Capítulo XLIX

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***Thales

Minha mãe estava lá, parada. Totalmente em estado de choque. Eu já devia esperar que a reação dela não tinha como ser diferente.
Ver nossa casa cercada por licantropos e nosso jardim lotado de figuras estranhas vestindo capas não devia ser uma boa visão para um ser humano comum.

- Carlos, me solta. - Pedi aos prantos enquanto ele insistia em me manter preso em seus braços fortes.

- Eu não posso fazer isso. Não posso deixar que faça nenhuma besteira. - Ele teimava.

- Por favor... É minha mãe que está lá perto daqueles monstros! - Supliquei.

- Vamos nos aproximar juntos! - Disse professora Lourdes se aproximando por trás.

Eu a encarei surpreso assim que ela parou ao nosso lado.

- Mas... - Começou Carlos.

- Vamos, meu jovem. - Interrompeu ela. - É da mãe do pobre Thales que estamos falando, temos que trazê-la para dentro da barreira.

Miguel, Susy, Beatriz e Rafael que estavam mais atrás de nós, se aproximaram rapidamente. Então, começamos a caminhar todos juntos, em direção ao limite da barreira onde minha mãe continuava estática e o feiticeiro misterioso a encarava sem desviar o olhar ou dizer qualquer palavra.

Assim que nos aproximamos, o mago levantou a mão esquerda e os licantropos pararam de tentar romper a barreira e se sentaram. Os raios que até então se faziam frenéticos também cessaram. Agora só restava um redemoinho girando lento nas nuvens cinzentas do céu, uma brisa leve soprava e imitava um som de chiado.

Carlos continuava a me segurar, porém agora, eu sentia que ele não exercia tanta força sobre meu corpo franzino. Professora Lourdes encarava o rapaz que era estranho demais para mim, e todos os meus amigos pareciam estar aguardando respostas.

- O quê...? - Minha mãe tentava pronunciar uma frase completa, porém não tinha sucesso, seu espanto era grande demais. Ela estava visivelmente pálida.

- Olá, minha querida... - Pela primeira vez eu pude ouvir a voz do rapaz. Meu susto era ainda maior por ele se dirigir à minha mãe daquela maneira.

Miguel se aproximando de mim, pegou firmemente minha mão e me puxou dos braços de Carlos. Eu como estava distraído, me surpreendi com o movimento repentino. Miguel me abraçou e disse:

- Eu já ouvi essa voz antes...

- Como?! - Eu estava totalmente atordoado.

- Onde você já ouviu essa voz? - Quis saber Carlos.

- Na cabana... - Começou a explicar Miguel. - Quando eu estava preso naquela cabana... Eu posso estar muito enganado, mas tenho quase certeza de que ouvi essa voz conversando com aquele outro cara... O Kaio.

- Mas... - Eu fiquei ainda mais confuso agora voltando a prestar atenção no feiticeiro misterioso e minha mãe.

Foi aí que percebi que lentamente ela começou a caminhar na direção dele... Ela mal piscava.

- Não chega perto dele, mãe! - Gritei desesperado.

Mas ela sequer me deu ouvidos. Se aproximou do rapaz ficando em pé na frente dele, à poucos centímetros para ser mais exato. Aparentemente ninguém ali conseguia entender aquela situação.

- Gente, o que ela tá fazendo?! - Susy estava totalmente apática.

- A situação é mais complicada do que vocês imaginam. - Disse professora Lourdes.

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora