Capítulo XVI

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***Miguel

Thales nos arrastava para fora da biblioteca, Beatriz me olhava com o rosto de pavor, com certeza ela estava tão apavorada quanto eu. Como eu me comportaria à mesa?
O que Thales e sua mãe pensariam se eu nem sequer tocasse a comida durante o jantar? Carnes mal passadas nós vampiros até comíamos, porém, comida normal era intragável.

  Beatriz no auge do desespero tentava se comunicar comigo através de diferentes expressões faciais, confesso que achei até engraçado algumas caretas que ela fazia automaticamente.

- Mãe, os meninos vão jantar com a gente! - Comunicou Thales quando adentramos a cozinha.

- Que ótimo! Fico feliz que tenha mudado de idéia, Miguel. - Disse Suzana sorrindo.

- Thales não me deu escolha. - Abaixei a cabeça.

Suzana olhou para Thales e pendeu a cabeça para um lado:

- Filho, não é legal obrigar as pessoas a fazerem algo contra a vontade.

- Mas o Miguel quer ficar, não é mesmo Miguel?! - Disse o garoto me encarando com os olhos brilhantes com um sorriso de empolgação nos lábios.

- É... - Concordei no automático. Como dizer não para aquele ser de sorriso angelical?

- Eu estou quase terminando de preparar. - Confirmou Suzana.

- A gente volta daqui a pouquinho então, mamãe. - Disse Thales se virando para sair da cozinha. - Vamos gente, vamos sentar lá na varanda um pouco enquanto a comida não fica pronta?

- Vamos! - Concordou Beatriz.

***

Chegamos à varanda e nos sentamos no sofá estampado que havia no lado mais escuro da mesma. A noite continuava fria, o céu estava parcialmente nublado agora, era possível ver a lua entre uma nuvem e outra.
Beatriz estava sentada ao meio e eu e Thales cada um em uma extremidade do sofá.

- Quem diria que você se tornaria amigo desse idiota sem cérebro, amigo... - Brincou Beatriz, porém eu sabia que ela estava tensa com a hora do jantar se aproximando.

- Ai amiga, não fala assim dele. O Miguel é muito legal. Eu sempre soube que ele era diferente dos amigos dele. - Thales cutucava o braço da amiga e sorria.

- Não sei o que te faz achar que ele é legal... Tadinho, tão sem cérebro...

- Ei vocês dois!... - Protestei. - Eu ainda estou aqui. Dá pra pelo menos esperar eu não estar perto pra falar pelas minhas costas?

- Lógico que não! - Respondeu Beatriz. - Nós não somos falsos, o que tiver de falar, falamos na cara.

- Ata, obrigado!

Rimos os três juntos.
Alguns minutos de conversa depois notei que Beatriz se mostrou tensa. Ela ficou totalmente ereta no encosto do sofá e automaticamente apertou meu braço com força.

- O que foi? - Cochichei.

- Uma sensação estranha... - Disse lamentosa. - Isso não é bom...

- O que não é bom? - Thales se intrometeu na conversa.

- Nada. - Respondeu ela balançando a cabeça para o amigo. Em seguida estalou os dedos das duas mãos duas vezes. Thales ficou totalmente estático.

- O que você fez?! - Perguntei assustado.

- Ele está em transe. É como se o tempo tivesse parado pra ele. - Respondeu.

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora