Capítulo 35

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Tyler

Bato na porta de Katia Chadwick perto da hora do almoço após quase quatro horas de viagem. A propriedade é bonita e bem cuidada. O xerife Bratt me acompanha, já que conhece a cidade muito bem mas não entra quando a esposa de Mason me convida para um café ou chá. Observo a casa confortável e limpa, e penso que dificilmente uma esposa que está desesperada pela ausência do marido tem tempo de manter tudo organizado, ainda mais com três crianças.

Ela sorri quando me entrega a xícara e sento na banqueta alta, apoiando o cotovelo na ilha da cozinha e ligando um gravador.

– Quando se apresentou como detetive de homicídios, achei que houvessem achado Mason... – ela pondera. – Morto.

– Me desculpe por assustá-la. Eu sei que pode parecer estranho que eu tenha perguntas mais pessoais do que foram feitas antes, mas fazem parte da investigação, ok?

– Ok. – ela sorri com compreensão. Atribuo a simpatia de Katia ao choque que ela deve estar sentindo.

– Mason tinha algum problema na região genital, Sra. Chadwick? – ela espreme os olhos pra mim. – Mais especificamente nos testículos. – dou um sorriso amarelo. Puta que pariu, este trabalho me fode às vezes.

– Não que eu saiba. – ela parece ligeiramente encabulada.

– Veio ao nosso conhecimento que ele sofreu uma torção testicular em Chicago e que no hospital ele foi operado. Ele mencionou isso para a senhora? – mostro o prontuário do Mercy General Hospital que o advogado de Italia encaminhou para nosso escritório logo cedo.

Ela olha as datas.

– É por isso que na sexta-feira ele sumiu? Dia 24 de novembro? – ela aponta a data no papel.

– Diz aqui que ele teve uma alta a pedido, no dia 25 de novembro. Ele ligou para a senhora?

– Não. Qual foi a cirurgia?

– É um procedimento simples na verdade, para a remoção do testículo afetado. – falo constrangido.

Katia arregala os olhos e sinto que ela pode explodir em choro a qualquer momento, mas ela faz justamente o contrário, caindo num acesso de riso que a faz lacrimejar. Eu quase rio junto, contagiado por ela, mas me contenho mordendo os cantos da boca.

– Aquele desgraçado, filho da puta. – ela fala entre risos. – Me desculpe, detetive, mas é absolutamente irônico.

E lá vai ela denovo, rindo descontroladamente. Eu dou um tempo para que ela se recomponha e possa se explicar.

– Mil perdões. Detetive, quando me informaram que havia ocorrido a prisão de uma moça pelo sequestro de Mason, eu reconheci o nome na hora. Italia Bianchi. Quem esqueceria um nome exótico deste, certo? Mason não só não esqueceu o nome, como não esqueceu a mulher. Ele não calava a boca a respeito dela. Ninguém é tão linda quanto Italia, ou tão cheirosa, ou tão gostosa, ou trepa tão bem, ou chupa as bolas dele tão bem quanto Italia. – ela dá mais uma risada. – Será que ele pediu pra ela chupar a bola que sobrou?

Sinto um ressentimento absurdo na voz de Katia e tento decifrar sua postura, mas não preciso muito, ela mesma deve estar cansada de fingir que espera que Mason volte pra casa, e mais, que ficaria feliz com isso. Entendo a casa arrumada e o sorriso ao me fazer um café. Katia Chadwick está feliz.

– A última vez que conversamos, ele me disse que não voltaria mais a Marion. Ele tinha visto Italia e descobriu que era ela a mulher da vida dele. Ele não é um homem muito brilhante, demorou anos pra perceber o que eu vi na primeira vez que o surpreendi olhando as fotos de faculdade. Ele guardou todas as fotos com ela. TODAS! – ela fecha a expressão. – Eu sou a mãe dos filhos daquele imbecil e ele termina um casamento de oito anos pelo telefone pela ex-namorada? Na verdade eu fiquei devastada a princípio, mas depois pensei que não sentiria tanta falta dele chegando bêbado em casa pelo menos três vezes na semana.

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