Capítulo XXVI

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***Beatriz

Uma neve fina começou a cair naquela manhã incerta. Pelas grandes janelas duplas de vidro da sala eu observava o jardim da casa de Miguel. Já era possível ver a neve em sua leveza cobrindo todo o jardim como se fosse um grande tecido de seda branco.

- Bia! - A voz de Susy tirou-me de meus devaneios.

- O que foi?! - Perguntei me virando para ela assustada.

- O Thales... Eu o encontrei no quarto do Miguel aos prantos! Não consegue parar de chorar e não diz sequer uma palavra.

- Vamos! - Gritei segurando minha amiga pelo punho e a puxando escada a cima.

Quando entramos no quarto, vi que Thales estava espalhado sobre a cama. Rafael tentava acalmá-lo, porém não estava obtendo qualquer sucesso.
Carlos caminhava de um lado para o outro totalmente descompensado sem entender o que estava acontecendo.

Corri em direção à cama e me ajoelhei ao chão, fiquei o mais próximo que consegui da cabeça dele e perguntei:

- O que foi meu amigo???!!! - Porém não recebi qualquer resposta. O pobre garoto apenas chorava... um choro sentido... Entre um soluçar e outro eu conseguia perceber a dor em seus sentimentos.

- O que será que houve?! - Desesperou-se  ainda mais Carlos.

- Thales, meu anjo... Conta pra gente o que é que aconteceu. - Eu agora acariciava seus lisos e volumosos cabelos negros.

Sem dizer qualquer palavra, ele apenas me estendeu a mão direita onde segurava um celular.
Peguei o mesmo e dei o play no vídeo que se encontrava aberto.
Um choque me percorreu todo o corpo. Carlos e Rafael que estavam mais distantes se aproximaram para prestar mais atenção do que se tratava. O pânico estava visivelmente tomando conta do ambiente.

Assim que a gravação finalizou, nós apenas nos olhamos. Era muito difícil dizer quem de nós era o mais apático naquele momento.

- Que droga!!! - Gritou Carlos se afastando com as mãos na cabeça, dando um forte chute na parede em seguida.

- Calma, amor! - Susy correu até ele o abraçando por trás, tentando conter a ira de seu namorado.

- E agora, Beatriz? O que faremos? - Perguntou Rafael se rendendo ao chão e colocando a cabeça entre os joelhos.

Me levantei e deixei o celular sobre a cama onde Thales continuava a chorar incessantemente.

- Gente... Eu sei que as coisas saíram do controle de vez. Mas a primeira coisa que temos a fazer é nos acalmar. - Nem eu mesma acreditava no que eu estava dizendo.

- Como nos acalmar?! - Carlos não controlava seu tom de voz. - Aquele desgraçado levou nosso amigo!!!

- E agora, amiga? O que vamos fazer? - Susy continuava abraçada a Carlos para que ele não perdesse o controle. A última coisa que precisávamos naquele momento era de um licantropo descontrolado.

- Vamos ter que pensar em alguma coisa! - Sugeri.

Rafael levantando de onde estava disparou:

- Chega, Bia! Tá mais do que na cara que a gente não consegue fazer isso sozinhos! Ou o Conselho nos ajuda ou vamos todos ser destruídos.

Susy balançava em negativa com a cabeça e disse:

- Perdão, amiga... Mas dessa vez eu tenho que concordar com o Rafa. A gente não consegue fazer isso sozinhos. Precisamos de ajuda!

- Eu sei... A gente não vai conseguir... - Agora eu havia começado a me desestabilizar. - Eu... Eu também estou com tanto medo...

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora