Capítulo 39

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Tyler

Uso o sábado, o último dia do ano, para organizar minha cabeça, juntando tudo que eu preciso para ir ao escritório do Chefe Gardiner e solicitar meu afastamento do caso. Não pretendo desqualificar o trabalho de Rafaella, ou a forma como conduzimos as investigações, embora eu acredite que a juíza Berkley estava muito correta em suas palavras.

O que eu quero fazer é convencê-lo que as investigações sobre mim estão prejudicando minha capacidade de trabalhar tranquilamente e isso obviamente não é bom para o jeito que eu tenho conduzido o caso dos homicídios. Pretendo esconder a parte de estar completamente apaixonado pela acusada e ela ter me pedido pra fazer isso. Não é um argumento muito coerente para um afastamento e sim para uma suspensão com sanções graves.

Meu telefone toca e atendo Rafaella prontamente. Ela está de plantão e desde que comecei a ser investigado eu raramente tirei dias de final de semana para trabalhar, por recomendação do Dr. Newman.

– Por favor, pelo menos o último dia do ano tem que ser tranquilo. – digo num suspiro.

– Preciso de você aqui. Já chamei Alex e o chefe. – ela diz seriamente.

Tenho vontade de responder "Não! Estou fora deste caso!", mas nem falei com o chefe ainda. Quem sabe seja esta a minha oportunidade.

– O que é tão grave, Lella?

– Erin Campbell está aqui, pronta para confessar o assassinato de Gavin, Clark e o sequestro de Mason.

Ah, caralho. Só pode ser uma puta brincadeira de mau gosto. Tudo o que eu já pensei sobre pressionar uma pessoa traumatizada como Erin passa na minha cabeça enquanto dirijo para a delegacia. Não me sinto bem com isso, nem um pouco.

Chego abrindo os braços pra Lella como quem diz "mas que porra está acontecendo?" e ela me responde com um gesto de "não faço ideia!". Entro na sala de interrogatório querendo olhar Erin nos olhos e perguntar da forma mais honesta que eu consigo "você está doida?". É meio o que eu faço com o olhar, tanto que ela mesma abre a boca pro seguinte.

– Eu não estou louca. Eu só não vou deixar Lia pagar por um crime que ela não cometeu.

– Srta. Campbell, você tem álibis sólidos. Seu cartão de crédito mostra o pagamento de um jantar e em seguida alguns drinks em um restaurante, então recibos de táxi fora da rota da casa de Gavin Linden, e além de tudo, Victor Beaumont disse que esteve com você a noite toda. – explico como se já não tivesse repassado a história um milhão de vezes.

– É tudo falso. Eu pedi a Victor que fosse meu álibi e ele concordou. – Erin fala tão desesperada que eu não consigo acreditar.

– Srta. Campbell você foi instruída pelo advogado de Italia Bianchi a confessar os crimes? – Rafaella também não acredita.

– Detetive, por favor, acredite em mim, Lia não matou ninguém. Eu matei.

– Conte-me como. – peço aguardando a história.

Erin conta uma história bem amarrada, cheia de detalhes e nenhum ponto de conflito. Dá pra ver que ela pensou muito sobre como falar sobre isso.

– Entrei no prédio de Gavin pelas escadas. Elevadores sempre tem câmeras. Ele mesmo me disse pra subir por lá, era como ele recebia as prostitutas e estava preocupado com Victor descobrir que eu ia lá. Ele morria de medo de Victor. – ela dá uma pausa controlada. – Ele achou que ia se dar bem comigo, mas eu enfiei um testículo na boca dele e o vi sufocar até morrer. Na noite que eles me estupraram Gavin enfiou um líquido na minha boca e eu engasguei. Eu penso até hoje se ele se lembrou disso na hora que foi perdendo a consciência.

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