que ela me fizesse... Dessa vez não estava sendo diferente.

  - Posa para mim e eu te faço relaxar. – Ela mordia meu pescoço enquanto me arranhava as costas devagar.

  - Porra... Vadia... – Eu começava a ofegar.

  - Que palavras mais feias... Acho que vou ter de te calar, mas não antes de ouvir que você aceita me deixar te desenhar. – Ela seguia me torturando com suas unhas agora em minha barriga, escorregando até o cós da minha calça.

  - Você venceu... Você pode me desenhar, mas antes vai ter de cumprir sua promessa... Me beija e me faz gozar... – Ela me interrompeu, tomando minha boca para si e sem que eu me desse conta, naquele corpo eu me perdi.

O Apartamento-Limantha.Onde histórias criam vida. Descubra agora