Capítulo LI

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***Miguel

Era final de tarde daquele dia perturbador. Estávamos todos reunidos no grande salão do Conselho Dos Clãs, professora Lourdes havia convocado uma reunião com todos os envolvidos. Os últimos detalhes para partirmos ao resgate do meu baixinho estavam sendo acertados. A feiticeira-mor não queria nenhum equívoco durante a missão para que a vida de Thales não fosse colocada em risco. Minha paciência estava por um fio. Eu já não aguentava ficar ali escutando tudo aquilo enquanto a vida do garoto que eu amava estava correndo perigo. Eu queria agir logo.

Rafael havia explicado para Gabriel e os outros toda a situação ocorrida na manhã daquele dia trágico. O líder do Clã Dos Vampiros juntamente com os seus amigos então, decidiram sair em busca de alguma pista, qualquer coisa que pudesse nos dar uma vaga idéia de para onde o mago Pavel havia levado o baixinho.

Depois de muita conversa e muitas idéias trocadas, professora Lourdes pediu para que nos preparássemos para nossa partida que seria em breve, só aguardaríamos o contato de Gabriel. Eu tinha muita esperança de que o mesmo desse um retorno com boas notícias, pois nosso tempo estava cada vez mais curto.

Decidi ir até o banheiro, fiz o que tinha que fazer e em seguida fui até a pia para lavar as mãos. Eu encarei meu reflexo no grande espelho de moldura dourada e fiquei ali parado por alguns minutos. Um filme me passava pela mente.
Lembrei-me da primeira vez em que vi Thales, como Rafael havia sido tão maldoso com ele. O comportamento de meu amigo em relação ao baixinho me causou tanto desconforto. Porém, eu jamais imaginaria que no futuro acabaria me envolvendo da maneira em que eu e Thales estávamos envolvidos. Eu sequer podia cogitar a hipótese de me apaixonar tão perdidamente de tal forma.

Um sorriso bobo e ao mesmo tempo tímido surgiu nos meus lábios. Senti uma tristeza enorme naquele momento. Eu tinha medo de não ver aquele rostinho frágil e pálido novamente. Agora eu tinha certeza: minha existência não fazia sentido sem Thales ao meu lado. Aquilo era amor verdadeiro, intenso...

- Eu vou te encontrar, baixinho... Nem que seja a última coisa que eu faça na minha miserável existência... - Eu sussurrei para mim mesmo encarando o reflexo dos meus olhos que brilhavam no espelho. Eram lágrimas querendo fugir.

Sequei minhas mãos com algumas toalhas descartáveis, e caminhei até a porta do banheiro abrindo-a em seguida para me retirar. Quando saí do cômodo, Carlos estava apoiado no batente da porta de braços cruzados. Ele me olhou e perguntou:

- E aí, amigo... Como você está?

- Eu tô de boa. - Menti. Meu peito parecia uma caldeira. A preocupação e o medo do que poderia estar acontecendo com Thales me tirava a concentração de qualquer coisa. Eu já não conseguia sequer pensar direito.

- Qual é... - Começou ele se aproximando e colocando sua mão direita sobre meu ombro. - Nós somos amigos a tanto tempo... Você já me ajudou tantas vezes, Miguel. Eu sei que é seu jeito ser assim fechado, mas eu sei que tu não tá bem. Eu só queria que ao menos uma vez você se abrisse mais com seus amigos.

- É sério, cara... Eu tô bem. - Persisti abaixando a cabeça.

- Eu quero te lembrar que é um irmão pra mim... E pode contar comigo pra qualquer coisa. Ficar guardado as coisas não faz bem a ninguém, queria que conseguisse se abrir com seus amigos pelo menos uma parcela de como você consegue se abrir com o carinha.

- É sério, Carlos... Prefiro assim. Agradeço que esteja preocupado e você sabe que também te considero um irmão. Mas certas coisas eu só consigo ser com o Thales... Não porque eu quero, mas porque só ele tem o poder de me fazer ser diferente, me sentir uma pessoa melhor...

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora