O Belo e O Fera [Livro 1]

Capítulo XXXV

***Thales

Tínhamos acabado de nos materializar bem no meio do meu quarto, Rafael e Carlos seguravam Miguel que mal conseguia se manter de pé. Sem me preocupar com toda a sujeira em que ele se encontrava, falei em voz alta:

- Coloquem-no na cama.

- Eu estou muito sujo. - Teimou Miguel quase sem voz.

Sem questionar minha ordem, os outros dois apenas se aproximaram da cama soltando Miguel que caiu como um objeto inanimado sobre o colchão.

- Você vai ficar bem. - Disse me sentando ao lado dele.

- Não chegue muito perto, Thales... Por favor... - Pediu com a voz extremamente abafada.

- Por quê? Por que não posso ficar perto de você? Eu quero ficar do seu lado! - Insisti.

- Por favor... Afaste-se, eu imploro!

- Eu não entendo... - Choraminguei.

- Eu estou faminto, baixinho! Faz um tempo que estou sem me alimentar.

- Sai de perto dele agora, Thales! - Gritou Susy me puxando pelo braço.

- Não é uma boa hora pra você ficar tão perto, quando estamos em condições extremas assim, não conseguimos nos controlar. - Explicou Rafael se aproximando de Beatriz. - Vamos, Bia. Vamos até minha casa buscar sangue pra ele.

Os dois deram as mãos e imediatamente desapareceram.

  Era Carlos quem agora me pegava pelo punho e me levava ainda para mais longe da cama dizendo:

- Entendeu agora? É melhor você ficar o mais longe o possível até que Rafael e Beatriz tragam alimento pra ele.

- Tomara que eles não demorem. - Sussurrei.

Susy se sentou na cama ao lado de Miguel que respirava com dificuldade. Ela segurava sua cabeça tentando mantê-lo sóbrio:

- Vai dar tudo certo meu amigo. Você é muito forte! Passou por poucas e boas, mas agora vai ficar tudo bem. Estamos aqui com você.

- Isso aí amigão! - Complementou Carlos em voz alta. - Eu sabia que tu era duro na queda!

- Cala a boca! - Riu Miguel entre suspiros.

- Eu nunca mais vou deixar nada de mal te acontecer, Miguel! Nem que custe minha vida protegê-lo. - Falei em tom suave.

- Não exagera, baixinho... Sabe que me deixa desconcertado quando fala essas coisas. - Ele sorria enquanto tentava se concentrar na própria respiração.

Susy que continuava a segurar a cabeça dele, me olhou com uma expressão facial suspeita. Parecia querer me dizer algo apenas com o olhar. Ela apenas mexeu os lábios, dando um sussurro inaudível:

- Fala pra ele!

Eu apenas sacudi freneticamente minha cabeça em recusa.

- Fala, Thales! - Cochichou Carlos me cutucando do lado.

- De jeito nenhum! - Me recusei. - Além do mais essa seria uma péssima hora!

- Tá perdendo tempo, carinha... - Insistiu.

- Não, Carlos... Não vou falar nada!

- O que vocês estão cochichando tanto, hein? - Perguntou Miguel curioso. - Está com medo de mim, baixinho?