Capítulo 47

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Tyler

Dr. Newman me liberou para o trabalho, fez um excelente relatório a meu favor e muito embora tenha me recomendado voltar às atividades sem restrição, inclusive liderando investigações, eu concordei com ele em continuar a terapia. Não é apenas porque aprendi muito nos últimos tempos, mas porque de fato a terapia é algo necessário para me impedir de pirar com as atuais conjecturas.

Passei de neurótico e impotente a perseguidor e viciado em sexo orgástico. Eu acho que melhorei de forma geral. Porém é bom ter o olhar atento do velhote me garantindo o que é progresso. Um outro investigador do distrito assume a vigilância de Lia e vou à delegacia a chamado da Dra. Mirren. Aviso Rafaella e estamos ansiosos pelo que quer que seja que a legista possa nos dizer. Ela não faz muitos rodeios. O DNA de paternidade de Giorgio está pronto.

Ele é mesmo filho de Italia, o que não surpreende nenhum pouco. Porém o pai não era Mason, tampouco Gavin. Clark Dickens era o pai do piratinha de Lia. Isso não prova cabalmente que ela foi estuprada, mas bate com a história de que Mason e Gavin tenham usado preservativos e Clark não. Caralho, eu não tenho ideia de como contar isso a Lia.

Meu peito dói toda vez que penso em seu corpo sendo violado de forma torpe e nauseante. Sanchez está convencida de que a história de Lia é real. Eu vejo que ela parece inclinada a simpatizar com Erin sabendo dos horrores que elas sofreram. Mas na cabeça dela o perpetrador pode ser Victor ou Greg, e ela não tem com eles a mesma anuência.

Se eles não testemunharam o ato ou participaram do mesmo, seus motivos são só empatia pelas garotas e isso os faz tão criminosos quanto o trio de estupradores em primeiro ligar. Ela está certa e fazendo seu trabalho, eu não posso julgar.

– Me sinto mal pelas vezes que pressionei Italia a confessar os crimes, devido a tudo que ela passou. E agora que ela quer confessar eu não quero ouvir, Ty. – Sanchez parece preocupada. – Não quero prender alguém que sofreu como ela.

– Você está fazendo o que tem que fazer, Lella. – tento tranquilizar o espírito de Rafaella para o que vem a seguir. – Fred Preston, o amigo de Gavin Linden está aqui para conversar conosco.

Guardo o celular no bolso e subo com Lella até as salas de interrogatório. Fred é uma figura agradável e simpática. Ele parece um bom sujeito e, embora esteja cansado pelas diferenças de fusos horários provocados pela viagem, se mostra disposto a cooperar. Ele conta sobre como Gavin sempre foi um homem honesto e sem grandes problemas, adepto de costumes saudáveis e uma vida regrada.

– Isso pareceu mudar um pouco depois do reencontro com a morena no Halloween. – Fred muda o tom de voz para um mais grave e preocupado. – Ele ficou doido por ela, tentando descobrir sobre sua vida, onde ela ia. Foi uma loucura.

– Ele contou algo do passado que teve com ela? – Rafaella indaga e Fred parece desconfortável.

– Ele mencionou uma festa uma vez, mas foi superficialmente. Ele e os amigos fizeram sexo grupal com a morena. Foi o que ele me contou.

– Se chama estupro na verdade, Fred. – perco a paciência com o tratamento que Gavin deu ao caso para amenizar sua consciência, e olha que eu mesmo gostaria de sexo grupal, não tenho nada contra.

– Não foi bem isso que ele me disse. – o pobre sujeito parece assustado. Eu resolvo respirar e lembrar que não estou mais no caso. Só estou acompanhando porque fui eu que tive contato com Fred.

– Tudo bem, apenas continue, por favor. – Lella anota algumas coisas no papel sobre a mesa.

– Gavin ficou irreconhecível por uns dias. Ele queria aquela mulher de qualquer jeito, mas foi apenas quando voltei de viagem que eu descobri quanto ele enlouqueceu por causa dela. Nós temos um barco na marina de Belmont, gostávamos de velejar nas horas vagas, eu não mexi em nada, apenas entrei e saí, mas está cheio de coisas dela, como um altar.

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