Capítulo XLI

2.8K 309 36
                                    

***Thales

Eu e Beatriz, como de costume, preparamos nossa refeição. O restante do pessoal estava pela casa. Susy havia ido se deitar um pouco, Carlos e Rafael estavam jogando videogame no meu quarto, Miguel assistia TV na sala.

Enquanto ajeitávamos os pratos e talheres no balcão da cozinha, resolvi me abrir com minha amiga sobre o que estava me preocupando naquele momento:

- Ai, amiga! Eu estou tão preocupado com a volta da minha mãe. - Desabafei.

- Ela nem disse ao certo que dia volta, né? - Perguntou Bia.

- Não. Ela só disse que terminaria o trabalho mais cedo. - Respondi.

- Nós temos que pensar numa maneira de não envolver sua mãe em tudo que está acontecendo.

- E eu não sei? O pior de tudo é que ela é muito perceptiva com as coisas. Parece uma detetive, ela tem facilidade pra descobrir certos assuntos quando lhe convém.

- Thales, eu realmente quero sua segurança e de sua mãe. Creio que se formos discretos ela não perceberá nada. - Beatriz tentava ser o mais positiva possível.

- Eu só tenho medo de ela acabar envolvida nisso tudo de algum modo. E... - Parei pra pensar.

- E o quê?

- Você sabe que assim que ela voltar, não tem como todos vocês ficarem aqui em casa, né? Que desculpa inventaríamos?

- Droga! Eu não tinha pensado nisso! E agora? - Bia parecia decepcionada. - A gente não pode se separar em hipótese alguma, Thales! Precisamos ficar juntos. A essa altura do campeonato é muito perigoso nos separarmos.

- Eu sei, amiga... Mas não me vem idéia alguma em mente.

- Vou tentar pensar em alguma coisa. E pedir aos outros pra colocarem as cabecinhas pra pensar também.

- Seja o que for, tem que ser feito rápido. Com ou sem idéia de nossa parte, logo mamãe estará de volta. - Concluí.

***

Já era noite, estávamos todos reunidos na sala conversando e tentando pensar em algum plano para que ficássemos juntos após a volta de minha mãe, porém, ninguém conseguia pensar em uma boa desculpa.

- Eu preciso de idéias, pessoal! - Bia estava quase surtando.

- Calma, amiga! Vai acabar dando um piripaque! - Susy tentava tranquilizá-la.

- Verdade, Beatriz... Se você não consegue ter uma idéia, quem somos nós? A cabeça pensante da turma aqui é você. - Rafael confessou.

- Olha, a gente vai pensar em alguma coisa... Sempre damos um jeito. O negócio agora é mantermos a calma. De cabeça fria a gente consegue pensar melhor. - Susy falou calmamente.

O celular de Rafael começou a tocar de repente, ele se levantando enfiando a mão no bolso e saiu em direção à cozinha.

- A única solução que vejo é voltar a fazer o que vocês faziam antes de minha mãe viajar, turnos. - Falei. - Um por vez ficar comigo.

- Se não conseguirmos pensar em nada melhor até ela voltar, será o único jeito. - Disse Susy.

- Tenho certeza que encontraremos uma solução que nos mantenha unidos, não podemos nos separar, pessoal. - Se opôs Bia.

- Ah então a senhorita trate de pensar logo, pois não vejo nenhuma solução mais viável. - Susy encarou a amiga. - E acho muito pouco provável a mãe de Thales deixar esse bando de marmanjos acampados na casa dela. Ela vai perguntar se a gente não tem uma vida ou família!

- Eu de fato não tenho... - Miguel levantou a mão dando um sorriso triste. Aquilo me cortou o coração.

- Tem sim! - O Interrompi. - Agora você tem a mim. A não ser que você não queira fazer parte da minha família, de fato... Pois eu tenho certeza que minha mãe te trataria como um filho, ela te adora!

- Desculpe, baixinho... Não quis que me interpretasse mal. - Ele abaixou a cabeça totalmente desanimado.

- Eu só quero que saiba que, embora você não tenha mais nenhum parente vivo, agora você tem pessoas ao seu redor que te amam de verdade: eu, nossos amigos, minha mãe... Nós somos sim sua família. - Expliquei pegando a mão dele o abrindo um sorriso terno.

Miguel lentamente levantou a cabeça me olhando com aqueles olhos brilhantes que me hipnotizavam, deu um sorriso de canto de boca e sussurrou:

- Obrigado.

- Só quero que saiba o quanto te amo. - Sussurrei de volta.

- Vamos parar com essa melação na minha frente!!! - Interrompeu Carlos. - Vocês são tão doces um com o outro que estão me dando náuseas.

- Você é um estraga prazeres mesmo, né? Palhaço! - Susy deu um tapa estalado na nuca do namorado. - Eu aqui esperando um beijão pra completar essa cena maravilhosa de casal de conto de fadas e você atrapalha meu shipp, boca de bueiro!

- Nossa! Pegou pesado no boca de bueiro... - Reclamou Carlos.

- É bom que você aprende a não atrapalhar os outros da próxima vez, seu inútil! - Ela agora cruzava os braços desapontada, parecia uma menininha de cinco anos fazendo pirraça.

- Calma, amiga... Vai acabar passando mal por uma bobagem à toa. - Falei rindo. Não consegui me controlar diante da expressão facial dela.

Os outros três vendo minha reação começaram a rir em seguida. Susy ficou ainda mais chateada.
Depois de alguns minutos conseguimos nos recompor, enfim. Beatriz olhou para Miguel e disse:

- Então, Miguel... Acho que não tenho muito mais a acrescentar, Thales disse tudo: nós somos sua família agora, você pode contar conosco pra tudo.

- Isso aí, irmãozão. - Complementou Carlos. - Você sempre soube o quanto tu significa pra mim. E eu sei como você, mesmo com esse jeitão introvertido, tem o poder de encantar as pessoas. Agora você tá tendo a prova disso, pois foi exatamente por você ser assim que você conquistou essa nova amiga aí, um namorado e uma sogra! - Carlos finalizou segurando um riso.

- Palhação! - Disse Miguel armando um soco para acertar o amigo.

- Palhaço mesmo! Pelo que eu sei eles não são namorados, ninguém fez o pedido ainda. Estão se conhecendo melhor, apenas. - Provocou Beatriz nos olhando de lado dando um sorriso desafiador.

- Garota, para com isso!!! - Joguei uma almofada que a acertou na cabeça. - Sem pressão, por favor! Eu dou defeito. - Eu estava totalmente tímido.

- Aí, isso doeu! - Reclamou.

- Sei... - A olhei de canto de olho.

Eu ia provocar Bia ainda mais quando Rafael veio da cozinha e parou ao lado do sofá nos encarando com um semblante totalmente apavorado, mas acho que a princípio somente eu percebi.
Notando o estado em que ele se encontrava e com muito medo da resposta, perguntei:

- O que aconteceu, Rafael?! Por que essa cara?

Todos agora haviam ficado em silêncio  e fixado o olhar no loiro ali de pé, ele totalmente atordoado e com os olhos esbugalhados soltou:

- Galera, estamos com um problemão! Vocês não vão gostar nada do que eu tenho a dizer...

Um calafrio me subiu pela espinha e meu coração começou a bater mais acelerado. Um pressentimento muito ruim me invadiu enquanto minha respiração ficou mais pesada. Eu sentia que alguma coisa terrível havia acontecido.

O Belo e O Fera [Livro 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora