Capítulo XIII

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***Beatriz

Eu havia acabado de me materializar no grande salão do Conselho Dos Clãs, era um ambiente bastante retrô com pé direito bem alto, um lustre de bronze no centro do teto e decoração vitoriana.
Atrás de um grande balcão logo aos pés de uma grande escadaria em formato caracol ficava uma uma garota sentada em uma poltrona preta.

Me aproximei da mesma, que parecia ter um pouco mais de idade que eu. Seus olhos eram verdes, cabelos cacheados, pele morena e suas unhas um pouco compridas demais pintadas de uma cor chamativa, atraiam minha atenção.

- O que deseja? - Perguntou como que desinteressada.

- Gostaria de falar com a feiticeira-mor... - Pedi em tom pacífico.

A garota levantou-se da poltrona e debruçou no balcão me olhando de baixo a cima:

- E a senhorita tem horário marcado? Ela sabe que viria? - Perguntou com ar de superioridade olhando para as próprias unhas.

- Não. - Respondi. - Mas é assunto de extrema importância e de total interesse do Conselho. - Expliquei em seguida totalmente segura nas palavras.

- Não sei se ela poderá recebê-la, mas vou ver o que posso fazer... Aguarde um momento. - Terminando a frase ela estalou os dedos três vezes e desapareceu bem na minha frente.

- Que mala! - Falei comigo mesmo olhando em volta do grande salão.

Alguns minutos de espera se passaram, até que ouvi um som muito baixo, parecido como quando o fogo está queimando madeira na lareira, em  poucos instantes a garota se materializou na minha frente com um sorriso cínico.

- A feiticeira-mor vai recebê-la. Pode subir... Acho que já sabe onde fica a sala dela, né?

- Sim. Não é minha primeira vez aqui. - Respondi virando as costas.

Subi a grande escadaria em formato caracol e logo cheguei em um longo corredor, nele haviam várias portas. Fui caminhando até o final dele, onde havia uma enorme porta dupla vermelha. Bati duas vezes.
A mesma se abriu e eu logo avistei uma grande mesa com uma poltrona de encosto alto atrás, onde a feiticeira-mor estava sentada com uma postura invejável.

- Olá, minha querida jovem... A que devo sua inesperada visita? - Perguntou ela estendendo-me a mão em cumprimento.

- Olá, Professora Lourdes! - Disse retribuindo o delicado aperto de mãos.

- Fiquei surpresa em saber que estava aqui. Como sabe, não tenho muito tempo disponível, então, vamos direto ao assunto.

- Me perdoe altíssima... Imagino que esteja muito ocupada, afinal, tomar conta do colégio e ainda se dedicar ao Conselho deve tomar muito do seu valioso tempo.

- Realmente. - Concordou ela. - Mas sem mais delongas, vamos direto ao assunto. Sente-se. - Disse indicando a poltrona à sua frente.

Me acomodei cruzando as penas e em seguida cruzei meus braços sobre meu colo e comecei:

- Bem, Professora Lourdes... Se lembra quando a senhora me pediu que me aproximasse daqueles três garotos?

- Mas é claro... Os três baderneiros: o jovem Miguel nem tanto, agora, os outros dois... O senhor Rafael e o senhor Carlos, né? - Concluiu.

- Eles mesmo... - Dei uma pausa procurando as palavras certas. - Então... Por que a senhora me pediu tal coisa?

- Vocês têm uma missão a cumprir juntos. - Revelou sem dar voltas.

- Mas como assim?! - Perguntei surpresa.

- Não posso falar muito a respeito, pois não é seguro que saibam demais para não terem suas vidas em risco.

- Perdão, altíssima... Mas suponho que já seja tarde. - Revelei me levantando e apoiando minhas mãos sobre a mesa.

Professora Lourdes me olhou com o rosto surpreso:

- Como assim, minha jovem Beatriz?!

- Uma amiga nossa foi morta ontem à noite, uma amiga vampira. Ela foi atacada e teve sua cabeça arrancada por um licantropo! - Despejei tudo de uma vez.

- Minha nossa! Eu não fazia idéia.

- E um aluno humano do colégio viu, mas eu apaguei as lembranças de magia dele.

- E de que aluno se trata? - Perguntou como que curiosa.

- O que chegou na cidade a pouco tempo... O Thales! Ele estava no bosque com a gente no momento do ataque do licantropo e viu tudo. Foi ele quem avistou a criatura primeiro.

Professora Lourdes se levantando cruzando os braços, deu a volta na poltrona e caminhou até à janela ficando de costas pra mim. Em seguida revelou:

- Eu sabia que algo assim ia acontecer. Só não esperava que tão cedo.

- Professora, eu vim até aqui atrás de respostas. O lobo estava atrás do Thales, queria levá-lo... O que a senhora sabe sobre isso? O que ele queria com um garoto humano?

- É uma longa e complicada história, minha querida. - Explicava ela calmamente. - Não posso dizer muito, por hora... Tudo que você e seus amigos precisam saber é que: precisam proteger o menino Thales a todo custo. Não deixem que nenhum licantropo que não seja o garoto Carlos se aproxime dele.

- A senhora está me assustando! - Revelei sentindo calafrios. - Estou sentindo trevas nas suas palavras.

A mais velha se virou para mim dessa vez, antes de continuar:

- Tomem conta do garoto. Só posso dizer isso por hora. Há muito em risco. E não se esqueça: não podemos deixar que nosso mundo seja exposto aos humanos.

- Mas professora... Eu preciso saber mais alguma coisa... Está tudo muito vago.

- A única coisa a mais que posso te contar no momento é que a vinda do menino Thales para WorldHidden foi premeditada. Ele foi mandado pra cá exatamente por ser uma cidade com maior concentração de criaturas mágicas. Ele foi mandado pra cá por ordens do Diretor Geral do Conselho Dos Clãs. O diretor o mandou pra cá pois sabe que aqui o garoto tem mais chances de ser protegido.

- Nossa... - Fiquei estática. Não sabia mais o que dizer. Nem sequer estava conseguindo mais pensar.

- Por enquanto é isso... Siga tudo que foi dito aqui. - Concluiu professora Lourdes.

- Mesmo sem saber o que realmente está acontecendo farei o possível para proteger Thales. Além do mais somos amigos, eu já o tinha prometido proteção antes de saber disso.

- Muito bem então. Agora vá e diga a seus amigos que não deixem ninguém fazer mal ao garoto. O futuro do mundo mágico está em jogo. O nosso futuro depende do que acontecer com ele...

Dizendo essas palavras ainda mais pertubadoras, professora Lourdes estalou os dedos me fazendo desaparecer de sua frente.

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora