Tyler
Reviro na cama pensando em mais uma noite louca com Lia. Ela é uma incógnita e confunde tudo em mim. É o melhor sexo da minha vida, quente, depravado e delirante. Isso pode atrapalhar meu julgamento, mas ao mesmo tempo me faz pensar que ela não conseguiria estar mentindo sobre tudo. Eu a vi fodendo outros caras, e ela estava em controle de tudo. Comigo há uma interação diferente, ela me deixa tomar algumas iniciativas.
Ela quer minha confiança e eu estava inclinado a dar a ela mesmo antes do nosso acordo, mas sua disposição em fazer algo para conseguir isso me deu uma vantagem.
Italia se importa com Erin. Se somente Erin consegue fazê-la confessar seus sentimentos, então é ela que conhece todos os mistérios da Viúva Negra. Talvez ela também saiba onde Italia estava em 26 de novembro. Eu vi uma foto das duas na casa de Lia. Nenhuma foto com mais ninguém, só a morena fatal e a loira simpática emolduradas em vidro numa estante em um dos cantos da lareira.
Erin parece ser a solução parcial para meu impasse com Lia, mesmo que eu tenha concordado em não interrogá-la sobre qualquer coisa relacionada a Gavin.
Nossa conversa repassa na minha cabeça, ela falou que Sasha e Rafaella levando minhas bolas embora, e imediatamente me lembrei do testículo na garganta de Linden. Será que ela pode ser cínica o suficiente para falar de bolas quando pode ter enfiado uma na garganta de outro homem? Seu subconsciente pode tê-la traído nesta comparação infeliz.
Ela vai me levar a uma festa e eu não sei se esta é a melhor designação para qualquer coisa relacionada a Italia Bianchi. Seu conceito de diversão é completamente deturpado, usando acessórios em couro e metal para cumprir com a palavra tatuada em seu antebraço.
Posso estar indo para minha própria morte, quem sabe agora com um pênis enfiado na minha boca, sordidamente confiando nela, sem razão alguma. Eu fui melhor treinado do que isso. Anos na força policial para deixar que “confie em mim” sobreponha pistas e coisas evidentes.
Fico rolando na cama de um lado a outro, sentindo o cheiro dela nos meus poros. Maldito cheiro que impregna as minhas veias, pulsando além do que eu sou. Ou o que eu achava que era, pelo menos. Ela é uma gata, com seus olhos verdes expressivos e maliciosos e sua forma de esticar o corpo indulgentemente, mas uma gata bem vira-lata, sem lar ou dono.
Até minha arma agora tem o aroma indefectível de Italia. Puta que pariu, ela se masturbou com minha pistola. Eu seria exonerado em dois segundos caso alguém soubesse disso, mas a imagem é tão erótica que me arranca uma ereção mesmo que a minha mente não consiga se desvencilhar da suspeita sobre ela.
Não sei precisar quantas horas eu consigo dormir, mas ainda acordo revivendo a noite anterior. Só que desta vez eu revejo a sala do apartamento, com alguns detalhes além do corpo esguio nu da mulher demoníaca.
Havia também na estante, embora a foto com Erin tenha me roubado a atenção primária, alguns livros de direito e um anuário da faculdade dela. É então que um estalo me percorre. Eu reconheceria a águia do brasão da Universidade de Chicago mesmo que estivesse cego. Frequentei a faculdade estadual, não cheguei nem perto de pagar as mensalidades absurdas de uma instituição prestigiada como esta, mas olhei tanto os documentos de Gavin, inclusive seu diploma, que posso até citar o lema da universidade.
Caralho, eu deixei isso passar, preocupado em entender Italia. Levanto da cama num sobressalto e me visto depressa, completamente desperto e sem qualquer chance de voltar a pregar os olhos.
Chego na delegacia com o lugar ainda meio vazio pelo horário tão prematuro. Quando sento em frente ao meu computador já ligo para o promotor que cuida do caso, solicitando uma lista de alunos da universidade de dez, onze e doze anos atrás. Ele me xinga por tê-lo tirado da cama, mas meu suspiro impaciente o faz prometer que conseguirá o mandato antes de meio dia, digo que não é necessário. Estes registros são públicos e não quero a ficha de alunos específicos, que seriam informações sigilosas. Não vai ser difícil conseguir isso com um simples telefonema e sua autoridade.
Algumas horas depois, Sanchez chega mais revigorada do que nunca. Eu chego a invejar o descanso que ela deve ter tido, sem ninguém para perturbar seu sono. Ela me cumprimenta e seu olhar é recriminatório sobre mim.
– Não conseguiu dormir, Ty?
– É tão evidente?
– Nítido como o envolvimento da sua amiga com Gavin, mas parece que você não se importa.
Me recuso a responder, até porque se eu fosse direcionar qualquer réplica seria uma bem mal educada. Estou destruindo nosso bom relacionamento como parceiros por querer que ela tenha paciência em coletar mais dados. Ela acha que estou fazendo isso porque quero proteger Italia.
Parece que a minha vida é estar sempre entre duas mulheres que não me admiram e questionam meus métodos. Dr. Newman ficaria empolgado com esta constatação.
– Você está certa, Lella. – meu suspiro denota o efeito que ela tem sobre mim. – Mas eu realmente acho que precisamos de um motivo para que Bianchi tenha matado Linden. O argumento de que ele a irritou com sua perseguição é muito frágil para um crime tão bem executado.
– Eu sei, Tyler, mas precisamos partir de algum lugar. – suas sobrancelhas finas se arqueiam para mim no mesmo momento que o e-mail do promotor chega no meu computador.
Abro a lista de alunos da Universidade e bingo. Uma procura rápida mostra que Italia e Gavin dividiram os corredores da instituição durante o mesmo período. Entre milhares de alunos pode ser que eles não tenham se conhecido. Mas também pode ser que tenha sido ali que o ódio que ela tem por ele tenha se instalado.
Ligo para o promotor pela segunda vez, avisando que agora vou trazer alguém para ser interrogado. Ele garante que estará na delegacia de tarde.
– Estou começando de um lugar, Lella. – digo assertivamente e ela me encara como se não tivesse entendido. – Da Universidade de Chicago.
Italia chega à delegacia pontualmente às 15 horas e um telefonema me indica que ela está numa das salas de interrogatório. Eu a observo pelo vidro com Rafaella e Alex, o promotor. Lia permanece sentada, quieta e sozinha em frente à mesa de metal e com uma altivez impressionante. Nem parece a mesma mulher fragilizada que encontrei no dia anterior. Sua postura é impecável, o vestido bem cortado e justo esconde as marcas da tortura junto com botas de salto que cobrem seus tornozelos e panturrilhas. Ainda bem que está frio, senão ela mostraria todas as tatuagens temporárias do bondage que eu vi em sua pele nua.
A fazemos esperar um pouco. É uma tática antiga, para estimular irritação e uma antecipação que não permita que a pessoa reproduza friamente uma história elaborada.
Ela olha fixamente para o espelho, como se pudesse me ver aqui do outro lado e não consigo deixar de lembrar de quando a vi em Safeword, nesta mesma condição. Ela dentro de uma sala espelhada me encarando como se pudesse ver a minha alma. Só que naquela ocasião ela estava acompanhada de dois homens.
Rafaella entra primeiro, geralmente é assim com o policial que vai adquirir a postura mais agressiva. Eu a sigo buscando não encarar Italia, mas seu olhar me alcança como dois holofotes verdes. Ela deve estar muito brava comigo. Num dia dou a ela uma carta de saída livre da prisão, no outro a convoco para um questionamento.
– Obrigada por ter vindo, Srta. Bianchi. – Rafaella começa e se senta na frente dela. Dou uma volta de pé pela sala.
– Eu gosto de passear por lugares inusitados. – a ironia na voz dela é cruel.
– Ouvi dizer. – Rafaella continua impassível. – A chamamos aqui pra entender por que você falhou em dizer que já conhecia Gavin Linden antes da noite de Halloween.
– Eu não falhei em dizer.
– Vocês estudaram na mesma Universidade, ao mesmo tempo. A princípio até achamos que poderia ser que vocês não tivessem contato, mas quando cruzamos o currículo de vocês ficou evidente que fizeram ao menos três disciplinas juntos, por ano. – ela é boa. Muito boa. – Vai dizer que neste período você não o conheceu?
Italia olha a papelada que Sanchez espalhou sobre a mesa e parece inabalável.
– Vou repetir, por que você não nos contou que o conheceu na universidade?
– Porque vocês não me perguntaram. Você perguntou qual tinha sido a última vez que o vi, e não a primeira. – Italia também é muito boa.
Rafaella respira fundo.
– Então, qual foi a primeira vez que você o viu?
– Numa aula de teorias da ética social. Ele não parecia entender muito bem os conceitos de ética.
– E você entende, Srta. Bianchi? – pegar pesado é a expertise de Rafaella.
– Você entende, detetive Sanchez? – a curvatura da boca de Italia se levanta discretamente num sorriso disfarçado.
Vejo Rafaella se desconcertar um pouco e olhar pra mim com incerteza.
– Eu não sou o foco aqui. – Sanchez desvia do golpe de Italia.
– Srta. Bianchi, você se envolveu com Gavin Linden durante o período da faculdade? – finalmente abro a boca e me sento ao lado de Rafaella.
– Não. – ela responde estoicamente.
Fico tentando achar algum traço da mulher que sucumbiu a luxuria e ao desalento nos meus braços ontem, mas ela não está ali. Pelo jeito ela também teve o sono que precisava. Só eu que não durmo direito nessa merda toda.
– Eu o conhecia. Ele era uma figura frequente em festas e amigo do homem que eu namorava. Nossa interação era baseada em estar nos mesmos lugares ao mesmo tempo.
– Você diria que ele já era interessado em você naquela época? – pergunto aproveitando que ela falou mais que três palavras.
– No bar ele disse que sempre me admirou. Eu não via isso na época, até porque eu tinha um relacionamento com o amigo dele.
– Qual era o nome deste amigo? – Rafaella espreme os olhos.
– Mason Chadwick.
– Você ainda tem contato com Mason? – Sanchez anota o nome do sujeito.
– Nenhum. Eu me separei de Mason e isso também diminuiu meu contato com Gavin, ou qualquer pessoa que o seguisse como numa matilha.
– Por que seu relacionamento com Mason terminou?
– Eu descobri que estava grávida no último ano de faculdade, e Mason não queria ser pai. Acho que é um bom motivo para terminar um relacionamento.
Engulo em seco. Caralho.
– Você teve o bebê, Srta. Bianchi? – Rafaella alivia o tom de voz.
– Não. – Italia se arruma na cadeira. É a primeira vez que ela demonstra qualquer desconforto com a situação. – Eu não criaria sozinha um filho de Mason, que ele sequer acreditava que era dele.
– E era dele? – Sanchez pergunta receosa.
– Minha promiscuidade começou depois da faculdade, detetive. Eu não tinha motivos para mentir a Mason. Na verdade se ele tivesse me apoiado, possivelmente eu não teria abortado.
Imagino o quão normal seria a vida de Italia como mãe de um pequeno Mason Chadwick hoje. Entendo um pouco o trauma que ela deve ter sofrido durante este período.
– Gavin teve qualquer envolvimento no aborto? De repente como amigo de Mason ele pode ter se oferecido para ajudar com seu “problema”. – tento entender a raiva que Italia sentia de Gavin.
– Já disse que não tive mais contato com Gavin.
– Acha que Mason poderia confirmar que seu relacionamento com Gavin era superficial? Ele tinha algum ciúme de vocês dois? – se Mason pudesse ter ainda alguma fixação em Italia, ele teria motivos para odiar Gavin por ter ficado com ela na atualidade. Parece-me que ficar obcecado por Lia não é uma exclusividade minha.
É uma hipótese remota. Mas quem sabe?
– Mason me exibia como um troféu, detetive McKenzie. Ele era um esportista, gostava de competição e gostava de ver que as pessoas queriam o que ele tinha. Eu não acho que ele achava ruim o fato de qualquer pessoa me olhar com admiração.
– Gavin soube do bebê? – Rafaella insiste.
– Não sei o que Mason dividiu com seu fã clube. – Italia olha no fino relógio de pulso puxando a manga do casaco. – Posso ajudar em mais alguma coisa?
– Onde você estava em 26 de novembro? – pergunto e ela me encara séria.
– Eu não matei Gavin Linden. – ela é enfática. – Vocês não tem motivo para me manter aqui, então eu gostaria de ir embora.
– Algum compromisso urgente, Srta. Bianchi? – Rafaella não parece satisfeita.
– Só mais tarde, preciso açoitar algumas pessoas pra me sentir melhor sobre tudo que revivi nesta conversa. – ela sorri friamente e aperto as mãos instintivamente. Ela vai a Safeword.
Minha garganta se aperta num misto de ciúme e inveja do pobre coitado que cair em suas garras esta noite.
– Vou te acompanhar até a saída. – me levando com ela e abro a porta.
Assim que saímos no corredor do distrito policial ela apressa o passo.
– Realmente, Tyler, nem um dia de descanso pra minha cabeça? – ela nem me olha e fala baixo.
– Isso pode te ajudar, Italia. Se eu souber que Gavin não era este cara legal que parecia ser, e que mais pessoas poderiam saber disso, talvez você não seja a única suspeita do que aconteceu com ele. – tenho o impulso de segurar seu braço para impedi-la de fugir tão rápido de mim.
– Ele não é um cara legal, Tyler.
– A sua palavra não basta, Lia. Eu ainda estou procurando um assassino. É melhor você colaborar comigo. – me irrito e acabo entrando em sua frente, parando seu corpo com o meu.
Caralho, minha vontade é beijá-la aqui mesmo, especialmente quando ela me dá um olhar magoado e bravo.
– Confia em mim, estou tentando te ajudar. – é minha vez de pedir.
– Reviver um passado infeliz não me ajuda em nada, Tyler.
– Mason poderia saber que você ficou com Gavin? Se Gavin sempre admirou você, ele deve ter se gabado de ter estado com você tanto tempo depois. E se isso irritou Mason?
– Eu não sei, Tyler. – ela rosna pra mim. Puta merda, a tensão entre nós dois cresce como minha ereção. Eu podia trepar com ela agora mesmo.
– Você diz que odeia Gavin sem nenhum arrependimento.
– Meu único arrependimento é ter deixado você se aproximar de mim e me conhecer. – ela tem uma profundidade impressionante nos olhos.
– Por quê?
– Porque você está usando isso contra mim, Tyler. Disfarçando de uma suposta “ajuda”.
– Você faz isso comigo, Lia. Você cutuca minha alma, meu coração e meus segredos.
– A diferença é que você se sente melhor depois. Eu me sinto um lixo. Saia da minha frente.
Eu sabia que ela ficaria brava em ser chamada para este interrogatório hoje, eu só não achei que fosse tanto. Achei que ela pudesse entender minha motivação, embora eu não pensasse que ela teria que revelar coisas tão íntimas.
– Eu vou cumprir o que te prometi ontem e te apresentar à Erin. Depois disso, você continua sua investigação e me deixa em paz. – ela parece controlar o impulso de me atropelar.
– Lia, eu sei que você está magoada, mas eu não posso obstruir a investigação.
Ela baixa a cabeça em um “não” desacreditado.
– Eu não te pedi para obstruir nada, Tyler. Eu só te pedi pra confiar em mim.
– Uma coisa implica na outra, Lia. É difícil confiar em alguém que esconde tanta coisa.
– Eu confiava em você, mesmo sem saber tudo a seu respeito. – é como um soco no estômago. Talvez eu precise trabalhar mais questões como esta na terapia.
No final do corredor eu vejo Rafaella nos olhando atentamente. Italia está de costas para ela e só percebe meu rosto se alterar assim que enxergo a latina esperta por ali.
– Você acredita que eu não o matei? – ela me encara e vejo Alex Grandville, o promotor do caso, aparecer ao lado de Rafaella. Estou fodido se continuar conversando com Italia desta forma.
– Não sei. Estou inventando teorias que me mostrem que você é inocente, mas não posso provar nenhuma. – tenho que ser honesto.
– Então fique longe de mim. – ela desvia do meu corpo e me olha furiosa enquanto passa do meu lado. – É sério Tyler, ou vai se arrepender.
Ela vai embora me deixando com esta ameaça e me sinto confuso demais pra tentar sequer esclarecer o que eu estava conversando com ela para Rafaella. Passo o resto da tarde calado e levantando os dados sobre Mason Chadwick. Ele vive numa cidade a quatro horas de distância, o que impossibilita nossa ida ainda hoje. Mason é um treinador de futebol americano na escola local e um membro respeitado da comunidade, não acho que vai se recusar a responder algumas perguntas sobre um amigo do passado. Ou uma ex-namorada, no caso.
Italia falou dele com distanciamento, como se ainda estivesse ressentida com ele por tudo que aconteceu entre eles. Mas obviamente ela deve estar, que mulher esqueceria um aborto facilmente?
O promotor acompanhou o interrogatório de Italia pelo vidro e chega à minha mesa no fim da tarde assim que Rafaella sai sem dizer onde vai.
– Tirando o fato dela não ter um álibi e ter tido um envolvimento com Gavin, não temos nada contra Italia Bianchi. – ele diz nervosamente. – Enquanto o caso não for sólido, não vamos acusá-la de nada.
– Eu sei, Alex. Estou de acordo. Rafaella que está pressionando o caso porque não temos qualquer outro suspeito. Gavin era um santo, o Dalai Lama de Chicago.
– Ninguém é, Tyler. Debaixo das aparências somos todos uma confusão. – ele sorri forçadamente.
– Nem me fale. – você nem imagina, não é mesmo?
– Sobre o que você estava conversando com a Srta. Bianchi no corredor, Tyler?
– Eu a conheci pessoalmente. Antes dela se tornar uma suspeita, mas isso não influencia a investigação.
Alex franze o cenho pra mim.
– Está tudo bem, eu garanto. – exceto que eu realmente não garanto. Estou quase eu mesmo odiando Gavin por tudo isso.
Eu queria ter continuado conhecendo a deliciosa Viúva Negra, sem nenhuma morte ao nosso redor.
Alex dá dois tapas no meu ombro com condescendência e então se afasta.
Algo em mim está inquieto. Seja por simpatia à história fodida de Italia, seja por não conseguir aplacar minhas próprias dúvidas. Alex tem toda razão, ninguém é santo. E é justamente isso que me faz ir pro hotel tomar um banho e trocar minhas roupas rápido o suficiente para contrariar as ordens de Italia e ir à Safeword.
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Safeword
RomanceQuando o detetive Tyler McKenzie é chamado para investigar um homicídio parecia que nada poderia ficar pior em sua vida. Como ele mesmo vai descobrir, as aparências enganam, e as coisa sempre podem piorar. Ele entra no submundo do sexo em Chicago, a...