Capítulo XLVI

2.6K 279 75
                                    

***Thales

Acordei sentido a pele gelada de Miguel em meu rosto que estava apoiado sobre seu peito nu. O cheiro dele me deixava inebriado.
Lentamente fui erguendo minha cabeça e pude perceber que ele já havia despertado.

- Bom dia, baixinho! - Sussurrou ele com um sorriso que iluminou minha manhã.

- Bom dia, Miguel. - Respondi dando um meio sorriso tímido. As lembranças da noite anterior começavam a vir em minha memória me deixando totalmente sem jeito.

- O que foi? - Perguntou ele assim que desviei meu olhar.

- Nada. - Falei calmamente enquanto acariciava seu peito onde mantinha meu rosto pousado.

- Você não gostou? Eu machuquei você? Você parece estar meio estranho.

- Não, Miguel... Por favor! Não é nada disso!

- Então o que é? - Ele quis saber.

- Só estou com um pouco de vergonha, só isso. Mas... Foi a melhor noite da minha vida! Eu nunca fui tão feliz assim. - Expliquei o dando um beijo carinhoso em sua pele pálida e gélida.

- Que bom que gostou. Porque pra mim não foi nada menos que mágico!

- Bobo... Não é pra tanto. Eu mal sabia o que fazer... - Ri ficando ainda mais desconcertado.

- Pra mim foi perfeito. - Completou ele me dando um forte abraço e depositando um beijo em minha cabeça. - Tá tudo maravilhoso mas temos que nos levantar, baixinho... Temos que ir para o colégio.

- Jura?! - Falei desanimado.

- O que foi? - Perguntou ele erguendo meu rosto para que nossos olhares se encontrassem.

- Eu não quero ir, Miguel. Eu não consigo mais fazer isso! - Desabafei.

- Mas você não pode faltar aula, está próximo de terminar o ensino médio.

- Mas eu tenho medo de sair. Enquanto essa situação toda não se resolver, eu me recuso a sair da barreira mágica que Beatriz criou... Olha só o que aconteceu ontem à noite. Vários vampiros foram mortos. Tenho medo de que tenhamos o mesmo fim!

Miguel se levantou e ficou sentado na cama apoiando suas costas na cabeceira, em seguida ela acomodou minha cabeça melhor em seu colo de modo que seu olhar permanecesse fixo ao meu.

- Thales... - Começou ele. - Eu te entendo. Mas fugir do mundo real agora só vai piorar as coisas. Não podemos deixar que esse mau prejudique o seu futuro.

- Mas aí é que está, Miguel... Toda a vez que eu ultrapasso aquela barreira eu sinto como se não fosse mais voltar, e se eu não voltar que futuro eu vou ter?

Miguel permaneceu em silêncio. Ele apenas me ergueu em seu colo, me dando um abraço terno em seguida... Aquele abraço que sempre me trazia segurança e coragem.

Batidas na porta chamaram a nossa atenção.

- Quem é? - Gritei.

- Sou eu, Bia! - Respondeu minha amiga.

- Pode entrar! - Gritei novamente enquanto me ajeitava sentando-me ao lado de Miguel.

Beatriz abriu a porta cuidadosamente e colocou primeiro a cabeça para dentro do cômodo. Em seguida ela entrou fechando a porta atrás de si e caminhou até a cama, se sentando na borda da mesma assim que se aproximou.

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora