Capítulo 37

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Tyler

É a última vez que Italia mexe com a minha cabeça, e foi pra foder com tudo de vez. Eu não consigo nem descrever o que senti quando ela se declarou culpada na audiência preliminar, embora eu mesmo tivesse certeza que ela realmente matou Gavin e Clark. Vi Lia e Rafaella se encarando como duas lutadoras de UFC na saída da sala do fórum e me senti cansado de tudo isso. Acho que este é o mesmo pensamento de Italia. Cansaço e desistência.

Se haverá qualquer justiça em uma condenação de Italia eu não sei, mas sei que não é mais uma das brincadeiras dela, arriscando com o perigo. Desta vez eu vi seu nervosismo, o olhar sem sua vivacidade e a postura caída. Quase não reconheci a mesma gata que se esgueirava sobre minha cama, me enlouquecendo com seu cheiro inconfundível e sua boca exótica. Me sinto estranhamente nervoso. Eu não consigo nem começar a pensar em como continuar investigando sendo que eu mesmo já desenvolvi um ódio pungente pelos três homens que machucaram Erin no passado. Se eu estivesse mais envolvido com Lia antes, eu mesmo a teria ajudado a torturá-los.

Conheço pelo menos mais duas pessoas que compartilham desta ideia: Greg e Erin.

É uma merda ter que investigar Erin, não me sinto nenhum pouco bem com isso. Eu gosto dela, é realmente uma pessoa fantástica, mas o que me deixa puto é ter que pressionar alguém que sofreu uma violência absurda.

Mesmo que ela não se lembre conscientemente, em algum lugar dela há a lembrança dos horrores que ela sofreu. Eu torço para que ela não chegue a ter as memórias disso, senão vai sofrer como Lia. Caralho, eu costumava amar meu trabalho, mas agora eu começo a me questionar se estou realmente fazendo o bem ao tirar da sociedade gente como Italia e Erin.

No mínimo elas deveriam ganhar algum tratamento psicológico, ou sei lá, o direito de igualar o placar da violência que sofreram, açoitando Mason, Clark e Gavin. Bem, acho que é meio isso que foi feito com eles. Então eu me pego concordando com vingança e homicídio. É fodido. A questão é que só é recriminável quando acontece com alguém com quem não temos proximidade.

Quando a mulher que você ama mata alguém que a machucou, talvez você não consiga mesmo ficar mal pelo sujeito. Puta que pariu, eu acabei de pensar isso mesmo, a mulher que eu amo. Se Sasha resolver assassinar alguém eu vou ter um padrão de só me apaixonar por mulheres homicidas. O que eu faço com essa informação? Eu amo Italia. Eu amo o homem que ela permitiu que eu me tornasse a seu lado, mesmo que tenha doído pra cacete durante o processo.

Ela deve estar amarrada de ponta cabeça chupando o pau de Greg e eu estou aqui, no meu novo apartamento pensando em como não consigo parar de pensar nela, sentindo todo tipo de saudade que engole meu coração e causa uma efervescência no meu corpo, e no meio disso tudo, brincando de casinha com Rafaella. Esfrego o cabelo debaixo da água quente e fecho os olhos tentando relaxar. Eu já disse isso, estou completamente errado, e continuo errando.

Saio do banheiro e começo a catar roupas pelo quarto, me vestindo enquanto Lella continua mexendo no celular na cama. Paro tudo para observá-la por dois segundos. Ela é linda, incrivelmente sexy e inteligente. É de fato a mulher dos meus sonhos, mas talvez eu prefira meus pesadelos. Subo na cama até que ela me olhe, desviando a atenção da tela do celular.

– Lella, sabe a forma como começamos a errar desde que deixamos que nossos sentimentos comandassem nossa razão?

– Está falando do meu erro, e sobre como você o assumiu?

– Exatamente. Eu estava consumido em desejo por você e culpa por Sasha, numa posição autodestrutiva e completamente fodido. Eu esperava o momento de tomar um tiro, porque já não me sentia mais vivo, não importava quanto ar entrasse em mim. Eu não tinha você, nem Sasha, nem ninguém. – ela acaricia meu braço.

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