Capítulo 49

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Tyler

O primeiro lugar onde Erin pensou que Italia pudesse esconder Mason, foi Safeword. Não seria difícil que Victor concordasse com qualquer plano para livrar Erin de um futuro na cadeia, mas ele não ofereceu nenhuma objeção a nos deixar entrar no clube, o que já me deu impressão de estarmos perdendo tempo ao vasculhar os ambientes de Safeword um dia antes de sua reabertura. É estranho andar pelo lugar vazio e sem as luzes piscantes das noites mais loucas da cidade. O que não é nada estranho é que a atmosfera do lugar me lembre Italia, mesmo que sua figura incomparável não esteja ali.

Italia é o misto de preto, vermelho, metal e couro. Ao mesmo tempo, é a sensualidade que impregna cada canto como um emblema. Victor nos acompanha pelos corredores, pelas celas vazias com aparatos de tortura e pelo quarto de vidro, onde me demoro alisando um chicote preto e comprido, como se estivesse acariciando o corpo da mulher com olhos de gata.

Ele me dá um pequeno sorriso cúmplice, ciente de cada um dos meus pensamentos, que mesmo concentrados em salvar um homem da morte, ainda flutuam no desejo de ser preso em amarras e açoitado cruelmente por Lia.

– O porão, Vic. – Erin olha para ele desconfiada.

– Não há ninguém aqui, eu já disse. – Victor cruza os braços, inconformado com a falta de crédito que demos às suas palvaras. – Mas se você precisa ver o porão, que seja.

Sigo os dois pelo salão principal e depois pelo corredor dos vestiários de funcionários até uma porta que leva a uma pequena escada. Desço conforme Victor acende as luzes. O lugar é uma continuação de Safeword, mas não é menos pomposo por isso. Me lembra muito a parte de festas da casa de Greg, com imensos sofás em veludo vermelho e correntes pendendo do teto e das paredes.

– O que é este espaço? – pergunto girando ao redor do meu próprio corpo para ver o ambiente inteiro.

– Safeword é um espaço teatral, Tyler, para simpatizantes de BDSM, mas principalmente para a realização leve das fantasias que todos têm sobre dominação. Aqui embaixo é onde a coisa real acontece. – Erin explica andando pelo lugar e abrindo as portas dos quartinhos privativos.

– A coisa real? – caralho, eu acho que a dor que eu senti no andar de cima já foi bem real.

– Eu te mostro qualquer dia, detetive. – Victor dá um suspiro como se encarnasse um homem diferente de seu temperamento ameno e simpático.

– Ele não está aqui. – Erin desanima.

Entendo a loira. Não encontrar Mason é algo que aproxima Italia de sua loucura, e me sinto perdido sem poder fazer algo que diminua isso.

– Eu disse a vocês. – Victor abre os braços como quem diz "eu avisei".

– Pergunte a Gregory, Victor. – Erin pede e ele faz uma expressão insatisfeita. – Pode ser que pra você ele conte alguma coisa, e aposto que ele vai querer ajudar a salvar Lia.

– Acho que vocês dois tem que parar de interferir. Já fizeram o suficiente.

– Girassol. – Erin levanta as sobrancelhas pra Victor e ele se cala no mesmo instante.

Eu não preciso ser nenhum gênio pra entender que é a palavra de segurança dos dois. Girassol termina o que quer que eles estejam fazendo, mesmo que seja uma troca de opiniões sobre quem vai ser preso. Eu queria ter uma palavra de segurança pra vida em geral. Me imagino gritando "girassol" e a vida mudar completamente o rumo, ou congelar no momento que eu estiver vivendo, até que eu ache uma solução pra ele. Seria mais simples.

– Eu não posso acreditar que você está do lado de Lia, nisso, Victor. – Erin parece desapontada.

– Estou do lado que não te afaste de mim, Erin. – pronto, está mais do que claro que o homem está caído por ela, apavorado como eu em perder a mulher que ele ama, mesmo que ela seja ligeiramente psicopata.

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