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O mundo, naquele exato instante, zunia. As pessoas corriam cada vez mais, cada uma para um lado diferente, e isto estava incomodando certo homem, mais conhecido como Sr. Darcy. Ele esperava ansiosa e apressadamente a chegada de seu melhor amigo, o Sr. Bingley, que tinha partido há alguns anos para a França e só agora resolveu retornar à grande e demasiada conservadora Londres.

Darcy não via o momento de seu amigo chegar, porém, ao mesmo tempo, odiava estar no tão famoso e conhecido London City Airport, tantas pessoas no mesmo lugar o frustrava de um modo tão intenso que mesmo sendo por uma boa causa, estava já pensando em alguma desculpa para dar a Bingley, por não o ter esperado como haviam combinado.

A voz enfadonha que agora brandia por todos os lados, dizia que os passageiros do voo 5026 já estavam no desembarque, Darcy finalmente suspirou e comemorou que a espera tinha chegado ao fim. Foi para o portão a fim de esperar Bingley chegar.

Demoraram, aproximadamente, mais longos quinze minutos até ver, ao longe, um homem alto e de cabelos ruivos. Darcy ficou esperando o amigo repará-lo e quando isto aconteceu – como se fosse algo previsível pela parte do próprio – Bingley acenou para o melhor amigo de forma animada. Darcy tentou ignorar isso, ele simplesmente não tinha essa habilidade de se expressar tão abertamente. Bingley sabia disso, e mesmo assim, fazia.

Ele se aproximou e os amigos se olharam brevemente, analisando se havia no outro alguma grande mudança que pudesse ser transformada em algum comentário tipicamente irônico.

Entretanto nada foi visto pelas duas análises.

– Quanto tempo mesmo? – Bingley perguntou com seu forte sotaque do Sul londrino. Ele estava mencionando a última vez que eles tinham se encontrado.

– Talvez dois ou três anos... Não tenho certeza, só me lembro de que eu não estava tão velho assim quando você viajou. – Darcy esboçou um sorriso e Bingley riu.

– Ah, isso é um mero detalhe, eu nem consigo enxergar esses seus 28 anos. Você ainda tem cara de 40... – Darcy o olhou ironicamente, e Bingley gargalhou da própria piada.

– Vamos, não aguento mais ficar neste infernal aeroporto, parece um formigueiro a ponto de explodir, e não vejo a hora de aproveitar meu mais novo piano comprado...

– Mais um? – Bingley interrompeu o amigo. – Em vez de procurar uma mulher para amar, você está colecionando pianos?

– De novo com esse assunto não... – Darcy reclamou, enquanto eles se dirigiam para o elevador em direção ao térreo à procura do estacionamento.

– De novo com esse assunto, sim. Você está beirando a velhice e quer ficar sozinho? Darcy, você tem que perceber que você merece uma vida melhor que isso. – o amigo olhou-o sinceramente.

– Eu já tenho uma vida boa, maravilhosa até. Procurar alguém que possa unicamente me machucar não está nos meus objetivos. – Darcy falou com uma impressionante determinação.

Bingley parou inesperadamente e encarou com certo espanto a declaração dele.

– Você ainda vai se arrepender do que está pensando, amigo. Ninguém merece viver e morrer sozinho.

– Não vou morrer sozinho, tenho minha irmã, Georgiana sabe de como será meu fim e ela estará ao meu lado. Agradeço todos os dias por eu tê-la.

– Você vai agradecer quando achar alguém que te ame, alguém que não seja da família...

– Não vivo nessa ilusória fantasia de amor, Bingley. Esse pode ser o seu sonho, mas não significa que é o meu também.

Casos & DescasosOnde histórias criam vida. Descubra agora