Capítulo XLVII

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***Thales

Depois de tomar meu banho matinal e vestir uma roupa quente, desci as escadas e fui até a cozinha. Miguel ficou no quarto pois ainda teria de fazer sua higiene também.

Quando passei pela porta entrando na cozinha, encontrei Gabriel e o garoto que eu até então não conhecia muito bem, sentados nas banquetas do balcão. Os dois estavam tomando um líquido vermelho em copos de vidro transparente, eu logo deduzi que fosse sangue. Bia estava de pé próximo ao fogão fazendo o que me pareciam ser ovos mexidos com bacon.

- Bom dia! - Cumprimentei os dois garotos que me encararam logo que me aproximei da pia para me preparar um capuccino.

- Bom dia. - Responderam juntos em um tom um pouco baixo demais.

Eu estava mexendo o pó de capuccino com leite dentro de minha caneca favorita. Assim que eles me responderam eu me virei lentamente com a caneca em mãos sem parar de agitar o líquido com a colher. Apoiei meu quadril na pia e perguntei os olhando:

- Estão muito fracos? Que bom dia mais sem forças...

- Foi mal... - Começou Gabriel. - É que estamos meio sem jeito.

- Sem jeito? Por quê? - Assim que fiz essa pergunta pude perceber Beatriz me fitando com seu olhar desconfiado.

- É que tipo... - Gabriel agora tentava continuar a explicar depois de largar o copo sobre o balcão. - Nós invadimos sua casa ontem e eu me sinto muito responsável pela galera. Não queria superlotar seu canto. Você já está com tantos problemas e eu sinto que só estamos trazendo mais.

Eu dei um sorriso discreto de canto de boca e larguei a colher que eu estava usando sobre a pia. Me apaixonei do balcão e puxei uma banqueta em seguida me sentando de frente para os dois hóspedes. Dei uma bebericada no meu capuccino e em seguida falei:

- Olha... Eu sei que não é grande coisa aqui, afinal, a casa onde vocês moravam era duas vezes o tamanho da minha... Mas o que eu disse sobre vocês ficarem a vontade foi de coração. É o mínimo que eu posso fazer, recebê-los em minha casa. Sei que você e seus amigos ajudaram muito nas buscas por Miguel, Gabriel.

- É mas, não encontramos qualquer pista. - Justificou ele me parecendo sem graça.

- O que importa é a intenção. Vocês arriscaram suas vidas para ajudar. E olha só no que deu vocês terem se arriscado, agora também estão na mira desse feiticeiro maluco que ninguém sabe quem é! - Tentei ser o mais claro possível para que ele entendesse que não havia necessidade deles ficarem tão desconcertados na minha casa.

- Valeu! - Agradeceu ele coçando a nuca. - E mais uma vez, foi mal por eu ter sido um babaca contigo quando nos vimos pela primeira vez.

- Para, cara! Eu nem me lembro mais disso... Passado é passado! - Sorri erguendo a caneca até a boca a virando em seguida.

- Mas vocês dormiram bem? - Bia entrou na conversa logo que se aproximou colocando um prato de omelete a minha frente sobre o balcão. Estava um cheiro maravilhoso. - Coma tudo! - Ordenou-me em seguida.

- Tá bom mamãe. - Eu ri daquela atitude dela.

- Palhaço! - Ela sorriu enquanto puxava uma das banquetas se sentando ao meu lado.

- Dormimos bem sim, na medida do possível. - Respondeu Fred.

- Pelo menos estavam confortáveis? - Eu quis saber. - Sei como a noite passada foi extremamente tensa pra vocês.

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora