Capítulo 25

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Tyler

Eu me sinto perdido dentro de Italia, mas não há outro lugar onde eu prefira me achar. Eu contrario toda minha própria lógica, cruzando todos os limites pessoais e coletivos pra merecer sua atenção. Eu achava que ela era uma doença, mas agora me pego pensando que ela pode ser a única cura para as doenças que eu já tinha.
Seu corpo esguio descansa sobre a cama ainda cheirando a nós. Seu aroma está impregnado em mim e respiro fundo tentando memorizar cada nota perfeita que emana dela. Perfeita e tóxica. Ela é uma felina indecente que sorri obsessivamente quando a insulto de vadia maluca. Ela sabe que é um vício difícil de manejar e quanto mais eu me perco, mais ela me tem nas mãos.
Lia sabia sobre a morte de Clark. Ela não parece preocupada em ver seus colegas de faculdade morrendo, tampouco parece achar que a pessoa fará mal a ela, o que seria óbvio para alguém que está vendo ser dizimada a turma com a qual ela se relacionou no passado. Um gelo percorre a minha espinha. Lia pode estar em perigo e seu senso distorcido de auto preservação nem liga pra isso.
Meu estômago se revira, em suposições e fome. Vou à cozinha para preparar um jantar. Bater em alguém desperta uma fome visceral que eu não conhecia antes dela acordar meu lado selvagem e dominador. Me viro bem na casa de Lia. Tudo é bem organizado. Rio sozinho com a ideia de que ela compartimentaliza tudo. Da dispensa à sua mente. Dos alimentos aos sentimentos.
O barulho da porta me assusta e quando me deparo com Erin, a surpresa não é mais tão grande. A loira me olha de cima a baixo enquanto tira o pesado casaco e pendura no pequeno armário ao lado da entrada. Ela também se livra das botas de inverno e me dá um sorriso meio sacana. De tudo, estar só de cueca na cozinha de Lia me constrange mais do que a surpreende.
– Ela está dormindo. – sinto que devo uma satisfação a Erin, mesmo que ela não tenha perguntado sobre Lia.
– Esta é uma grata surpresa. – Erin tira um vinho da sacola que leva à cozinha e pega duas taças no armário. – Hoje pela manhã ela parecia precisar de um descanso.
Erin serve o vinho e empurra a taça na minha direção, agradeço e tomo um gole antes de voltar às panelas.
– Você está bem? – ela me pergunta e assinto com a cabeça.
– Melhor do que eu deveria.
– Não se martirize, Tyler. O que quer que tenha acontecido, pensar demais só leva a conclusões erradas.
– É meu trabalho pensar demais. – concluo.
– E quando isso deixa de ser trabalho para ser apenas diversão com uma garota que te deixa louco? – Erin sorri e seus olhos azuis me encaram divertidos.
– Enquanto ela for suspeita de matar dois homens, nunca. – me encosto no balcão atrás de mim e Erin desfaz a expressão alegre. – O que aconteceu na faculdade, Erin? Por que Gavin e Clark morreram de maneiras tão cruéis?
– Lia sempre diz que eu sou bonita, Tyler. Mas ela nunca reparou que é ela que faz os homens perderem a cabeça. Você sabe disso. Do efeito que ela tem.
– Gavin sempre gostou dela?
– Sempre. Ele era apaixonado por ela, debaixo do nariz de Mason. Seu melhor amigo. Gavin não conseguia esconder nenhum pouco e Lia nunca percebeu porque ela sempre pensou menos de si mesma do que o resto do mundo.
– Depois do Halloween, que ele teve Lia, seu comportamento obcecado voltou.
– Mil vezes pior. Assim como os pesadelos de Lia.
– Gavin machucou Lia no passado, Erin? Clark podia ter impedido e não o fez? – lembro da voz suplicante de Lia chamando por Clark. Tudo isso só dá mais motivo para crer que Lia poderia querer se vingar dos dois.
É o caminho oposto do que eu quero. Não quero considerar Lia como culpada.
– Eu não sei. – ela dá um suspiro triste. – Pode ser que sim, mas Lia não parece ter memórias reais sobre isso.
– Ela só tem pesadelos, vívidos e aterrorizantes.
– É. Mas isso é uma coisa. Matar alguém é outra. – Erin serve mais vinho para nós.
– Não parece que seja possível desvincular as suspeitas que se formam ao redor dela, Erin.
– Quando Clark morreu? – ela deixa claro que também já sabe da morte do segundo homem.
– Na madrugada de sexta. – aqui estou, infinitamente idiota, fornecendo informações para Erin para que ela faça exatamente o mesmo que eu, tente proteger Italia. E ela o faz.
– Eu estava com ela. Eu sei que você a viu chegar em casa de madrugada. – Erin me lança um olhar cúmplice. – Mas dizer isso te afasta do caso e mina sua carreira. Eu estava com ela, o tempo todo.
– Perjúrio é um crime também, Erin.
– É o menor deles, Tyler. Eu não vou deixar Lia ser presa. – ela afirma com convicção. – Meu prédio não tem câmeras ou porteiros. Ela ficou comigo.
Balanço a cabeça. Eu mesmo estou vivendo um pesadelo acordado. Parece que Erin também está disposta a arriscar tudo por Italia.
– Você está apaixonada por Lia, Erin? – já que estamos sendo francos, acho melhor conhecer minha concorrência.
– Não, detetive Mamba. – ela volta a sorrir. – Eu amo Lia, mas não desse jeito. A paixão que você diz está em vocês dois, em Greg, em Gavin, não em mim.
Uma sensação enjoada me arrebata. As palavras somem da minha boca.
– Ela e eu, por mais que haja insinuações e desejos, nunca transamos. A primeira vez que a boca de Lia encostou na minha boceta foi porque você quis assim. – não há nenhum ressentimento na voz da loira, só uma divertida constatação.
– Este é um conceito estranho de paixão. Dividir o objeto da sua afeição com outras pessoas. – meu velho eu monogâmico não compreende totalmente esta definição de estar apaixonado.
– Porque ela quer te agradar, Tyler McKenzie. Lia quer te ver tendo prazer, esse é o jeito dela demonstrar que se importa com você. Eu só a vi fazer isso uma vez na vida, em menores proporções, obviamente, com o único homem para quem Lia já disse “eu te amo" na vida.
– Mason Chadwick. – suponho e Erin levanta as sobrancelhas aloiradas pra mim.
– Mason narcisista Chadwick. – acrescenta com desprezo.
– E você, Erin? Como estava nessa história toda?
– Gostando de Gavin Linden como uma idiota. – ela ri. – Isso foi antes de perceber como ele era um sujeito bizarro.
– Aparentemente nenhum de nós tem um bom julgamento sobre quem devemos gostar.
– Você é um bom homem, detetive. – ela roda a taça nas mãos. – Pelo menos eu vejo que se preocupa com Lia de forma honesta.
– Acho que você e Lia podem estar em perigo, Erin. – confesso e ela me olha surpresa. – Se a pessoa que matou Gavin e Clark estiver atrás de vocês duas, ou pelo menos de Lia, é uma ameaça real.
– Depois que Lia engravidou e Mason mandou ela lidar com o “problema", eu o ameacei dizendo que o mataria se ele chegasse perto de Lia novamente. Ele ou qualquer um dos outros imbecis. Eles riram de mim.
– Então talvez você corra mais risco do que ela. – concluo.
– Pode ser. Se a motivação da pessoa em questão é algo que aconteceu no passado, por causa de Lia, então a pessoa não vai querer machucá-la.
– Qual foi a postura de Lia depois que o relacionamento com Mason terminou?
– Ela se isolou, passou um tempo com os pais, o que é algo inimaginável para fazê-la sentir qualquer sentimento bom. Mas a cabeça dela não estava bem. Quando ela retornou à faculdade, estava diferente.  Foi depois do bebê que ela despertou pra este lado sádico e desapegado.
– É algo que você acha que Greg e suas cordas possam resolver pra ela?
– Resolver não, mas você viu como uma dor maior pode suprimir outra dor não curada. Às vezes é um remédio. – Erin estica o corpo como se estivesse falando de sua própria submissão.
– E quem é o homem com quem Lia tem um relacionamento? – Erin faz uma expressão duvidosa.
– Como isso te afeta?
– Ela o protege. – desvio de responder com sinceridade a pergunta de Erin porque me afeta pra caralho, com um ciúme colossal. – Ele é o álibi dela, e ainda assim ela não o envolve nisso.
– Ele é casado, Tyler. Uma pessoa respeitável, com esposa, filhos e uma família feliz.
– Obviamente não é assim tão feliz. – talvez o sujeito viva na negação que eu mesmo vivia.
– É feliz. O que há com as pessoas e a monogamia afinal? Você promete estar com alguém e morre pro resto do mundo, é isso? – Erin ri. Mas em síntese, é exatamente isso. Monogamia implica em fidelidade a uma só pessoa. Eu melhor do que ninguém sei como este julgamento é doloroso quando a fidelidade não existe.
– Ela ama esse cara? – estou soando excessivamente ciumento e Erin adora, sorrindo satisfeita.
– Italia vê nele o que ela não teve, Tyler. O homem dedicado, bom marido e bom pai de família. Ele representa um mito que Lia desistiu de ter para si. De uma forma distorcida e bem fodida, Lia está acalentando seu coração com um cara que é para a esposa tudo o que…
– O filho da puta do Mason não foi pra ela.
– É. Mais ou menos isso. Pode não parecer, mas ela tem sentimentos.
– Ah, eu sei que tem. Os mais confusos e mais esquisitos, mas tem.
Erin dá uma risada honesta e divertida.
– Bom ver que você entende.
– Entende o quê? – Italia entra na cozinha com roupas folgadas e os cabelos presos no topo da cabeça.
– Quão maravilhosa você é, meu amor. – Erin se ilumina com a presença dela.
Lia entra nos braços de Erin e a beija na bochecha com carinho. Eu me sinto o intruso no que pode ser um ritual corriqueiro do fim de semana das duas, até que Lia venha até mim e repita o gesto, pressionando a boca fantasticamente exótica na minha própria face.
– E além de tudo você cozinha? – Lia sorri com o rosto ainda inchado de sono e esfrega o rosto no meu peito.
– Eu também tenho algumas surpresas. – brinco e ela beija a ponta da minha tatuagem, logo abaixo do ombro.
– O cheiro está ótimo. – ela elogia e sorri espiando as panelas.
Erin pisca pra mim e pega mais uma taça no armário, servindo Lia de vinho. O caralho do marido homem de família pode engolir essa.
Deixo as duas sozinhas para colocar as roupas e volto a tempo de terminar a comida.
Uma cena que nunca pensei acontece diante dos meus olhos, um jantar delicioso e cheio de uma conversa leve e animada entre nós três. Erin conta sobre seu dia no hospital e a gargalhada de Lia é como uma música descontraída. Ela parece a mesma garota das fotos da faculdade, feliz e humildemente impressionada com a amiga. Sasha nunca teve amigas próximas então nunca estive em posição de analisar a franqueza de uma amizade bem construída entre mulheres. Entendo perfeitamente que Erin queira proteger Italia de qualquer coisa, mesmo que Italia esteja errada ou culpada. Elas são fiéis uma à outra, indiscutivelmente.
Chego a pensar em ir embora, mas Lia discorda e nos acomoda no sofá com mais vinho até que estejamos meio tontos. Italia está ao meu lado num sofá e Erin esticada no outro, voluptuosamente jogada nas almofadas brancas que se moldam facilmente a ela. Não consigo deixar de lembrar de seu corpo nu sobre o meu, se remexendo deliciosamente. Efeitos do vinho e alguma loucura sobre a qual eu tenho pouco ou nenhum controle.
Para desanuviar a cabeça eu me levanto e acendo um cigarro. Lia me observa andar pela sala.
– Por que está apreensivo, Ty? – ela lê minha postura.
– Vou pra casa. – Erin se levanta do sofá e tenho vontade de pedir que ela fique. Eu gosto de como Italia fica confiante e feliz com sua presença descontraída.
Em vez de falar qualquer coisa eu apenas solto a fumaça no meio de um sorriso meio irônico. Apago o cigarro no cinzeiro e cruzo a sala em passos firmes, passo a mão pela nuca de Erin e a beijo. Ela não resiste, colocando as mãos nos meus braços e me apertando levemente. Quando minha boca finalmente larga a de Erin nós dois olhamos para Lia e ela nos encara como uma leoa pronta para o bote em sua caça.
