Capítulo 32

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Lia

Me despeço de Erin antes que ela entre no táxi dando um beijo demorado em sua bochecha, ela encosta os lábios de leve nos meus e afaga meus cabelos.

– Tem certeza que não quer que eu a leve ao aeroporto? – ofereço mais uma vez e ela nega.

– Certeza que não quer vir comigo e Victor?

– Só fosse para abrir uma Safeword na cidade dos seus pais, meu amor. – brinco me sentindo agradecida por Vic estar indo com ela.

Erin ri e me abraça novamente.

– Se cuide e fique bem, feliz Natal. E se você ainda for uma garota que respeita tradições, vá à festa de Greg.

– Feliz Natal, intrometida. – beijo seu rosto novamente e ela entra no táxi. – Quando você voltar, quero conversar algo muito sério com você.

Erin me olha desconfiada.

– Sobre o que, Lia?

– Nós. Mas eu não quero estragar seu Natal, meu amor.

– Eu volto amanhã. – ela diz segurando minha mão sobre o vão do vidro na porta.

– Ok. Eu te amo. – digo e ela sorri.

– Também amo você.

Estou oficialmente sozinha na véspera de Natal. Vi Giorgio mais uma vez na sexta feira, antes deles partirem para Modena para passar as festas com o restante da família. Eu nunca gostei de ir. Quando estudava no internato não tinha muitas opções, meus pais mandavam me buscar para o cumprimento das obrigações familiares. Depois de adulta, nunca mais fui por este motivo, somente a trabalho.

Enquanto dirijo penso se agi corretamente ao conversar com Tyler sobre minhas memórias. Pode ser que eu tenha me precipitado, mas eu não tenho mais energia pra lutar contra o que me assombra. Mesmo que seja uma merda colocar coisas na cabeça de Erin sobre o que eu me lembro, vou precisar fazê-lo. Eu gostaria que ela fizesse o mesmo por mim, se fosse o contrário, e ficar tentando poupá-la de algo doloroso é como fingir que nada aconteceu, enquanto uma dor oculta e imensa consome nossas capacidades de felicidade aos poucos.

Faço algumas compras e em pouco tempo estou na porta de Greg, sem coragem de entrar com minha chave. Toco a campainha e aguardo até que algum empregado me deixe entrar e até mesmo o que me atende estranha meus modos.

Ele pede licença e espero na sala de estar até que um pouco depois Greg entra parecendo surpreso. Ele estava treinando, com o cabelo preso pro alto e roupas suadas. Não conheço muitas pessoas com a mesma disposição pra exercícios do que Gregory Brass. É como se ele não conseguisse ficar parado em ócio, ou está nadando, surfando, praticando alguma luta, fazendo musculação, escalada, ciclismo e por aí vai. Ele só em a mesma energia para trepar e beber, áreas em que ele também é bastante especialista.

– Bom dia, Srta. Bianchi. – ele fala friamente.

– Bom dia, Sr. Brass.

Ele vai ao bar no canto da sala e serve uma dose de rum pra mim e toma uma cerveja na garrafa.

– Achei nos odiávamos agora. – ele me entrega o copo.

– Foi um péssimo começo de semana, não foi? – ele se senta na mesa de centro, de frente pra mim.

– Uma merda. – Greg sorri e seus olhos brilham.

– Embora agora haja um ódio declarado entre nós, sua festa é tradição e eu não sou uma garota que desrespeita das tradições, especialmente aquelas que resultam em ressacas monumentais e a chance de te ver em roupas de Papai Noel.

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