Capítulo 33

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Tyler

Depois que contei a Rafaella tudo que Italia me contou sobre o passado, parece ainda mais claro que Lia tinha motivos de sobra para odiar e querer seus ex-colegas mortos. O sumiço de Mason, embora fosse extremamente suspeito, não fez com que pudéssemos estabelecer uma linha clara de acusação pra ele. Junto a isso, a determinação de Italia em proteger todos que estavam mentindo por ela fez com que Rafaella ficasse ainda mais brava e disposta a desmascarar todos, custe o que custar.

Gostar de Lia não é motivo suficiente para inocentá-la. Eu não posso fingir que as evidências não existem e que ela está isenta, especialmente depois de cogitar que ela não tenha mesmo nenhum álibi verdadeiro, nem mesmo o homem com quem ela se relacionava. Meu instinto me diz que esta é só mais uma história da Viúva negra, disposta a ganhar tempo numa investigação que aponta suas culpas.

Na sexta feira a Dra. Mirren nos chama até sua sala e vou com Rafaella depois de discutirmos o caso à exaustão, repassar todas as provas e detalhes das autópsias. Eu já repeti tantas vezes os nomes de Gavin, Clark e Mason que parece que os conheço pessoalmente. Evito piscar, porque cada vez que o faço minha cabeça volta às imagens de Lia se contorcendo de prazer e isso me frustra profundamente. Quão burro eu preciso ser pra me apaixonar pela suspeita do caso que eu investigo? Sinto que minha sanidade está por um fio, dormindo com Rafaella e prestes a montar um caso contra Italia.

A Dra. Mirren nos olha com um jeito esperto. Ela deve ter descoberto algo realmente impressionante porque adora nos ver pessoalmente quando fala coisas chocantes. Ela estica uma pasta sobre a mesa, na nossa direção.

– Se estiverem procurando Mason Chadwick, podem procurar por um homem com um testículo só. – ela fala satisfeita. – Comparamos as amostras de DNA que a polícia de Marion enviou com a do testículo encontrado na garganta de Gavin, e é uma combinação perfeita.

Eu mesmo quase engasgo.

– Mason não cortaria o próprio testículo para torturar Gavin. – Rafaella espreme as mãos sobre o papel do DNA.

– Dificilmente, a não ser que ele tenha algum tipo de distúrbio psicológico grave. Eu diria que vocês têm três homicídios a investigar, detetives. Pelo tempo de desaparecimento, é possível que Mason esteja tão morto quanto os amigos.

– É difícil provar um assassinato sem um corpo. – pondero e Rafaella me olha sagazmente.

– Mas não um sequestro. Obrigada, Dra. Mirren. – Lella se levanta apressada e a sigo pelos corredores.

– Lella, ainda temos muitos furos na história, eu sei o que você quer.

– Não tente mais me impedir, Tyler. – ela me olha furiosa. – Eu já esperei tempo demais, já fiz concessões suficientes até praquela vagabunda me chantagear. Isso acaba aqui. Erin não estava com ela em 15 de dezembro, Greg não estava com ela em 26 de novembro, é tudo um monte de mentiras fabricadas pra nos distanciar da justiça.

– Justiça, Rafaella? Você ainda acredita nessa merda de justiça? E a justiça pela Erin? Pelo que aconteceu com ela à mercê de três imbecis que achavam que tinham qualquer direito sobre a vontade dela? Quem vai fazer justiça pela Erin?

– Aparentemente Italia já fez, Tyler, tirando deles a oportunidade de um julgamento justo. Você gosta dela, eu sei, mas não pode fingir não ver que ela está nisso até o pescoço. – Sanchez está alterada e respira fundo.

– Vamos falar com o chefe Gardiner. – digo sabendo ser impossível que Lella reconsidere pedir a prisão de Lia. Espero honestamente que o chefe seja mais ponderado, porque Rafaella está numa cruzada contra Italia.

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