Capítulo 44

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Lia

Quando todos seus planos fracassam, é necessário readaptar a direção das coisas. Entendo a frustração que Erin demosntrou quando eu acabei com seus planos me declarando culpada. É o mesmo que sinto por Alex tem me livrado das acusações. Eu podia jurar que o inferno congelaria antes dele tornar público qualquer detalhe sobre nós.

Ele é casado, tem dois filhos e um ótimo emprego, com uma vida estável e sem grandes preocupações. Acho que a maior loucura que fez na vida foi se envolver num caso extraconjugal, quando nos conhecemos durante um curso de mestrado há três anos. Eu não terminei tudo porque ele não podia me ajudar, na verdade eu nunca pedi. Eu admiro Alex profundamente. Ele é um homem honesto e bem intencionado, apaixonado pelos filhos e muito devoto à família. Sei que é contrassenso que um homem possa ser tudo isso e ser amante de outra mulher.

Embora a monogamia seja uma convenção social, nossos corações e corpos podem pulsar por outras pessoas durante a vida, sem que isso defina nosso caráter como ruim. Caráter é uma medida subjetiva e não padronizada, então, eu não consigo ver Alex como uma pessoa questionável. Ele é um grande homem e tenho por ele o maior respeito do mundo.

Nosso relacionamento acabou porque Greg estava certo. Meu protocolo é gostar de pessoas inatingíveis, fechada em mim mesma e protegida pelas circunstâncias. Doeu ver o gigante puto comigo, pela forma que vivo a vida, mas pelo menos sua honestidade é leal, sempre em serviço do meu bem, embora eu fique brava com ele de tempos em tempos.

Alex podia ter ficado quieto sabendo que nosso segredo estava seguro comigo. Mas ele escolheu não ficar, e por isso eu até fico aliviada, porque me mostra que ele é o homem que eu acho que ele é. Mas não ser acusada da morte dos dois imbecis da faculdade dificulta um pouco as coisas para Erin, já que a polícia vai voltar a investigar o caso do zero. Não tenho muito tempo para pensar em algo diferente e isso me consome do caminho do fórum até minha casa.

É até estranho não enxergar uma viatura parada na frente do meu prédio e ser livre pra sair pela cidade sem alguém me seguindo. Peço a Cecy que faça um chá e ando pela sala sem conseguir conter minha ansiedade.

– Lia, pare de andar. Vamos pensar em algo. – Erin garante e eu a encaro com um suspiro. Seu otimismo é fora de série e eu às vezes duvido que uma mulher doce como ela tenha mesmo sido capaz de assassinar dois homens a sangue frio.

– Eu pensei em algo. – meu coração dispara quando pego o telefone sobre a mesa. – Mas preciso da ajuda de Tyler.

– Não, Lia. – ela se levanta e pega o aparelho da minha mão.

– Erin. Me escute primeiro.

– Você não pode usar Tyler pra qualquer vantagem, Lia, ele vai ficar bravo e vocês vão brigar, e você gosta dele, meu amor. – ela realmente está colocando meus sentimentos por McKenzie acima da nossa necessidade de despistar a polícia, é absurdo.

– Eu preciso que você confie em mim, Erin. – me aproximo dela e seguro seu rosto entre as mãos. – O mesmo desespero em que você ficou quando eu fui presa está começando a me afetar agora, e eu não posso e não vou ficar sem você.

Ela me devolve o celular e mando uma mensagem a Tyler. Explico brevemente o que quero fazer e depois de algum tempo, Tyler me responde. Erin me ouve atenta, e embora não concorde com tudo que eu pensei, acha que sua tarefa de hoje é razoável.

– Você precisa ir ver Mason. – digo sentindo um arrepio.

– Não fique tão preocupada, Lia. – seus olhos adquirem uma frieza impressionante. – Eu consegui lidar com ele até agora, não é?

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