– Ela é irresistível, não é? – a confirmação de tudo que Erin me disse está numa única frase. Italia pensa que a amiga é irresistível, quando é ela que invade a mente de quem as conhece.
Estico o braço, convidando-a para perto de nós. Lia se aproxima e agarra meu pau pelas calças. Eu mal consigo puxar o ar enquanto ela se abaixa na minha frente e arranca minha roupa, me abocanhando de um jeito gostoso, fazendo um pequeno círculo com a língua na ponta e enfiando novamente na boca até que eu alcance sua garganta. Seguro seu cabelo com força e Erin beija minha boca gentilmente com um sorriso infernal e lindo.
Estou tão excitado que dói. Erin tira minha camiseta e beija meu peito, lambendo meu corpo e se abaixando devagar. Seguro a nuca dela e tenho a loira e a morena, uma em cada mão, me enlouquecendo com as sensações molhadas de suas línguas. As duas bocas brincam na extensão da minha ereção enquanto eu vejo a fantasia de todo homem que eu conheço se materializar no meu corpo. Estou a milhas de ser o homem que mal conseguia ficar duro há poucas semanas. Entre gemidos vejo Erin colocar a mão dentro do shorts de Lia e seu gemido contido me acende ainda mais.
– Goza, Tyler. – Erin pede antes de fazer mais pressão com a boca em mim e Lia suga minhas bolas,
Eu não preciso de mais nenhum pedido e meus músculos inteiros recebem uma onda de calor quando encho a boca de Erin. Como uma boa submissa ela engole e eu não consigo segurar um palavrão que escapa da minha boca.
Puta merda, só a visão delas se beijando me deixa como pedra novamente. Vejo as duas se despindo em olhares lascivos e seus corpos ajoelhados se chocam levemente quando elas se abraçam para outro beijo na boca. As línguas rosadas aparecem em pequenos pedaços, entrelaçadas nas bocas das duas beldades à minha frente, e acaricio meu pau, observando seus mamilos rijos se encostando delicadamente. Lia pega a minha mão e força meu corpo para baixo, e eu as beijo, colocando os dedos entre suas pernas, depois de acariciar suas costas e os traseiros macios e redondos.
Os pequenos gemidos entre nossas línguas me levam quase à loucura. Erin fica de costas para mim e Lia se deita, recebendo a boca da loira em seu sexo. Ela fixa os olhos verdes nos meus e me abaixo atrás de Erin, perdendo minha língua nela. Não consigo deixar de olhar pra Lia, mesmo que o que ela consiga ver de mim sejam somente meus olhos sobre a bunda deliciosa de Erin. As duas gozam quase juntas, e Erin se debruça sobre Lia para beijá-la na boca. As vejo esfregando suas púbis em gemidos enlouquecedores.
Os corpos delas conversam entre si enquanto elas entrelaçam as mãos e se beijam. É melhor que qualquer coisa que eu possa ter imaginado neste sentido. Elas se estimulam primorosamente e eu imagino há quanto tempo todo este desejo estava aprisionado dentro delas. Lia gira o corpo, deixando Erin embaixo desta vez, e me recebe de quatro, ainda pulsante pelo orgasmo.
Entro nela segurando um orgasmo insistente, mesmo com seus músculos comprimindo meu pau com força. Ela beija Erin, gemendo em sua boca e então me dá a visão de sua cabeça se mexendo lentamente na boceta de Erin, as mãos ao alto acariciando seus seios e a loira com a pele avermelhada mordendo os lábios em tesão e prazer.
Minhas mãos passam pelas costas de Lia e me sinto entorpecido de prazer, ela não tem o mesmo ritmo bruto de sempre. Em vez disso, seu ritmo é cuidadoso, cheio de atenção a Erin e me fazendo entrar e sair dela sentindo-a me molhar inteiro, escorrer em mim pra que eu deslize pra dentro dela novamente. Vejo Lia gozar manhosamente, se esticando inteira e me mantendo inteiro dentro dela para que suas contrações se façam sentir em mim. Erin acaricia os cabelos morenos sobre sua barriga e sorri de uma forma que me entontece. Me sento e Lia rola para o lado, Erin senta sobre mim e me cavalga alucinada. Ela junta o corpo ao meu, me abraçando enquanto seguro sua cintura e a ajudo a subir e descer em mim. Ela franze a testa e fecha os olhos, dando um gemido delicioso de ouvir, e Lia a abraça pelas costas, mordendo sua nuca. Meus olhos estão novamente nos da minha gata selvagem. Este olhar é perverso e excitante, me mostrando que ela está adorando tudo isso. Lia acaricia os seios de Erin e a loira se encosta nela, relaxando o corpo. Lia abaixa as mãos e estimula o clitóris de Erin antes de colocar dois dedos dentro dela junto com meu pau.
Erin solta um “hum” comprido, e embora eu achasse que não tinha espaço para mais nada ali sinto os dedos de Italia se mexendo vagarosamente. Gozo com Erin, e não consigo parar. Eu gozo, gozo e gozo dando um gemido tão alto que sobrepõe a música e o próprio gemido de Erin.
Deito de costas no chão e as duas se debruçam sobre mim para que Italia me beije a boca. Tento acariciar as duas, mas não acho que tenho energia nem pra mover meus braços. Demora algum tempo para que nos levantemos para um banho.
Embora as experiências de sexo a quatro e a três sejam fantásticas e tenham me proporcionado um prazer desconhecido e indescritível, é no meu sexo com Lia que eu verdadeiramente alucino. Posso estar com uma multidão pelada na cama, é o olhar dela que o meu busca, é nela que estarei pensando.
Puta que pariu, eu até chamei Rafaella de Lia, num ato falho constrangedor. Não preciso de mais nada pra me mostrar que quero Italia, e vou fazer o que for preciso pra protegê-la.
– Segunda feira, quando eu te chamar pra depor na delegacia, diga que estava com Erin na madrugada de sexta. – instruo e as duas me olham ao mesmo tempo.
Somos uma bagunça de água, espuma e risadas depois do que aconteceu, mas eu não consigo evitar de falar no assunto.
– Você estava comigo. – Erin esfrega os ombros de uma incerta Italia.
– E se Rafaella descobrir que eu menti?
– Já vou ter tido mais tempo para reexaminar a história e achar outro suspeito. – afirmo e ela baixa o olhar. – É minha vez de pedir, confie em mim.
– Isso não é um pagamento pela sua proteção, Tyler. – Lia parece um pouco ofendida, especialmente por envolver Erin numa mentira.
– Eu não penso isso. – a abraço debaixo da água quente.
No domingo, depois que Erin vai embora, fico com Italia até anoitecer. Tenho mais perguntas pra ela sobre o que conversei com Dr. Newman, mas sei que não é o momento de fazer nenhuma delas. Me bastam alguns minutos depois que chego no hotel pra já sentir falta dela de um jeito ardido. Odeio segredos, mas eu mesmo inventei alguns pra poder achar Mason antes que as coisas piorem com as investigações apontando para Italia.
Na segunda bem cedo eu ligo para a pequena cidade onde vive Mason Chadwick. As informações que Rafaella levantou mostram que ele é um homem acima de suspeitas, casado, com um filho pequeno, relativamente bem sucedido e com uma vida tranquila. Mas se eu conheço o efeito que Lia causa nas pessoas, ele não deve ter se recuperado dela, mesmo depois de tanto tempo. Só preciso de um tempo com ele pra comprovar isso.
O xerife Bratt me atende solicitamente.
– Mason Chadwick é um membro respeitado da nossa cidade, detetive McKenzie. Não duvido que ele concordaria em encontrá-lo para uma conversa, conforme você me pediu. Só tem um problema, o Sr. Chadwick está desaparecido.
É como um imenso e dolorido chute no saco. Puta que pariu!
– Desaparecido? Como?
– Como em alguém que sumiu. Há aproximadamente quarenta dias. A família está desesperada. Ele foi para um seminário de esportes em Chicago e nunca mais deu notícias. – o xerife é categórico. – Estávamos tratando como um desaparecimento, mas agora que um detetive da divisão de homicídios está me ligando, estou realmente preocupado. Tem razão para crer que Mason pode estar morto, detetive?
– Não sei, xerife. – digo quando na verdade quero dizer “Com toda certeza, xerife.”.

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